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Política

Alexandre Sampaio: “Turismo tem que ter representantes no Congresso”

Alexandre Sampaio, presidente Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA) e do Conselho de Turismo da Confederação Nacional do Comércio (CNC)

Alexandre Sampaio, presidente Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA) e do Conselho de Turismo da Confederação Nacional do Comércio (CNC)

Faltando pouco menos de três meses para as eleições, o trade trava uma batalha contra o tempo para ver aprovado nas próximas semanas uma série de pleitos e reivindicações, por meio de projetos de lei que tramitam no Congresso. De acordo com Alexandre Sampaio, presidente Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA) e do Conselho de Turismo da Confederação Nacional do Comércio (CNC), boa parte destas medidas poderia contribuir para beneficiar não apenas a cadeia produtiva do turismo, como também a economia. O dirigente defende ainda uma ampla reformulação do Conselho Nacional de Turismo, bem como a manutenção do Ministério do Turismo com os recursos necessários. Para isso, tem levado aos candidatos ao Planalto propostas e dados do setor.

MERCADO & EVENTOS – A que atribui as dificuldades para aprovação no Congresso dos projetos apresentados pelo setor? Como conseguir uma maior representatividade no legislativo?

Alexandre Sampaio – Em primeiro lugar é preciso destacar e reconhecer o esforço por parte de representantes do trade, que semanalmente têm feito ações junto ao Governo e aos deputados para aprovação de medidas como o projeto que prevê 100% do capital estrangeiro para aéreas nacionais. Há também a modernização da Lei Geral do Turismo e a transformação da Embratur. Temos promessas de que esses assuntos entrem em pauta, mas sabemos que o tempo é curto em função das eleições e do recesso parlamentar. Mas apenas esse esforço não é suficiente. Temos sim que ter representantes no Congresso que defendam a bandeira do Turismo, da mesma forma que é preciso estreitar relacionamentos com o legislativo. Precisamos apoiar candidatos que falem a linguagem do Turismo. O caso mais complicado é o da Embratur, uma vez que os recursos que viriam da loteria não virão mais. É preciso encontrar um novo modelo público-privado para obter os recursos para promoção do país.

M&E – Com as eleições mudam os governos, tanto na esfera federal como estadual. Que modelo acha mais adequado para o MTur e como fazer com que essa indústria tenha o devido reconhecimento?

Alexandre Sampaio – Eu defendo que o Ministério do Turismo seja mantido. A questão não diz respeito apenas a quem vai comandar a pasta, mas sim que tenha os recursos necessários para as ações, bem como um diálogo permanentes com os players do mercado. Já encaminhamos um documento aos principais candidatos com uma série de propostas. A Comissão de Turismo do CNC está fechando uma parceria com a bandeira Cielo para se mensurar com mais exatidão os gastos e também temos planos de até o final do ano ver quanto o setor emprega e a carga de impostos que gera. Esses números são importantes para mostrar aos governantes o real peso da indústria para a economia do país. Também entendo a importância de potencializar os observatórios de turismo nos estados e municípios. Outra proposta que deve ser retomada é o novo modelo do Conselho Nacional de Turismo. A ideia é que possamos ter comissões discutindo temas e uma representatividade rotativa. No fim das contas, o importante é que o Conselho seja um órgão que tenha representatividade e poder decisório.

M&E –Que medidas podem ajudar o Brasil a mostrar seu potencial e a diversidade de atrativos?

Alexandre Sampaio – É importante desenvolver uma série de iniciativas no sentido de melhorar essa imagem negativa. Veja o caso do Rio de Janeiro, que é nosso principal portão de entrada internacional e que tem sido alvo principal deste noticiário negativo. Para tentar minimizar as notícias ruins o Rio CVB está contratando uma empresa dinamarquesa de RP para um trabalho que venha identificar e reverter essa imagem ruim da cidade. Claro que isso apenas não basta. É preciso que haja um trabalho conjunto do poder público e iniciativa privada para investir num conjunto de ações para resgatar a imagem da cidade e do país. Todos podem dar sua colaboração incluindo as empresas aéreas que operam para o exterior. Acho também que se deve investir cada vez mais nas redes sociais. A Embratur tem procurado, apesar dos poucos recursos, atuar neste segmento.

M&E – A que atribui o fato de que o turismo doméstico no país não ter alcançado ainda um patamar capaz de estimular o brasileiro a viajar mais?

Alexandre Sampaio – O Brasil é um país de grandes distâncias continentais e certamente um dos fatores que dificulta as viagens domésticas diz respeito ao preço das tarifas aéreas. Não é que sejam proibitivos, mas certamente só se conseguem tarifas mais econômicas se a compra é feita com uma devida antecedência. Para se reverter este quadro, a saída é aumentar a competitividade e certamente a abertura do capital estrangeiro às aéreas, bem como a entrada de outras empresas no mercado, pode ajudar. Sou favorável a investimentos na modernização da hotelaria e para isso há que se ter linhas de crédito acessíveis. Certamente o país saindo desta crise e passando este ano atribulado poderemos ter um turismo mais forte, pois o brasileiro tem interesse em conhecer melhor seu país.

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