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Destinos / Opinião / Parques e Atrações

OPINIÃO – Concessões como forma de renovar os destinos turísticos

Retratos Gustavo Pires 10.08.22 Foto Daniel Deak 0028 OPINIÃO - Concessões como forma de renovar os destinos turísticos

Gustavo Pires é presidente da São Paulo Turismo, empresa de eventos e turismo da capital paulista (Daniel Deák/SPTuris)

Paulistanos ou moradores de São Paulo que tenham pelo menos entre 20 e 25 anos certamente se lembrarão, com saudade, do Playcenter. O parque emblemático e icônico faria 50 anos em 27 de julho. Fechou as portas definitivamente em 2012, depois de 39 anos alegrando multidões.

O que muita gente não sabe é que o terreno na Marginal Tietê não foi o primeiro endereço. A versão inicial funcionou na Av. Brigadeiro Luiz Antônio, perto do Ginásio do Ibirapuera. Ali, Marcelo Gutglas, boliviano de origem polonesa, instalou uma montanha russa e alguns brinquedos, ao lado de um tobogã montado pelo empresário Ricardo Amaral, chamado Playcenter. O sucesso foi tão grande que Gutglas assumiu a operação, incluindo o nome. Antes, já havia introduzido no Brasil as máquinas de fliperama.

Enquanto funcionou, além de receber quase 60 milhões de visitantes, o Playcenter encarnou o princípio do que depois passou a ser chamado de parque temático: novidades constantes e rigor na segurança. Só 20 anos depois haveria uma onda organizada de abertura de parques, incluindo os aquáticos. Esse lapso de tempo muito teve a ver com a lei que coibia a importação de equipamentos.

Hoje, em todo o País, há pelo menos duas dezenas de novos empreendimentos em avançado planejamento ou obras – e quase uma centena, de todos os tamanhos, operando. A lei agora isenta as importações.

Nos últimos anos foi possível observar um novo fenômeno: a instalação de atrações, não necessariamente de grandes parques. Demandam menor tempo de aprovação, espaço e investimentos.

Em São Paulo, dois caminhos têm ficado mais bem delimitados: as experiências imersivas ou temáticas, a começar pelo MIS Experience, aberto no final de 2019 com uma exposição sobre Leonardo da Vinci e sucedido por diversas outras; e iniciativas ao ar livre, como a roda gigante da Marginal Pinheiros. Há grande expectativa para as mudanças no complexo que reúne o Zoológico, o Safari e o Jardim Botânico.

Esses exemplos refletem o que tem acontecido em várias cidades do País. No interior paulista, depois de concedido, o Parque Capivari de Campos do Jordão ganhou investimentos e novidades. Destinos tradicionais, Foz do Iguaçu, Rio de Janeiro e Balneário Camboriú também têm rodas-gigantes.

Nenhum caso de renovação, contudo, é mais emblemático que as vizinhas Gramado e Canela (RS). Mais de cem atrações que vão de instalações para crianças a plataformas de vidro que se projetam sobre a Serra Gaúcha. O entrosamento entre o poder público e os empresários é o principal ingrediente para esse sucesso. Resultado: as duas cidades não chegam a 90 mil habitantes e recebem 9 milhões de visitantes anualmente – proporção de 1 para 100. Outro exemplo é a cidade de Rio Quente, em Goiás, desmembrada de Caldas Novas em muito devido ao sucesso dos parques termais.

Destinos que já ocupam um espaço no desejo dos viajantes conseguem se renovar com o incentivo a esses equipamentos. Da mesma forma, garantem uma maior permanência dos turistas – e o correspondente consumo – aquecendo as economias locais.
É importante ponderar que alguns locais que abrigam as atrações, parques naturais principalmente, passaram para a administração privada recentemente, em processos de concessão. Isso torna as implantações mais céleres e abre o caminho para as oportunidades.

Se antes havia excesso de desconfiança com relação às concessões de áreas verdes, hoje os bons resultados indicam um contínuo processo de evolução e, com o perdão do trocadinho, um caminho natural.

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