Crie um atalho do M&E no seu aparelho!
Toque e selecione Adicionar à tela de início.

Entrevistas

​Guilherme Paulus: ações do Turismo precisam de união e continuidade

Guilherme Paulus

Guilherme Paulus


Empreendedor. É assim que se pode chamar Guilherme Paulus, um dos maiores empresários do país. Em 1971 ele começou sua carreira no turismo e, no mesmo ano, deu início a sua primeira empresa, a CVC – que foi ainda a primeira operadora a fretar aeronaves, adotar um modelo de distribuição de produtos no varejo, a parcelar a venda de seus pacotes e tornar o turismo acessível para todos.

Na aviação, Paulus adquiriu a Webjet em 2006 e a transformou na terceira maior companhia brasileira. E em 2005 fundou a GJP Hotéis & Resorts, que hoje passa por uma expansão com investimentos de mais de R$ 1 bilhão até 2018, quando a rede terá 48 hotéis e 7,5 mil apartamentos pelo Brasil. Líder empresarial do setor turístico, Paulus é o único representante do segmento no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), indicado pela Presidência da República.

Abaixo na entrevista, Guilherme Paulus fala um pouco de como vê o país com a chegada dos megaeventos e em como consegue dividir seu tempo entre tantas atividades.

MERCADO & EVENTOS – Como vê o momento do turismo no Brasil com o início dos megaeventos? Que legado eles podem deixar?
Guilherme Paulus –
Claro que queremos o melhor para nosso país. E apesar do tempo que tivemos para nos preparar, cometemos alguns pecados. Mas agora é bola pra frente, porque não temos como voltar atrás e fazer diferente. Temos 12 novos estádios de futebol que poderão ser utilizados para atrair novos negócios para as cidades. O esporte está muito ligado ao turismo e o setor tem que saber aproveitar isso. Esse legado vai trazer desenvolvimento para o turismo se esses espaços forem bem aproveitados. As vias no entorno foram melhoradas e sem deixar de falar na reformulação dos aeroportos, que já deveriam ter sido feitas independente da Copa do Mundo. A segurança também é muito importante para o turismo, ações devem ser tomadas. Mas eu vejo com bons olhos tudo o que foi feito. As pessoas criticam, mas não sabem o que está de fato acontecendo. As cidades-sede melhoraram muito, a infraestrutura do Brasil melhorou muito.

M&E – Novos governantes assumem seus cargos em 2015. Como o turismo deve ser visto e utilizado no processo para desenvolvimento da economia?
Guilherme Paulus
– O que atrapalha, e muito, é a falta de continuidade nas políticas públicas. Sou a favor de um mandato presidencial mais longo, de seis anos, por exemplo. Precisamos também ter uma bancada no Congresso, na Câmara dos Deputados e no Senado que represente o turismo efetivamente. Hoje não temos. Existe boa vontade dos deputados e senadores em desenvolver o turismo, mas a interlocução com nossas bases são lentas. As comissões de turismo existem e nossas entidades deviam se valer disso para termos mais força perante o Senado e Câmara dos Deputados. Falta uma comunicação mais forte. Sem falar no próprio Ministério do Turismo, onde hoje não temos influência nenhuma, embora façamos parte do Conselho. A representatividade ainda é muito pequena. Eles até nos ouvem, mas nada é feito. O problema é que quem comanda as decisões são Senado e Congresso e não temos ninguém que nos represente para defender nossas reivindicações na hora da votação. Temos que eleger candidatos nossos para o Congresso, cabe a nós e as entidades apoiarmos alguém para chegar a esse posto para nos representar.
 
M&E – Qual a sua opinião sobre a qualidade do nosso turismo receptivo e o que pode ser feito para melhorar?
Guilherme Paulus –
Nós estamos preparados para receber todos os turistas. Vejo muita organização nas cidades. Os empresários entenderam a necessidade de se profissionalizar para atender a seus clientes. Todos já se prepararam para receber os turistas e todos sabem da responsabilidade. O que não podemos prever são as intempéries.
 
M&E – Como deve ser vista a questão da classificação hoteleira que até hoje não tem uma matriz definida?
Guilherme Paulus –
Acho que isso é um trabalho forte da ABIH. Não precisamos de órgão nenhum para nos legislar. Nós, das redes hoteleiras, sabemos como classificar nossos hotéis, sabemos o que satisfaz nosso cliente. O que precisamos é de uma base, definir o que é um hotel cinco estrelas, um quatro e, assim, por diante. Mas não precisamos de ninguém dizendo como é o nosso hotel. Acredito que esse devia ser um trabalho invertido. Os hotéis, junto com a ABIH, deveriam apresentar um trabalho e o MTur deveria homologar e seguir essas diretrizes. E não o contrário, como é hoje. Por isso, muitos hotéis não seguem o que foi proposto, por não aceitar as características definidas por terceiros. Acredito que falte foco para levar essa proposta a diante.

M&E – E em relação ao custo Brasil? Como tornar o país mais competitivo e o que impede que isso aconteça?
Guilherme Paulus –
O que falta é a aprovação daquela famosa reforma tributária, que está parada no Congresso há anos. Não adianta pedir desoneração temporária. Ela tem que ser permanente e, para isso, é preciso um planejamento junto com os órgãos do governo; onde cada setor faz seu trabalho e mostra onde esta apertando. Cito como exemplo os charteres no Brasil, que hoje são inviáveis. Cobram 25% de ICMS sobre o combustível e assim fica impossível as companhias aéreas terem preços competitivos no mercado. Sem falar nos custos operacionais das empresas. O trabalho temporário deveria ser flexibilizado. Não estou dizendo para esquecer a CLT, e sim usar ela como base para uma contratação por horas. No turismo é muito difícil bater cartão ou manter três turnos de funcionários. Esses são assuntos que deveriam ser olhados com mais atenção por todos.  

M&E – A GJP tem planos de abrir IPO ou ainda de expandir seus negócios para o mercado internacional?
Guilherme Paulus –
Em relação ao IPO, ainda não pensamos nisso, é muito cedo. E já pensamos em internacionalizar nossos hotéis. Mas para isso é preciso uma mudança na legislação brasileira. Porque temos que levar investimento para fora para construção dos hotéis e depois temos que trazer os resultados para o país. Tudo isso gera imposto e, às vezes, não é viável esse processo. Isso é ainda algo que temos que pensar melhor.

M&E Como você consegue dividir o seu tempo entre a CVC, a GJP e ainda o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES)?
Guilherme Paulus –
A volta do Patriani e a chegada do Falco na CVC me deixaram mais tranquilo, tanto que hoje eu dedico apenas 30% do meu tempo para a operadora. Hoje estou mais focado nos hotéis da GJP, com a expansão que está por vir. Já a CDES esta muito ligada ao que eu já faço nas minhas duas empresas. Eu vejo os problemas e dificuldades que eu tenho, ouço meus amigos do turismo e levo tudo isso para o Conselho. E eu participo ativamente dele, vou a todas as reuniões e sempre faço intervenções. Nesses 12 anos acho que não teve um relatório de reunião onde eu não tenha feito alguma reivindicação para o turismo.

Receba nossas newsletters
 

Todo o conteúdo produzido pelo Mercado & Eventos é protegido pela legislação brasileira sobre direito autoral. Não reproduza o conteúdo sem autorização do Mercado & Eventos.

Para compartilhar esse conteúdo, utilize uma das formas de compartilhamento dentro da página.