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Destinos / Política

Isenção de vistos trouxe 80 mil turistas e injetou R$ 330 milhões no Brasil, diz Unedestinos

Toni Sando presidente da UNIDESTINOS e Visite São Paulo Isenção de vistos trouxe 80 mil turistas e injetou R$ 330 milhões no Brasil, diz Unedestinos

Toni Sando, presidente da Unedestinos (Eric Ribeiro/M&E)

A União Nacional dos Convention & Visitors Bureaus e Entidades de Destinos – Unedestinos considera a volta da exigência de vistos para turistas de Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão como uma decisão precipitada. Por meio de estudo do professor da USP, Glauber Santos, o órgão afirmou que a isenção trouxe resultados positivos mesmo em curto período de efetivo rigor. Sem a pandemia, a projeção aponta a entrada de R$ 800 milhões de receita.

“A medida tinha grande potencial para estimular o turismo receptivo internacional. Contudo, oito meses depois, a atividade turística foi quase arruinada pela pandemia. Sendo assim, a isenção de vistos teve muito pouco tempo para mostrar resultados”, aponta Glauber Santos, Professor do Programa de Pós-Graduação em Turismo da Universidade de São Paulo (PPGTUR-USP).

“Considerando-se o perfil de gastos dos turistas desses países no Brasil, estima-se que a receita adicional tenha sido de R$ 328 milhões”

Toni Sando, presidente da União Nacional de CVBs e Entidades de Destinos (Unedestinos), explica que a medida de 2019 tornou os destinos brasileiros mais competitivos na captação de eventos internacionais. “Convention & Visitors Bureaus trabalham na promoção e apresentação de destinos para atração de congressos, feiras, convenções e simpósios para uma cidade, apresentando seus atributos e diferenciais, em um esforço de convencimento”, disse Toni.

Ainda segundo o presidente, a indústria de eventos mobiliza toda uma cadeia produtiva, gerando novas oportunidades, negócios, emprego e renda, injetando a economia com dinheiro novo. “A isenção de visto para países estratégicos é um atributo a mais para o destino, uma vez que irá receber palestrantes, profissionais, expositores e milhares de potenciais participantes”, conta o executivo. “Em uma candidatura na qual os concorrentes não possuem necessidade de visto, tal fator pode ser crucial na definição do destino”, completou Toni Sando.

Segundo o professor Glauber Santos, nos oito meses em que a isenção de vistos teve condições de mostrar resultados antes do choque da Covid-19, os quatro países isentados enviaram ao Brasil quase 80 mil turistas a mais do que o previsto.

“Considerando-se o perfil de gastos dos turistas desses países no Brasil, estima-se que a receita adicional tenha sido de R$ 328 milhões. Além disso, os dados mostram que o efeito da isenção de vistos ainda estava se consolidando quando foi abruptamente interrompido pela pandemia. A diferença entre o número real e o previsto estava crescendo a cada mês. Isso é esperado, pois o efeito da isenção de vistos não é imediato já que o mercado consumidor leva algum tempo para se ajustar às novas regras. Se a tendência crescente tivesse se mantido, estima-se que o resultado da medida poderia ter passado de 200 mil turistas e R$ 800 milhões por ano”, complementa o professor.

“A isenção de visto para países estratégicos é um atributo a mais para o destino, uma vez que irá receber palestrantes, profissionais, expositores e milhares de potenciais participantes”

O professor ainda detalha que a isenção de vistos tem sido repetidamente evidenciada pela pesquisa científica como uma política com efeito positivo sobre a atração de turistas. “Por exemplo, um estudo de pesquisadores da Universidade de Michigan, que analisou os fluxos turísticos internacionais de 124 países ao longo de 14 anos, constatou que o efeito da dispensa de vistos é positivo”. Segundo a pesquisa, fluxos turísticos isentos de vistos são até 120% maiores do que aqueles em que o documento é exigido. “Além disso, os pesquisadores mostraram que o efeito da isenção sobre o turismo cresceu significativamente ao longo dos anos”, aponta Santos.

Toni Sando Eric Ribeiro Isenção de vistos trouxe 80 mil turistas e injetou R$ 330 milhões no Brasil, diz Unedestinos

Toni Sando: “O momento atual é de clara retomada e o Brasil precisa estar competitivo para que esses novos encontros possam incrementar a economia nacional” (Eric Ribeiro/M&E)

O crescimento apontado pela análise foi intensamente afetado pela crise da pandemia, decretada em março de 2020, que praticamente paralisou toda a atividade do setor de turismo, eventos e viagens. “Durante praticamente dois anos, todas as decisões de captação de eventos foram interrompidas. O momento atual é de clara retomada e o Brasil precisa estar competitivo para que esses novos encontros possam incrementar a economia nacional. A medida anunciada nas últimas semanas se torna um contra-argumento”, opina Toni Sando, da Unedestinos. “Não houve tempo hábil, por conta da pandemia, para se concluir de forma definitiva de que a isenção de vistos não é positiva de forma plena para o turismo no Brasil”, completa.

“O momento atual é de clara retomada e o Brasil precisa estar competitivo para que esses novos encontros possam incrementar a economia nacional. A medida anunciada nas últimas semanas se torna um contra-argumento”

“Os números apresentados sugerem que a isenção de vistos em 2019 teve um impacto positivo considerável sobre o turismo. Contudo, é verdade que houve pouco tempo de normalidade para avaliar os resultados da política de forma mais definitiva. As estimativas aqui apresentadas contam com uma margem de erro não desprezível em razão do curto período avaliado. De qualquer forma, as evidências sugerem que o Brasil não é diferente do que reza a literatura científica acerca dos outros países: aqui também a isenção de vistos atrai muitos turistas”, finaliza o professor.

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