O recente aumento da cotação do dólar tem gerado preocupação entre turistas e agências de viagens no Brasil. Com a moeda americana atingindo valores superiores a R$ 5,60 em julho de 2024, comparado aos R$ 4,75 no mesmo período em 2023, a diferença no planejamento de viagens internacionais se tornou significativa. A cotação do dólar turismo alcançou até R$ 5,85, complicando ainda mais a situação.
De acordo com o anuário da Braztoa (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo), o faturamento total das operadoras em 2023 foi de R$ 19,24 bilhões, com 40% desse valor (R$ 7,69 bilhões) vindo do turismo internacional. Os embarques internacionais representaram 26% do total, com o destino mais popular sendo Orlando, nos Estados Unidos. Com o dólar em alta, o ticket médio internacional, que era de U$ 2.564,00, fica ainda mais caro para os brasileiros, considerando que a duração média das viagens é de mais de 10 dias, segundo o anuário.
Diversos fatores contribuem para a recente alta do dólar. A instabilidade econômica global, combinada com tensões políticas e comerciais, tem levado investidores a buscar refúgio na moeda americana, considerada mais segura. O processo eleitoral dos EUA também é um fator de desconfiança, aumentando ainda mais a volatilidade da moeda. Além disso, as políticas monetárias do Federal Reserve (o banco central dos EUA) influenciam a valorização do dólar. Com uma política de aumento de juros para conter a inflação, a demanda por dólares tende a crescer, elevando sua cotação.
Impacto no faturamento e embarques
A alta do dólar afeta diretamente as vendas das agências de viagens e o planejamento dos turistas. Em um cenário onde o embarque total de passageiros foi de 11,80 milhões, com 74% sendo domésticos e 26% internacionais, a tendência é que o número de viagens internacionais diminua, refletindo uma possível queda no faturamento das agências que dependem desse segmento.
Consequências para a indústria da aviação
A disparada do dólar, que atingiu o seu maior patamar em dois anos e meio, pode afetar também o turismo doméstico através dos gastos da própria indústria da aviação. Atualmente, cerca de 60% dos custos das companhias aéreas — envolvendo gastos com combustível, aluguel e manutenção — estão atrelados à moeda, ou seja, essa elevação poderá pressionar os preços internos e dificultar as viagens dentro do país.
Estratégias para economizar na compra de dólares
Com a volatilidade do mercado cambial, economizar na compra de dólares tornou-se uma prioridade para muitos turistas. Aqui estão algumas estratégias para mitigar os impactos da alta do dólar:
- Compra Antecipada e Parcelada: Adquirir dólares em pequenas quantidades ao longo do tempo pode evitar a compra em momentos de pico.
- Cartões Pré-pagos: Utilizar cartões pré-pagos internacionais permite o travamento da cotação no momento da carga, evitando surpresas com variações cambiais.
- Comparação de Taxas: Pesquisar diferentes casas de câmbio e plataformas online para encontrar as melhores taxas.
- Utilização de Moedas Locais: Em alguns destinos, é possível utilizar a moeda local em vez de dólares, dependendo da aceitação e das taxas de conversão.
- Programas de Milhagem: Aproveitar programas de milhagem e benefícios de cartões de crédito que oferecem acúmulo de pontos para a compra de passagens e serviços internacionais.
Divulgação e promoção de destinos nacionais
Com a alta do dólar, o turismo doméstico tende a ganhar força. A promoção de destinos nacionais como alternativa pode ser uma saída viável para as agências de viagens. No ano passado, o faturamento nacional representou 60% do total das operadoras, ou seja, R$ 11,55 bilhões, com embarques nacionais somando 74%.
Planejar com antecedência pode ser a chave para contornar a alta do dólar. Viagens em setembro ou outubro podem oferecer melhores condições financeiras e maior disponibilidade de opções. Além disso, começar a planejar férias para o final do ano ou para 2025 pode garantir tarifas mais acessíveis e menos afetadas pela volatilidade cambial. Em tempos de incerteza, o planejamento financeiro e a flexibilidade são essenciais para continuar explorando o mundo. Com uma abordagem estratégica, é possível aproveitar ao máximo suas viagens, mesmo com o dólar alto.