
Dados foram apresentados durante a palestra “Potencial do turismo de natureza” com Daniela Filomeno, jornalista, publicitária, apresentadora da CNN Brasil e especialista em turismo e comunicação (Matheus Bueno/M&E)
BONITO – A palestra “Potencial do Turismo de Natureza”, realizada pela jornalista e especialista em turismo Daniela Filomeno, no Inspira Ecoturismo, apresentou um panorama promissor para o setor. Durante a apresentação, foram revelados dados do Global Ecotourism Report, que apontam que o mercado de sustentabilidade no turismo deve atingir US$ 374 bilhões até 2028, com um crescimento anual de 5% no ecoturismo.
Esse movimento reflete uma mudança no comportamento dos turistas, que buscam não apenas experiências autênticas, mas também viagens mais sustentáveis e conscientes.
Segundo o Sustainable Travel Report 2023, da Booking.com, 80% dos viajantes afirmam que é importante viajar de forma mais sustentável, enquanto 75% buscam experiências que representem a cultura local de maneira genuína. Além disso, 43% dos entrevistados disseram ter viajado na baixa temporada para evitar a superlotação, e 66% querem deixar os lugares que visitaram melhores do que encontraram. Esses números reforçam o potencial transformador do ecoturismo e indicam que o turismo sustentável está ganhando cada vez mais relevância no mundo todo.
Daniela destacou que o ecoturismo não é apenas uma tendência, mas uma necessidade, especialmente em um país como o Brasil, que possui uma biodiversidade incomparável. “O turismo é uma troca. Os moradores locais abrem suas portas e, em contrapartida, os turistas devem proporcionar benefícios que vão além do financeiro. O impacto do turismo precisa ser positivo para a comunidade”, afirmou. A conexão entre viajantes e comunidades locais é essencial para fortalecer essa troca, promovendo a responsible travel, ou seja, uma viagem responsável que respeite as culturas e gere benefícios diretos para os destinos visitados.
No entanto, Daniela também abordou os desafios que o Brasil enfrenta para aproveitar todo o potencial do turismo de natureza. Um dos maiores obstáculos está na infraestrutura local deficitária, que muitas vezes carece de suporte e investimento. Para que a sustentabilidade seja viável, é necessário que todos os setores se unam para desenvolver essas áreas e garantir que o turismo beneficie não só os visitantes, mas também os moradores. “Para que as comunidades aceitem que a sustentabilidade é um caminho viável, elas precisam de apoio e estrutura”, ressaltou.
Outro ponto crítico levantado foi a cultura do turismo de massas, que pode ter consequências negativas, como observado em cidades como Barcelona, onde os moradores foram “expulsos” de seus bairros devido à alta dos preços de aluguel impulsionada pelo turismo. Esse exemplo reflete a necessidade de descentralizar os pontos turísticos, um dos pilares do movimento slow travel defendido por Daniela. Ela destacou que é preciso incentivar viagens mais lentas, que valorizem a qualidade das experiências e permitam uma conexão mais profunda com o destino.
A especialista enfatizou que, para que o ecoturismo no Brasil prospere, é essencial investir na descentralização das visitas aos grandes pontos turísticos, promovendo destinos menos conhecidos e fortalecendo o contato com as culturas locais. Além disso, a priorização de ingredientes e cozinhas locais nas hospedagens e restaurantes pode ser uma forma poderosa de incentivar a economia regional e oferecer uma experiência mais autêntica aos turistas.
Por fim, Daniela Filomeno apresentou os caminhos para maximizar o potencial do turismo de natureza no Brasil, destacando a importância de promover um turismo que seja benéfico para as comunidades visitadas e que integre práticas sustentáveis em cada etapa da viagem. A combinação de slow travel e responsible travel pode ser a chave para transformar o Brasil em um líder global no ecoturismo, respeitando suas belezas naturais e valorizando suas comunidades, em um ciclo virtuoso de preservação e desenvolvimento econômico.