A expansão do turismo nacional segue a passos largos após a grave crise da pandemia de covid-19. O levantamento mensal da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) mostra que o setor faturou, só em setembro, cerca de R$ 16,9 bilhões, uma alta de 4,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Trata-se do melhor resultado para esse mês desde o início da série, no IBGE, em 2011. No acumulado do ano, as receitas chegam à casa dos R$148,3 bilhões, também um recorde em pelo menos 13 anos de mensuração da FecomercioSP.
Esse crescimento se explica, em parte, pela elevação dos preços de alguns setores nos últimos 12 meses, como as altas de 27,15% nos aluguéis de veículos e de 9,9% nas passagens aéreas. A combinação entre demanda alta e preços mais salgados contribuiu, por exemplo, para o segmento de locação de meios de transporte, que subiu 14,1% em comparação ao ano passado, faturando R$ 2,37 bilhões no mês.
Tudo isso sem contar a própria conjuntura econômica do país, marcada pela melhoria das condições econômicas das famílias, taxa de desemprego em queda e mais acesso ao crédito formal. É por isso que, segundo a FecomercioSP, o turismo nacional pode ter um dos melhores fins de ano da sua histórica recente, apesar de alguns entraves — por exemplo, a alta do dólar.
Há de se considerar ainda os eventos do mês, principalmente o Rock In Rio, no Rio de Janeiro, que impulsionou o crescimento de atividades culturais, recreativas e esportivas. O resultado foi uma elevação de 8,4% nas receitas. Já o transporte aéreo faturou R$ 4,3 bilhões, uma alta de 3,1%, mas que deve incluir a inflação de 10% do mês e, ainda, o fato de o número de passageiros transportados ter sido o maior registrado para um setembro dentro da série histórica da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), iniciada em 2000.
Nordeste em alta
O Nordeste apontou a maior variação positiva em setembro, de acordo com os dados da FecomercioSP. O destaque regional ficou com o Piauí, cujo setor incrementou as receitas em 23,2% no mês. Sergipe (14,8%) e Ceará (13,6%) completam o pódio.
São Paulo, mais populoso e com maior circulação econômica do Brasil, também cresceu (6%), com um caixa de R$ 4,17 bilhões. Muito incentivado pelo mercado corporativo — mas também pelos destinos de lazer no interior —, o estado representa, hoje, um terço do faturamento do Turismo nacional.
Impactos no Rio Grande do Sul
O destaque negativo ficou por conta do Rio Grande do Sul, que, novamente, perdeu receitas (-15,2%) depois das enchentes de maio deste ano. Desde então, o setor gaúcho já perdeu mais de um quarto do faturamento para o período, e isso levando em conta que muitas cidades do Estado estão entre as mais visitadas do país. A expectativa é que a reabertura do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, mude rapidamente essa situação, dada a importância da conectividade aérea para a região.