RIO DE JANEIRO – Enquanto o mundo recebeu cerca de 130 milhões de turistas chineses em 2017, o Brasil ainda não conseguiu superar o patamar de 60 mil turistas provenientes do maior país emissor do planeta. De 2013 a 2017, por exemplo, enquanto o Brasil cresceu 1,8% na presença de chineses, seus países vizinhos, como Peru, Colombia e Bolivia, viram a presença do turismo chinês aumentar 123%, 166% e 172%, respectivamente.
É por conta deste potencial que a Embratur participou de um workshop inédito sobre a China realizado pelo RIOgaleão e RioCVB, nesta segunda-feira (29), a fim de mostrar justamente o ganho gigantesco que o País pode ter caso invista ainda mais neste mercado. O Coordenador-Geral de Inteligência Competitiva e Mercadológica da Embratur, Alisson Andrade, revelou o perfil detalhado do turista chinês, a conectividade aérea e a enorme gama de oportunidades que o Brasil pode investir para receber os turistas que mais gastam em todo o planeta.
E o Brasil, por exemplo, recebeu apenas 0,04% deste total, embora ainda seja líder na América do Sul. É o que afirma o coordenador da Embratur. “Logo há um grande potencial a ser explorado, já que não saímos do patamar de 60 mil chineses de 2013 a 2017. A perspectiva da Embratur é receber até 92 mil turistas chineses em 2020, um aumento de quase 50% em cinco anos. Isto parece muito de forma isolada, mas quando olhamos para nossos concorrentes, precisamos nos atentar. Enquanto crescemos 1,8% em 2017, o Peru recebeu 123% a mais de turistas chineses, Colômbia recebeu 166% a mais e o Chile recebeu 172%”, revelou Alisson. “É um cenário que mostra que o chinês está avido para conhecer a América do Sul. Neste ano, esperamos 66 mil turistas por aqui”.
LAZER x MICE
De acordo com a Embratur, atualmente 71% dos chineses vêm para o Brasil fazer negócios. Outros 19% vem para aproveitar o Lazer, um segmento que precisa ser altamente estimulado não só no Rio de Janeiro mas em todo o Brasil. O Rio lidera a procura pelo Lazer, seguido por São Paulo, enquanto a capital paulista lidera a procura por negócios seguida pela capital carioca. Foz do Iguaçu, por sua vez, aparece na terceira colocação em ambos interesses dos turistas chineses. “Os chineses têm uma sede muito grande pelo ecoturismo, pela nossa cultura, pela nossa moda. Logo este é o momento para o Brasil entrar no mercado chinês de vez”, revelou o coordenador.
COSTUMES E CONECTIVIDADE
A CTrip, maior OTA da China, conta com 300 milhões de chineses que compram pacotes de viagens regularmente. E o Brasil segue no imaginário deste público. Tanto é que o Rio foi indicado como melhor destino de fotografia, esportes ao ar livre, e da cultura da cerveja e do vinho. E o governo brasileiro tem trabalhado cada vez mais a relação da conectividade e do visto eletrônico, considerados passos essenciais para o desenvolvimento do setor. “É muito comum que o turista chinês chegue ao Brasil a partir da Europa, Oriente Médio, EUA e África do Sul. São diversas oportunidades e queremos melhorar cada vez mais esta conectividade para facilitar a chegada”, frisou.
E ao chegar, o turista chinês tem algumas exigências nas quais os empreendimentos brasileiros devem se adequar. “É o caso da chaleira no quarto para beber água morna, café da manhã com uma área específica para a culinária chinesa, pelo menos um canal da China na televisão do quartos, um maior acolhimento por pessoas que falam mandarim e sinalizações na língua deles. Se não pensarmos nisto como empreendimento turístico, estaremos perdendo para os concorrentes próximos que já estão fazendo”, revelou Alisson Andrade.
PERFIL COM MAIOR POTENCIAL DE VIAGEM
De acordo com a Embratur, a melhor estratégia é focar naqueles chineses que têm mais tempo disponível para viajar, como o publico aposentado e os que tem um maior poder aquisitivo. Isto porque os chineses geralmente só têm cinco dias de férias. Outro grande nicho são os millenials que têm mais tempo de viajar e são os que mais gastam. “O chinês que vem ao Brasil, já conheceu outros lugares na Europa e Ásia, por exemplo, logo temos a missão de recebê-los com condições e experiências únicas e com a sinalização em mandarim”, afirma Alisson.
Alisson Andrade afirma ainda que precisamos investir nos meios digitais e aproveitar o turista que cruza o mundo para fazer negócios aqui para passar alguns dias aproveitando focados no Lazer. “O turista chinês gosta de nossa cultura, de aprender a fazer caipirinha, de praticar aula de samba, entre outros, e sempre com o dinheiro para gastar. O Futebol e o Carnaval são dois nichos que estamos investindo bastante, já que são muito envolventes. Dos 113 atrativos brasileiros comercializados hoje para o público chinês, 35 estão no Rio, como os desfiles de escola de samba, o Museu do Amanhá, o Aquário, o Réveillon em Copacabana, o Maracanã, entre outros”, revelou Alisson.