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Entrevistas

​Olimpíadas: “Oportunidade única do Rio ser referência turística”

Carlos Arthur Nuzman

Carlos Arthur Nuzman


No ano em que promove pela primeira vez na América Latina uma Olimpíada, entre os dias 5 e 21 de agosto, além da Paralimpíada, entre de 7 a 18 de setembro, o Brasil vê a realização deste megaevento como uma oportunidade de despertar o interesse de turistas estrangeiros, de modo a permitir ao Rio de Janeiro (e ao país como um todo) uma maior visibilidade, ampliando o fomento à indústria turística. Nesta entrevista ao M&E, Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), fala sobre hotelaria, a infraestrutura que vem sendo preparada, o esquema de segurança previsto e a importância de flexibilizar os vistos para os visitantes estrangeiros.

MERCADO & EVENTOS – Quais os benefícios da parceria entre Turismo e Esporte?
Carlos Arthur Nuzman –
O esporte tem se mostrando um grande gerador de fluxo turístico, em função não apenas dos atletas participantes, que precisam se deslocar, consumir e se hospedar a cada competição, mas principalmente de espectadores apaixonados, que viajam para assistir seus ídolos e esportes preferidos. Com a expertise a partir de grandes eventos, como Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, o Brasil amplia sua capacidade de atrair e receber grandes eventos. E com os Jogos Olímpicos, que oferecem instalações e estrutura para campeonatos mundiais de 42 esportes, e os Jogos Paralímpicos, de 23 modalidades, o Rio de Janeiro ganha uma estrutura esportiva digna das cidades globais. A capital fluminense estará apta a pleitear e ampliar o leque de eventos e modalidades disputadas anualmente no país. O plano de legado dos Jogos manterá várias instalações para a prática de esportes por atletas de alto rendimento e pelo carioca. Um bom exemplo é o campo de golfe que teremos na Barra da Tijuca. A existência do campo com padrões internacionais estimulará o turismo ligado ao esporte, que é um importante mercado hoje. É preciso lembrar ainda que as belas imagens do Rio ganharão o mundo e chegarão, via competições, a bilhões de espectadores em todo o planeta. Não há promoção melhor.

M&E – Acredita que o Rio de Janeiro tem condições de oferecer um padrão de atendimento de qualidade aos milhares de turistas?
Carlos Arthur Nuzman –
O Rio, o Brasil e a América do Sul vão receber, pela primeira vez, a maior celebração do esporte mundial e estamos conduzindo a organização com responsabilidade e total consciência da complexidade dessa missão. O interesse do mundo já levou a cidade e o país a uma maior visibilidade no turismo e na indústria mundial de eventos. Os Jogos Rio 2016 aceleraram o crescimento e transformaram a cidade. Os órgãos governamentais ligados ao turismo, como MTur, Embratur e Riotur, e as entidades que trabalham pelo crescimento da atividade no Rio, sabem que os Jogos Olímpicos estão colocando a cidade na vitrine e podem ser um grande divisor na história do turismo carioca – que farão do Rio uma cidade de fato global. Essa pode ser uma oportunidade única de fazer do Rio a grande referência turística do continente.

M&E– Como avalia os desafios da mobilidade urbana. O que se pode esperar ?
Carlos Arthur Nuzman –
A cidade está preparada. A melhoria no sistema de transporte é um dos principais legados dos Jogos, com a Linha 4 do Metrô e os BRTs (Bus Rapid Transit). A Prefeitura anunciou recentemente um Plano de Mobilidade para facilitar os deslocamentos durante o período – serão cerca de 260 km de faixas prioritárias na cidade, facilitando a chegada aos locais de competição. Todas as instalações esportivas poderão ser acessadas por BRT, metrô ou trem.

M&E – O que deve ser feito para prevenir problemas com a segurança de atletas e turistas?
Carlos Arthur Nuzman –
A segurança está a cargo da Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos do Ministério da Justiça, comandada pelo secretário Andrei Rodrigues. Já foi implementado o Centro Integrado Antiterrorismo, ambiente específico de polícia, de segurança pública e de inteligência, para ampliar o intercâmbio de informações, treinamentos e aprendizado. Policiais de vários países estão colaborando conosco. A cooperação mútua entre países é fundamental. Em 2015, o Brasil enviou ao exterior cerca de cem policiais para conhecer as melhores práticas em grandes eventos internacionais. Para o Rio, virão 10 mil homens da Força Nacional de Segurança Pública. No total, 85 mil profissionais trabalharão intensamente nos meses de agosto e setembro, durante os Jogos. O Brasil recebeu uma sequência de eventos que não aconteceu em nenhum outro lugar, o que nos permitiu avançar e amadurecer.

M&E – A cidade está bem preparada para hospedar os turistas que chegarão?
Carlos Arthur Nuzman –
Desde a vitória da candidatura, em 2009, buscamos firmar o Rio de Janeiro como uma cidade cada vez mais profissional no que tange os grandes eventos. Atuamos para estabelecer preços justos juntos aos hotéis que hospedarão a chamada Família Olímpica, em contratos com prazos e condições estabelecidos mutuamente. Além disso, o Rio vive um novo momento no que diz respeito a seu parque hoteleiro. Em 2009, a cidade não somava 30 mil quartos de hotéis. Em 2016, deverá ter 60 mil apartamentos, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH). Essa ampliação é boa para os eventos. As opções se ampliam, redes de todo mundo chegam, a concorrência melhora a qualidade das instalações e equilibra os preços. Esse é mais um legado dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Ainda para garantir que todos os tipos de público se encontrem no Rio, o Comitê Rio 2016 tem na AirBnb seu parceiro de hospedagem alternativa, o que colabora para ampliar as opções de consumidores e o maior equilíbrio de preços.

M&E- Como facilidades na emissão de vistos podem contribuir para o país receber mais turistas?
Carlos Arthur Nuzman –
O Governo Federal está facilitando a entrada, via liberação da necessidade de vistos, de visitantes de quatro países: Canadá, Estados Unidos, Japão e Austrália. Esses países são grandes emissores de turistas e estamos certos de que isso influirá a favor do Rio de Janeiro. Teremos mais visitantes e, em consequência, mais gente para falar bem da cidade, contar para familiares, amigos, compartilhar as belezas do Rio nas mídias sociais em todo o planeta. Durante os Jogos, teremos atletas de 206 países no Rio e uma audiência global de cinco bilhões de pessoas. Temos também um compromisso com a prosperidade local e uma parceria com o Sebrae, que estimula a participação de micro e pequenas empresas no evento. O objetivo é tornar as empresas brasileiras mais competitivas e em condições de encarar em igualdade as empresas globais já acostumadas a atender megaeventos.

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