A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou nesta quarta-feira (4) que o Brasil pode perder o Pantanal completamente até o final deste século se o aquecimento global continuar sem controle. A declaração foi feita durante uma sessão da Comissão de Meio Ambiente do Senado, onde a ministra discutiu as queimadas e a seca histórica que afetam o país, especialmente o Pantanal e a Amazônia.
Marina explicou que, segundo os pesquisadores, o Pantanal está em risco devido à baixa precipitação e ao aumento da evapotranspiração, o que impede a região de atingir os níveis necessários de cheia nos rios e na planície alagada. “Podemos perder a maior planície alagada do planeta até o fim do século”, advertiu a ministra.
Durante a audiência, a ministra destacou a necessidade de ampliar os esforços e recursos para combater as consequências das mudanças climáticas. Ela pediu ao Congresso que considere a criação de um marco regulatório para emergências climáticas, que permita excluir os gastos relacionados dessas ações da meta fiscal do governo federal. “Se tenho que agir preventivamente, tenho que ter cobertura legal para isso”, afirmou.
Marina também ressaltou que o governo federal enfrenta um “paradoxo”, sendo cobrado tanto por medidas de combate a incêndios quanto por investimentos que, segundo ela, alimentam esses mesmos incêndios. “Temos condições de fazer esse enfrentamento, mas precisamos ampliar nossos esforços”, declarou.
Ela acrescentou que o governo está fazendo um esforço para “empatar o jogo”, ou seja, mitigar os danos causados pelas queimadas e pela seca histórica no país. “Se não tivéssemos nos preparado desde janeiro de 2023, teríamos uma situação completamente incontrolável”, disse Marina.
O Brasil registrou em agosto o maior número de focos de queimadas desde 2010, com 68.635 registros, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Mais de 80% desses focos ocorreram na Amazônia e no Cerrado. Além disso, o país enfrenta a maior seca desde 1950, afetando quase todas as regiões, exceto o Rio Grande do Sul.