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Aviação

Boeing sob pressão: após inspeções no 737 MAX, compromisso com a segurança é posto em xeque

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Imagens da investigação do NTSB sobre o acidente de 5 de janeiro com o voo 1282 da Alaska Airlines num Boeing 737-9 MAX em Portland, Oregon (Foto: NTSB/Flickr)

As últimas semanas têm sido agitadas para a Boeing. Após o incidente no voo 1282 da Alaska Airlines, no dia 05 de janeiro, em que o tampão da porta explodiu, foram instauradas inspeções preliminares para entender o motivo do ocorrido. A partir dalí começava mais uma daquelas polêmicas da empresa envolvendo suas aeronaves do modelo MAX, como interrupção das atividades do modelo em março de 2019, com grandes consequências para as operadoras do modelo, como a própria Copa Airlines.

Em comunicados mais recentes, companhias aéreas relataram ‘parafusos soltos’ em muitos dos equipamentos da Boeing. A empresa sofre agora uma pressão ainda maior das companhias aéreas, órgãos administrativos e governo norte-americano, que buscam respostas para o ocorrido e questionam o comprometimento da empresa com a segurança e sua capacidade de construir ‘aviões’ confiáveis. Mas antes de entender como a história chegou a este ponto, é preciso voltar ao dia do acidente…

Voo 1282 da Alaska Airlines

No dia 05 de janeiro, passageiros do voo 1282 da Alaska Airlines passaram por um experiência um tanto quanto assustadora quando uma parte da fuselagem se desprendeu em pleno voo, fazendo com que a aeronave sofresse uma despressurização logo depois da decolagem. O piloto fez um pouso de emergência em Portland, no estado do Oregon, 13 minutos após o incidente. Os 171 passageiros não sofreram ferimentos. O avião danificado foi entregue à Alaska Airlines em 31 de outubro de 2023 e tinha realizado apenas cerca de 100 voos por mês.

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Após o incidente, a FAA ordenou “inspeções imediatas” de algumas aeronaves Boeing 737 Max 9, incluindo a aeronave que operava durante o acidente (Foto: NTSB/Flickr)

Segundo informações do jornal Seattle Times, até o dia 16 de janeiro deste ano, quatro passageiros que se encontravam a bordo do Boeing 737 MAX 9, quando um pedaço da fuselagem explodiu no início deste mês, estão processando a fabricante e a companhia aérea. A Boeing e a Alaska operavam um avião “defeituoso e inseguro” e não testaram, inspecionaram e mantiveram o avião de forma adequada para garantir a segurança dos passageiros, de acordo com o processo.

No dia 06 de janeiro, a Administração Federal de Aviação do Estados Unidos (FAA) ordenou a suspensão temporária das operações das aeronaves do modelo operadas por companhias aéreas dos EUA em território norte-americano. Durante o período, a Diretiva de Aeronavegabilidade de Emergência (EAD) exigiu que os operadores inspecionassem as aeronaves afetadas antes de novos voos. O EAD afetou cerca de 171 aviões em todo o mundo. As inspeções exigidas levam cerca de quatro a oito horas por aeronave.

Após o incidente e autoridades iniciarem investigações e análises em aviões da Boeing, a Boeing informou que adicionaria mais inspeções de qualidade para o modelo 737 MAX.

Investigações nas aeronaves e parafusos soltos

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Investigações estão sendo realizadas para entender a causa do ocorrido e inspeções estão sendo conduzidas para evitar futuros incidentes (Foto: National Transportation Safety Board/Flickr)

Na última semana, a Alaska Airlines iniciou sua própria ‘investigação’ em alguns dos seus aviões. Nas inspeções, a companhia aérea em questão encontrou “alguns parafusos soltos em muitos” aviões Boeing 737 MAX 9, segundo o CEO da companhia aérea, Ben Minicucci.

“Estou mais do que frustrado. Estou zangado. Isto aconteceu à Alaska Airlines. Aconteceu aos nossos passageiros e ao nosso staff. E a minha exigência à Boeing é saber o que será feito para melhorar os seus programas de qualidade a nível interno”, disse Minicucci em entrevista para a NBC News.

Após outras companhias aéreas relatarem parafusos solto durante inspeções do 737 MAX 9, a Boeing emitiu um boletim aos seus fornecedores delineando práticas para garantir que parafusos estejam devidamente apertados, de acordo com a Reuters.

O diretor executivo da United Airlines, Scott Kirby, disse em uma entrevista separada à CNBC, que já está considerando um futuro para a sua frota sem o Boeing 737 MAX 10, uma versão mais recente da aeronave popular que está para ser lançado e entraria para o portfólio da companhia.

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Ben Minicucci, CEO da Alaska Airlines declarou que está extremamente desapontado e desacreditado das aeronaves (Foto: reprodução/Alaska Airlines)

O incidente também levou os legisladores a questionar se os sistemas de controle de qualidade da Boeing são adequados. “Tendo em conta os trágicos acidentes anteriores com o MAX, estamos profundamente preocupados com o fato de os parafusos soltos representarem um problema sistêmico com as capacidades da Boeing de fabricar aviões seguros”, disseram os senadores norte-americanos Ed Markey, J.D. Vance e Peter Welch ao diretor executivo da Boeing, Dave Calhoun, no início deste mês.

O Conselho Nacional de Segurança nos Transportes não confirmou se os quatro parafusos que prendem o plugue da porta à fuselagem foram instalados no avião da Alaska Airlines e acredita que ainda é cedo para afirmar se parafusos ausentes ou soltos foram a causa do acidente, segundo Jennifer Homendy, chefe do conselho.

Boeing

FAA sugere que aeronaves do modelo 737-900ER também sejam inspecionadas

A FAA recomendou ainda às companhias aéreas que inspecionem também os tampões das portas dos aviões Boeing de modelo 737-900ER, depois do ocorrido com os 737 MAX. Em um comunicado divulgado no domingo, a entidade reguladora da aviação afirmou que os operadores “são encorajados a efetuar uma inspeção visual para garantir que a fixação da porta esteja protegida”.

O 737-900ER é mais utilizado do que o 737 MAX 9 e também é um modelo mais antigo, mas tem o mesmo design opcional de encaixe de porta, que permite a adição de uma porta de saída de emergência extra quando as transportadoras optam por instalar mais lugares.

Existem 490 jatos Boeing 737-900ER em serviço, dos quais pelo menos 79 têm uma porta ativa em vez de uma porta de encaixe, pois são operados por companhias aéreas de baixo custo, com cabines mais utilizadas, de acordo com dados da Cirium.

Boeing pede que fornecedores se atentem as instruções

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David Calhoun, CEO da Boeing falou que empresa precisa “reconhecer erros” para evitar futuros incidentes (Foto: divulgação)

Em um dos primeiros comentários da empresa sobre o incidente, o CEO da Boeing, David Calhoun afirmou que a empresa precisaria reconhecer o próprio erro e afirmou: “Vamos abordar esse assunto e reconhecer nosso erro, com 100% de total transparência em cada etapa do processo.Trabalharemos com o National Transportation Safety Board que está investigando o acidente em si para descobrir qual é a causa”, disse.

Já em um memorando publicado no dia 17 pela Boeing, a empresa pressionou os fornecedores para que garantissem que os parafusos estejam devidamente apertados. “Garanta que as instruções de trabalho sejam à prova de erros e que a qualidade seja continuamente monitorada”, afirma o memorando. A Spirit AeroSystems é quem fabrica e instala o plugue da porta, que já recebeu críticas por graves falhas no controle de qualidade em outras ocasiões.

Os fornecedores devem “continuar a atender aos requisitos estabelecidos pela Boeing”, segundo o memorando. “A Boeing continua a trabalhar com a FAA para retomar a operação da aeronave e está “tomando ações imediatas para fortalecer a qualidade em todo o sistema de produção do 737”, afirmou a empresa.

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A porta perdida foi encontrada num quintal em Oregon (Foto: reprodução/Reuters)

Vale destacar que a Boeing utiliza esse tipo de porta nos 737 desde 2006 e nunca foram apresentados problemas severos.

Em uma declaração dada pelo Stan Deal, presidente e diretor executivo da Boeing Commercial Airplanes, para o jornal Axios, o executivo afirmou que “Desapontamos os nossos clientes das companhias aéreas e lamentamos profundamente as perturbações significativas que causamos, aos seus empregados e aos seus passageiros”.

“Estamos tomando medidas no âmbito de um plano abrangente para repor estes aviões em segurança e melhorar o nosso desempenho em termos de qualidade e de entrega. Seguiremos o exemplo da FAA e apoiaremos os nossos clientes em todas as etapas do processo”, completou Deal.

Por conta da polemica e como a Boeing tem um histórico de problemas nos últimos anos, em um mês, as ações da Boeing registraram uma queda de 17%. A empresa chegou a perdeu US$ 12,1 bilhões em valor de mercado em apenas 1 dia devido a reação negativa após nova crise envolvendo aviões da companhia.

De acordo com informações da CNN, investidores estariam preocupados em relação a empresa neste cenário tão instável. A empresa também registra prejuízo desde 2019. O M&E seguirá acompanhando os desdobramentos do caso.

Com informações de Seattle Times, Uol, AlJazeera, NBC News, Axios, CNN, BBC e Reuters.

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