Crie um atalho do M&E no seu aparelho!
Toque e selecione Adicionar à tela de início.

Aviação / Destinos

Como Aena Brasil capta novos voos e aéreas? Teria apetite para assumir novos aeroportos?

PARTE III

Presidente da Aena Brasil Santiago Yus Como Aena Brasil capta novos voos e aéreas? Teria apetite para assumir novos aeroportos?

Santiago Yus, presidente da Aena Brasil

SÃO PAULO – Será que Aena Brasil teria apetite para participar de novas licitações de aeroportos brasileiros no futuro? E como funciona o modelo de rede entre os terminais administrados pela empresa? Nesta “PARTE III” e final de nossa entrevista, o presidente da Aena Brasil, Santiago Yus, além de responder estas perguntas, ainda abriu o jogo com o M&E não só sobre os desafios de assumir como presidente da Aena Brasil, mas também sobre sua vida pessoal.

A “PARTE I” da nossa entrevista com o presidente da Aena Brasil já foi super especial. Abordamos uma série de questões envolvendo os 100 primeiros dias de operação dos novos aeroportos, com direito até a reativação de áreas que hoje estão em desuso para a abertura de novas lojas de varejo, restaurantes e até salas VIPs. E na “PARTE II”, vimos os avanços da empresa para internacionalizar o aeroporto. Mas será que tem demanda?

Questionado pelo M&E se a Aena Brasil teria apetite para participar de novas licitações e assim assumir novos aeroportos pelo Brasil, Santiago afirmou que a concessionária está acompanhando de perto os processos desde a primeira rodada.

“Por certas razões, tomamos a decisão de entrar somente na quinta rodada. Acreditamos que foi um acerto, e sempre avaliamos todas as oportunidades que existem, tanto no Brasil, como no mundo. Temos uma unidade potente, um time que avalia todas as operações e a partir daí temos que digerir o que temos. Mas estamos sempre abertos para ver o que vai acontecer, embora saibamos que o foco sempre está na rentabilidade e no serviço que queremos prestar”, destacou o executivo.

Como a Aena capta novos voos e companhias aéreas?

aena

Aena está sempre procurando rotas para o outro lado do Atlântico a fim de conectar com seus aeroportos da rede global (Divulgação)

Como a Aena Brasil faz esse trabalho de captação de novos voos e companhias aéreas? Há sinergia entre os aeroportos que são administrados pela concessionária? De acordo com Santiago Yus, todos os anos a empresa participa dos fóruns de rotas aéreas, onde há o contato com as mais diversas transportadoras. Por lá, os executivos da Aena tentam criar produtos, vantagens fiscais, incentivos e promover o destino e sua capacidade hoteleira para as companhias aéreas.

“Tentamos criar produtos, buscar a iniciativa pública para criar vantagens fiscais para as companhias aéreas, enquanto a iniciativa privada quer saber que produtos são oferecidos aos seus passageiros, quais atrativos da cidade, qual a capacidade hoteleira, quais sao os eventos mais comemorados ao longo do ano, ou seja, temos que fazer todo este trabalho de promoção para que lá fora se conheça o destino”, disse Santiago Yus.

“Tentamos criar produtos, buscar a iniciativa pública para criar vantagens fiscais para as companhias aéreas, enquanto a iniciativa privada quer saber que produtos são oferecidos aos seus passageiros”

Ele lembrou que a Aena Brasil sempre trabalhou com inteligência de mercado. “Sabemos todos os passageiros que têm São Paulo como destino final, por exemplo, qual é o percurso feito para chegar até aqui, qual custo da companhia aérea e qual é o custo da operação. Tudo isso somado às atividades de marketing, políticas de incentivo, com descontos para os custos de operação. É um trabalho conjunto de iniciativa pública e privada para implementação de uma rota”, complementou o executivo

Modelo de rede e suas sinergias pelo Brasil

Aeroporto de Congonhas 1 Como Aena Brasil capta novos voos e aéreas? Teria apetite para assumir novos aeroportos?

O Brasil tem 0,57 viagens por habitante. Na Colômbia, por exemplo, este número chega a 0,8, cerca de 60% a mais

A Aena trabalha num modelo de rede em todo o mundo para criar sinergia entre os aeroportos administrados pela empresa. No caso do Brasil, com atuais 17 terminais (Uberlândia; Campo Grande; Ponta Porã; Corumbá; Uberaba; Montes Claros; Marabá; Carajás; Santarém; Altamira; Recife; Maceió; João Pessoa; Aracaju; Campina Grande; e Juazeiro do Norte), a concessionária tem a chance de levar serviços comerciais para aeroportos menores.

“Sozinhos, estes aeroportos de pequeno porte não conseguiriam ter este mix de serviços comerciais. Podemos levar a mesma qualidade de serviço de um grande aeroporto para os menores terminais. As sinergias estão sempre acontecendo, do ponto de vista da atividade aeroportuária, sempre trabalhando em conjunto, tanto as rotas domésticas, como as internacionais. Estamos sempre procurando rotas para o outro lado do Atlântico e conectando com nossos aeroportos da rede global”, disse Yus.

“Sozinhos, estes aeroportos de pequeno porte não conseguiriam ter este mix de serviços comerciais. Podemos levar a mesma qualidade de serviço de um grande aeroporto para os menores terminais”

Para que a atuação da Aena Brasil seja cada vez melhor, segundo o presidente, é preciso eliminar as barreiras no Brasil para que haja uma maior concorrência entre as companhias aéreas. “O Brasil tem 0,57 viagens por habitante. Na Colômbia, por exemplo, este número chega a 0,8, cerca de 60% a mais. Imagina 60% a mais de passageiros no Brasil? O tráfego aéreo iria decolar. E isto já está acontecendo em outros mercados, como Chile, Colômbia, Peru e Argentina, que crescem a dois dígitos por ano”, lembrou.

“O Brasil tem 0,57 viagens por habitante. Na Colômbia, por exemplo, este número chega a 0,8, cerca de 60% a mais. Imagina 60% a mais de passageiros no Brasil? O tráfego aéreo iria decolar”

Isso sem falar na Europa, com a chegada de novas companhias que se dizem low-cost. “No fim de 1990, por exemplo, estávamos com 75 milhões de passageiros e, em 2023, fechamos com 283 milhões. Então essa demanda que existe passa por ter uma grande concorrência entre companhias aéreas e asso, gerar mais conectividade. No Brasil, tudo passa por grandes hubs, conectando Norte e Nordeste, Centro-Oestre, Sudeste e Sul, mas outras rotas de ponta a ponta estão para chegar”, cravou Santiago.

Quem é Santiago Yus?

Santiago Yus presidente da Aena Brasil 2 Como Aena Brasil capta novos voos e aéreas? Teria apetite para assumir novos aeroportos?

Santiago Yus já tem projeto profissional e de vida no Brasil

Todo mundo já conhece o trabalho do presidente da Aena Brasil. Mas será que todo mundo conhece quem é Santiago Yus? Essa foi a pergunta que fizemos para que o executivo pudesse falar um pouco da sua trajetória profissional. Apaixonado pela aviação, Yus teve seu pai como controlador aéreo, de 1951 a 1994, e tem seu irmão no mesmo cargo, todos com o DNA da aviação. Santiago, por sua vez, escolheu a infraestrutura aeroportuária e está na Aena desde 2002.

“Já estive na holding, fui para área de planejamento estratégico e passei por diferentes aeroportos, assumindo uma série de responsabilidades. Já fui diretor de diversos aeroportos na Espanha e, em meados de 2019, aceitei o convite para assumir esta grande operação no Brasil, morando aqui definitivamente desde novembro daquele ano. Estava solteiro na época, mas hoje já não estou. Encontrei uma companheira baiana e estou super feliz de construir, além do projeto profissional, um projeto de vida”, disse.

“Já fui diretor de diversos aeroportos na Espanha e, em meados de 2019, aceitei o convite para assumir esta grande operação no Brasil, morando aqui definitivamente desde novembro daquele ano. Estava solteiro na época, mas hoje já não estou. Encontrei uma companheira baiana e estou super feliz de construir, além do projeto profissional, um projeto de vida”

Santiago não escondeu sua paixão pelo Brasil. Tanto é que, quando sai de férias, sente saudade de sua casa. “Principalmente, saudades do Nordeste, mas sempre com muita vontade de explorar cada dia mais as regiões que temos presença. Aqui no Brasil, as formas de fazer são similares a Espanha, mas a forma de entender a vida, de estar sempre com um sorriso no rosto, de saber desfrutar, de ter flexibilidade para contornar as dificuldades e de ter um olhar positivo, somente no Brasil”, destacou.

Yus lembrou que este é o desafio mais relevante de sua carreira. “Tenho a responsabilidade de suas sociedades de propósitos específicos. Tocamos todos os âmbitos de uma empresa, além do setor aeroportuário, mas outros assuntos de financiamento. Ter uma visão mais geral do que acontece em nosso setor é muito bacana e faz com que você experimente a cada dia o conhecimento de outros setores e diferentes formas de fazer”, disse.

“A Aena acredita muito no Brasil e no futuro do setor do transporte aéreo no país. Estamos aqui como operadores aeroportuários, e não como fundos de investimentos. Temos um compromisso de longo prazo para acompanhar o desenvolvimento do setor nos próximos 30 anos, com todos os nossos esforços”

O executivo ainda deixou uma mensagem final. “A Aena acredita muito no Brasil e no futuro do setor do transporte aéreo no país. Estamos aqui como operadores aeroportuários, e não como fundos de investimentos. Temos um compromisso de longo prazo para acompanhar o desenvolvimento do setor nos próximos 30 anos, com todos os nossos esforços. Estamos muito satisfeitos com tudo que passamos no Brasil nestes últimos anos, um país que tem um potencial gigante. Os negócios e o turismo estão por acontecer e, como maior operadora aeroportuária do mundo, ficamos a disposição para construção de novas parceiras”, finalizou.

Receba nossas newsletters