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Hotelaria

Conotel aborda expectativas e impactos da pandemia: “Hotelaria estava na praia e chegou o tsunami”

Raul Martins, Sergio Souza e Orlando Souza

Raul Martins, Sergio Souza e Orlando Souza

O primeiro painel do Conotel 2020 reuniu algumas das principais lideranças do setor hoteleiro nacional para debater as ações e expectativas do setor na adaptação a nova realidade provocada pela pandemia de Covid-19. Para abordar o cenário, o presidente da Fórum dos Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB) fez uma retrospectiva dos últimos anos da hotelaria brasileira desde a recessão econômica dos anos 2015 e 2016. De acordo com ele, os últimos anos foram de recuperação até um 2020, que estava previsto para ser o ano de melhor desempenho para o setor desde a crise.

“Levamos quase dois anos para se recuperar. Foi no final de 2017 que esta recuperação começou a acontecer. Em 2018 tivemos uma taxa de ocupação muito forte, que fez com que em 2019 tivéssemos os mesmos níveis do pré-crise, mas ainda com uma diária média muito abaixo, com um gap de 30% do valor da diária média de 2014 corrigido pela inflação. Isso significa dizer que o fluxo de caixa e a saúde financeira dos hotéis estava muito comprometida já em 2019, mas era um momento de levantar voo. Este momento de 2019 mostrava que 2020 era o ano da redenção, contou Souza.

“A hotelaria estava na praia quando chegou o tsunami” – Orlando Souza

O ano parecia promissor, até que veio a pandemia, afetou severamente os planos de um setor já fragilizado. “Janeiro e fevereiro mostraram que a hotelaria brasileira navegaria em bons mares, com as diárias médias chegando aos níveis de 2014. Aí veio a pandemia, que teve um abalo de 15 dias em março e depois um abalo total em abril. A hotelaria estava na praia quando chegou o tsunami” completou.

O presidente do Fohb falou sobre o impacto na segunda quinzena de março, que acabou por praticamente paralisar o setor no mês de abril, levando a ocupação de uma média de 60% para 6%. Este cenário melhorou ao longo do ano, até chegar a uma ocupação de 25% em setembro. A queda dos indicadores não deve levar somente a uma queda de faturamento, que deve fechar com uma queda de 55% na comparação com 2019. Outro ponto crítico é a depreciação de ativos, principalmente em condohotéis, que tem servido como base de investimento para novos empreendimentos, o que deve impactar nas novas aberturas.

O conjunto de fatores deve retardar a recuperação da oferta, de acordo com Orlando Souza. “A oferta hoteleira não voltará com o mesmo tamanho em 2021 e 2022. Muitos hotéis vão ficar pelo caminho, seja porque estava envelhecido, porque não tem capacidade de investimento, ou porque foi comprado por outras áreas para ser usado para outras atividades” afirmou.

OTIMISMO

Após um cenário de dificuldades, a retomada do Turismo neste segundo semestre, faz com que Sérgio Souza, presidentes da Resorts Brasil, demonstre otimismo em relação a uma recuperação do setor.

“Nos resorts estamos tendo um aquecimento de demanda nos fins de semana. Estamos com dificuldades no preenchimento no meio de semana, uma vez que os eventos corporativos estão parados. Eu tenho uma tendência olhar com um certo otimismo e achar que o advento da vacina vai modificar a realidade que estamos vivendo hoje e podemos ter uma alavancagem do segmento como um todo, inclusive no turismo de eventos e negócios, que é vital para a economia do país”.

Sergio ainda destacou o trabalho do trade e do Ministério do Turismo durante a pandemia como indicadores de um futuro promissor para o setor. “Temos um potencial de turismo interno enorme, um país de dimensões continentais, um trade aguerrido e pela primeira vez um Ministério que está encabeçando esta luta pela retomada e sobrevivência do Turismo. Temos condições únicas para alçar o turismo a dois dígitos”, ressaltou.

RETOMADA EM 2022

O discurso otimista de Sergio Souza contrasta com a opinião de Raul Martins, presidente da Associação de Hotelaria de Portugal. “A ocupação é muito abaixo. Eu sou um pouco mais pessimista sobre quando os eventos retornarão. Eu diria que só depois de a vacina se tornar eficaz teremos uma recuperação. Só depois que todos os ciclos de vacina forem tomados (profissionais de saúde, trabalhadores essenciais e população em geral) é que haverá uma confiança para viajar”, salienta.

“Assim que houver condições essas pessoas vão viajar muito mais e durante mais tempo” – Raul Martins

Martins, no entanto, acredita em um resultado acima do esperado para 2022, em virtude de uma demanda represada no setor de viagens. “Tenho uma expectativa para 2021. Mas tenho uma expectativa muito positiva para 2022. Pois as pessoas têm muita vontade de viajar, faz parte da qualidade de vida do século 21. Há muita gente querendo viajar e que não pode. Assim que houver condições essas pessoas vão viajar muito mais e durante mais tempo. Por isso em penso que em 2022 teremos níveis próximos aos de 2019”, argumenta

SETOR GERADOR DE EMPREGOS

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“Geramos emprego desde a compra do terreno” – Manoel Linhares

Manoel Linhares, presidente da ABIH Nacional, falou sobre a importância do setor como fonte geradora de empregos no país e com um discurso focado na retomada, com base no respeito dos protocolos. “A hotelaria é um setor diferenciado. Geramos emprego desde a compra do terreno. Somos um dos setores que mais gera emprego no mundo, pois trabalhamos em três turnos. No Brasil temos 380 mil empregos diretos e 1,1 milhão de empregos indiretos. Tivemos uma queda muito grande e ficamos com em torno de 9% dos nossos hotéis fechados, mas tenho certeza que nós, não somos de olhar no retrovisor. Temos que olhar pra frente e dizer que a hotelaria brasileira está preparada para receber turistas dentro dos nossos protocolos.

 

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