
A Embraer divulgou nessa quarta-feira (12) suas novas previsões para o mercado de aviação comercial até 2044. Segundo a fabricante brasileira, há espaço para 10.500 novos aviões de até 150 assentos nos próximos 20 anos. O número engloba tanto jatos quanto turboélices e representa um mercado estimado em US$ 680 bilhões.
O estudo faz parte do Market Outlook 2025, relatório anual que antecipa tendências da aviação regional. O documento chega às vésperas do Paris Air Show, uma das maiores feiras do setor, e aponta que os aviões menores seguirão com papel estratégico nas próximas décadas, especialmente para ampliar a conectividade regional e atender novas rotas fora dos grandes hubs.
China puxa crescimento, América do Norte lidera entregas
Entre os dados que mais chamam atenção, está a projeção de crescimento no tráfego global de passageiros, medido pela métrica RPK (Revenue per Passenger Kilometer). A expectativa é de um avanço de 3,9% ao ano até 2044, puxado principalmente pela China, com crescimento previsto de 5,7% ao ano — o maior entre as sete regiões analisadas. Pela primeira vez, o país asiático aparece separado das demais regiões no relatório da Embraer.
Em número de aeronaves entregues, no entanto, quem lidera é a América do Norte, com previsão de 2.680 jatos regionais — 30,7% do total. Europa e China vêm na sequência, com 1.990 e 1.500 unidades, respectivamente.
Já os turboélices — ainda relevantes para ligações curtas ou destinos com infraestrutura mais limitada — terão maior concentração na Ásia-Pacífico, com 640 entregas previstas. Na América Latina, a expectativa é de 770 jatos e 160 turboélices até 2044.
Pandemia deixou marcas duradouras
Apesar das turbulências recentes no setor aéreo, a Embraer manteve estável sua previsão de demanda, algo que, segundo a empresa, mostra resiliência nas tendências identificadas desde o início da pandemia.
“Muitas das mudanças estruturais desencadeadas pela pandemia provaram ser bastante duradouras cinco anos após o seu início. Em nosso primeiro Market Outlook pós-pandemia, destacamos a transição da globalização para uma perspectiva geopolítica mais polarizada. Hoje, à medida que países e regiões buscam maior autonomia estratégica, a demanda por acesso regional continuará a crescer. Acreditamos que frotas mistas que combinem aeronaves narrowbody de menor e maior porte são essenciais para esse crescimento de longo prazo. Frotas mistas fornecem a versatilidade necessária para que a capacidade se adeque melhor à demanda, para a expansão de malhas aéreas e para o apoio dos objetivos de desenvolvimento nacional e regional,” afirma Arjan Meijer, presidente e CEO da Embraer Aviação Comercial.
O relatório também projeta crescimento no segmento de carga, com aumento das conversões de aviões de passageiros para cargueiros.
Para onde vão os 10.500 aviões
Veja como estão divididas as entregas globais previstas de aviões de até 150 assentos até 2044:
Jatos (8.720 unidades):
América do Norte – 2.680 (30,7%)
Europa/CIS – 1.990 (22,8%)
China – 1.500 (17,2%)
Ásia-Pacífico – 1.050 (12,1%)
América Latina – 770 (8,8%)
África – 380 (4,4%)
Oriente Médio – 350 (4,0%)
Turboélices (1.780 unidades):
Ásia-Pacífico – 640 (36,0%)
América do Norte – 280 (15,7%)
Europa/CIS – 260 (14,6%)
África – 220 (12,4%)
China – 200 (11,2%)
América Latina – 160 (9,0%)
Oriente Médio – 20 (1,1%)