CEO da Latam detona pacotes com datas flexíveis: “É uma aposta com o dinheiro do cliente”

Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil (Claudio Gatti)

“Como confiar em uma empresa cuja principal atividade depende de fazer os clientes burlarem as regras dos programas de fidelidade?”. Esta é a pergunta que o CEO da Latam, Jerome Cadier, fez aos seus seguidores no LinkedIN, nesta quarta-feira (23), após mais uma empresa suspender a venda de pacotes com datas flexíveis, como vimos aqui no M&E, no caso a 123 Milhas, cerca três meses depois do Hurb.

“Nas últimas semanas, muitos ficaram surpresos com os problemas enfrentados por uma empresa que vende pacotes de viagens a preço fixo sem data definida. Não deveria ser surpresa: há poucos meses, outra empresa que fazia o mesmo, passou por problemas similares. É simples entender o que estas empresas fazem: é uma aposta com o dinheiro do cliente. Elas recebem, aplicam e ficam esperando”, destacou o CEO da Latam Brasil.

“É simples entender o que estas empresas fazem: é uma aposta com o dinheiro do cliente. Elas recebem, aplicam e ficam esperando”

Segundo Jerome, se os preços das passagens aéreas e dos hotéis caírem, as empresas definem quando exatamente o cliente viaja. “Com isso, conseguem comprar passagens e reservar estadias por um preço menor do que o cliente já pagou, e acabam ganhando muito dinheiro. Além de ficar com o rendimento da aplicação. Esta ‘aposta’ pode render muito, para elas. Mas, quando os preços sobem, elas podem perder muito dinheiro”, lembrou Cadier.

E, neste caso, essas empresas, segundo ele querem que o cliente pague esta conta. “Não acho justo. Mas, milhares de pessoas compraram, e têm agora um enorme problema nas mãos. É realmente muito difícil prever a direção e intensidade das futuras oscilações de preços, já que dependem de variáveis que não controlamos, como preço do petróleo e câmbio. Por isso, praticamente nenhuma agência de viagem oferece este produto”, frisou.

O que mais deixou Jerome indignado é que os clientes confiam em empresas cuja principal atividade depende de fazer os clientes burlarem as regras dos programas de fidelidade. “E pior, que pede que o cliente compartilhe todos os seus dados, inclusive sua senha”

O que mais deixou Jerome indignado é que os clientes confiam em empresas cuja principal atividade depende de fazer os clientes burlarem as regras dos programas de fidelidade. “E pior, que pede que o cliente compartilhe todos os seus dados, inclusive sua senha. Isso é tema para outro dia. Só queria hoje explicar porque não tem surpresa no que está acontecendo agora”, finalizou ele, em sua postagem no LinkedIN.