Abertura de capital, céus abertos, cobrança por bagagem, liberdade tarifária e chegada de mais empresas ao país. No último ano, o cenário para aviação brasileira mostrou enfim sinais de uma desregulamentação quem a aproximaram das práticas adotadas pelos principais mercados globais. Este bom momento, porém, foi abalado pelo “Fator Avianca”. A recuperação judicial da empresa, seguida pelo fim de suas operações teve um grande impacto na oferta do mercado, que somado a instabilidade do câmbio elevou o preço das passagens.
A crise na oferta que poderia ser um problema de médio prazo para o setor, foi amenizada por um movimento, em diversos estados, de redução da alíquota do ICMS sobre o querosene de aviação. O movimento dos governos teve como contrapartida o aumento considerável de oferta. O maior exemplo foi São Paulo, que reduziu sua alíquota de 25% para 12%, tendo como contrapartida a criação de 490 voos, sendo 72 para cidades ainda não atendidas (Araraquara, Barretos, Franca, Guarujá, São Carlos e Votuporanga).
Este movimento tornou possível uma previsão mais otimista para garantir uma retomada da estabilidade no setor. “Eu creio que vamos retomar o trilho que a gente vinha traçando quando a oferta chegar novamente próxima ao que a gente tinha antes da queda da Avianca e quando os custos se alinharem ao que a gente tinha antes. A nossa projeção é de que retomemos este trilho ainda este ano, lá para outubro e novembro”, afirmou o presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz, em encontro com o jornalistas nesta sexta-feira (3).
Sanovicz destacou ainda um “otimismo cauteloso” com um possível retomada de crescimento do setor, atrelado a um reaquecimento da economia. “É um cenário de otimismo cauteloso. Temos sinais de crescimento da economia para o segundo semestre e temos dados históricos que mostram que quando a economia cresce a aviação cresce o dobro. A economia tem uma previsão de crescimento de 1%, então se tivermos 2% na aviação já representa 2 milhões de passageiros a mais”, completou.
RECUOU HISTÓRICO NA OFERTA
O presidente da Abear ressaltou que, com a saída da Avianca, a oferta voltou ao patamar de 2010, o que obviamente foi fatal em um mercado com um número muito maior de passageiros. “Os custos dolarizados seguem e crescimento, então uma queda de 13% na oferta do país tem um grande impacto. Em 2000 a maioria das pessoas viajavam de ônibus (70% x 30%), cenário que se inverteu em 2009, até chegarmos a marca de 100 milhões de passageiros”.
A entrevista completa com Eduardo Sanovicz estará disponível na edição 373 do M&E.