Crie um atalho do M&E no seu aparelho!
Toque e selecione Adicionar à tela de início.

Destinos / Política

“Ninguém pode garantir uma viagem 100% segura hoje”, afirma secretário-geral da OMT em live do SP Pra Todos

Encontro aconteceu nesta terça

Encontro aconteceu nesta terça

O Governo de São Paulo iniciou nesta terça-feira (2) o Broadcast SP Pra Todos, uma série de transmissões ao vivo para debater a força do turismo e os caminhos a serem seguidos pelo setor após a pandemia de Covid-19. Neste primeiro episódio marcaram presença Zurab Pololikashvili, secretário-geral da Organização Mundial do Turismo (OMT), e Dan Wang, PhD da The Hong Kong Polytechnic University – School of Hotel and Tourism Management. A mediação foi do secretário de Turismo de São Paulo, Vinicius Lummertz.

No encontro foram abordados temas como as mudanças nos protocolos de viagens em todo mundo, o uso da tecnologia para criar soluções e segurança na realidade pós-pandemia, os possíveis cenários de retomada e o uso da tecnologia para desenvolver soluções no setor de viagens e Turismo. “O momento que estamos passando exige uma busca de soluções de uma maneira global”, destacou Lummertz no início do encontro.

O delicado momento do setor foi abordado pelo secretário-geral da OMT, Zurab Pololikashvili, que descartou a existência de uma viagem totalmente segura neste momento. “Ninguém pode garantir uma viagem 100% segura hoje, pois estamos falando de tempos em que eu não posso viajar de Madri para Barcelona, pois há riscos”, afirmou. “A situação é diferente, é um momento muito difícil, mas temos a capacidade de nos recuperar e a força”, completou.

“Setor é um trem no trilho, não vai parar”

A doutora Dan Wang fez uma analogia para indicar que o setor deve ser retomado na mesma intensidade, devido ao nível de globalização atual, que gera uma demanda muito grande por viagens, seja no segmento de lazer como no de negócios.

Dan Wang, da PhD da The Hong Kong Polytechnic University – Schoolof Hotel and Tourism Management

Dan Wang, da PhD da The Hong Kong Polytechnic University – Schoolof Hotel and Tourism Management

“É como um trem no trilho, não vai mudar por causa disso, mas vai recomeçar de uma maneira nova. A crise sempre traz oportunidades e as pessoas refletem sobre as práticas atuais. Estamos falando de um novo normal, então no futuro acho que a a indústria de viagens, em colaboração internacional vai continuar, mas de uma maneira diferente”, afirmou a PhD.

Wang reforçou que a demanda existirá, mas que o desafio do setor será restaurar a confiança do viajante. “Pessoas têm o desejo de viajar, é a natureza do ser humano. Sabemos que as atividades comerciais vão empurrar as viagens de volta ao normal. De forma proativa podemos nos preparar para restaurar a confiança do viajante”, salientou.

Digital ID

Dan Wang falou sobre o uso da tecnologia para garantir a segurança dos viajantes. Ela citou o exemplo da solução desenvolvida na China, a identidade digital, que engloba informações dos cidadãos para definir se têm ou não restrições para acessar regiões e modais de transporte por meio de um QR Code.

Código de saúde desenvolvido na China

Código de saúde desenvolvido na China

Para obter um código de saúde, os cidadãos precisam preencher suas informações pessoais, incluindo nome, número de identidade nacional ou número de passaporte e número de telefone em uma página de inscrição. Eles são solicitados a relatar seu histórico de viagens e se entraram em contato com pacientes confirmados ou suspeitos de Covid-19 nos últimos 14 dias. Eles também precisam marcar as caixas para quaisquer sintomas que possam ter: febre, fadiga, tosse seca, nariz entupido, nariz escorrendo, dor de garganta ou diarréia.

“Acho que a identidade digital vai se tornar uma nova norma para nós. Lógico que a questão de privacidade vai ser um desafio, mas estamos encarando isso e aprendendo como lidar de uma maneira segura. Confiança será fundamental. Temos que fazer com que os viajantes confiem na indústria da aviação, na indústria do turismo, nos aeroportos, na hotelaria”, completou.

Coordenação e ajuda às empresas

Em sua participação, Zurab Pololikashvili falou sobre o trabalho da entidade para identificar modelos adotados em todo mundo e coordená-los, para evitar que um turista tenha que lidar com diferentes protocolos dependendo do seu destino de viagem. Neste trabalho, Zurab considera fundamental o desenvolvimento de soluções por meio da tecnologia.

Zurab Pololikashvili, secretário-geral da Organização Mundial do Turismo (OMT)

Zurab Pololikashvili, secretário-geral da Organização Mundial do Turismo (OMT)

“O papel mais importante da tecnologia vai ser na produção de soluções e ideias. Por isso que, desde o primeiro dia, estamos trabalhando em tecnologias que possam resolver nossa questão de viagens e torná-las mais seguras. Países e destinos estão com diferentes ideias e abordagens, nosso papel é fazer a coordenação para que a gente não tenha diversos sistemas de viagem” destacou.

O secretário-geral abordou novamente a necessidade de apoiar empresas do setor. Vamos mandar para o estados-membros orientações, diretrizes e as prioridades que dizem respeito as empresas privadas e as pessoas, milhões de empregos formais e informais estão sendo afetados, por isso nosso recado é para apoiar essas empresas que estão em situação de insolvência. Apoiar estas empresas significa apoiar milhões de famílias que dependem desta indústria”, ressaltou.

Setor feito de pessoas

Os participantes apontaram o setor de negócios, feiras e eventos como um dos primeiros as se recuperar, mesmo sendo um dos setores que encontrou alternativas para funcionar durante a pandemia. “Talvez muitas empresas viajem menos por causa de custos. Muitas companhias viram que coisas que podem ser feitas por videoconferências. Mas é chato. O turismo é um setor de pessoas. A primeira coisa que as pessoas vão fazer depois que as barreiras terminarem será viajar“, afirmou Zurab.

A dra. Wang fez uma análise parecida, acrescentando a necessidade do contato social para o setor. “O Turismo de Hong Kong fez uma previsão, baseada em estatísticas, de que o mercado de feiras e eventos vai ser o primeiro a se recuperar porque somos seres humanos e apesar das pessoas estarem se acostumando com reuniões virtuais elas se cansam disso também. E as pessoas gostam de negociar e se aproximar ao mesmo tempo que queremos o contato social. A pergunta é se a gente pode estabelecer um protocolo para garantir a segurança e questões de higiene”, analisou.

Brasil

Zurab Pololikashvili falou sobre o Brasil e o contato constante com o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, para acompanhar a situação. Ele destacou a presença do país no comitê de crise da OMT, mas não cravou uma posição sobre uma retomada nas viagens internacionais, principalmente tendo a Europa como origem.

“Muito difícil dizer quando a Europa vai voltar a se conectar com o Brasil. Estamos conversando com o Ministro Marcelo Álvaro e acreditamos que isso possa acontecer em dois, três, ou quatro meses. Honestamente ninguém pode definir uma data exata”, concluiu.

Receba nossas newsletters