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Entrevistas

“Airbnb é uma concorrência desleal”, diz FOHB

Manuel Gama

Manuel Gama


Em entrevista exclusiva ao MERCADO & EVENTOS, o presidente do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), Manuel Gama, afirmou que o órgão e seus associados não são contra o Airbnb. Segundo ele, eles são, apenas, contrários a disputa do mesmo mercado em circunstâncias diferenciadas. “Nós registramos 183 mil empregos diretos, investimos em reformas, em tecnologia, em outros serviços e somos tributados. E esses tributos não são pequenos. O mesmo não ocorre com o Airbnb. Por isso, eles conseguem bons preços. Sem contar a questão da segurança dos seus usuários, já que muitos são em locais residenciais”, ressalta Manuel Gama.

MERCADO & EVENTOS – O FOHB tem alguma preocupação com uma possível baixa ocupação dos hotéis durante as Olimpíadas?
Manuel Gama –
O Comitê devolveu alguns apartamentos bloqueados na Barra da Tijuca e na Zona Sul da cidade. Fato que não preocupa. Isso aconteceu na Copa do Mundo. A Match, empresa responsável pelo setor no evento esportivo, entregou alguns quartos meses antes do início dos jogos. Resultado, a ocupação hoteleira no Rio atingiu mais de 97% no final da Copa do Mundo.

M&E – Após os jogos Olímpicos, o Rio de Janeiro vai ter problema de superoferta?
Manuel Gama –
Inicialmente sim, mas o Rio de Janeiro tem uma capacidade de recuperação muito grande. A cidade consegue ter uma boa capacidade tanto no lazer quanto no corporativo. O lazer muita das vezes é responsável pela ocupação dos finais de semana e o corporativo durante os dias de semana. Acredito que já em 2017 a oferta terá demanda.

M&E – Em relação às Paralimpíadas, a cidade está preparada para receber esses clientes especiais?
Manuel Gama –
Já estamos preparados. O problema é outro. O hóspede que necessita de mais atenção não consegue chegar ao hotel. Não existe transporte público de qualidade, as ruas não são acessíveis e outros diversos problemas que os governos devem resolver o quanto antes. Em 2014, apenas 0,6% dos nossos clientes possuíam alguma necessidade especial. Este ano o número deve se manter. Atualmente, para o deficiente chegar a nossos empreendimentos é uma batalha.

M&E – Qual a opinião dos associados do FOBH sobre o Airbnb?
Manuel Gama –
Não somos contrários ao Airbnb. Somos contrários a disputa do mesmo mercado em circunstâncias diferenciadas. Nós registramos 183 mil empregos diretos, investimos em reformas, em tecnologia, em outros serviços e somos tributados. E esses tributos não são pequenos. O mesmo não ocorre com o Airbnb. Por isso, eles conseguem bons preços. Sem contar a questão da segurança dos seus usuários, já que muitos são em locais residenciais

M&E – O que o FOHB espera em relação a números para 2016?
Manuel Gama –
A ocupação hoteleira dos seus associados terá um aumento de apenas 2% e a diária média de 4,5%. O RevPar – Receita por Quarto Disponível – subirá apenas 6,6%. Fato que preocupa porque ele ficará abaixo da inflação. No segundo semestre de 2017 vislumbramos uma melhora que deve se concretizar apenas em 2018, com um cenário econômico e político melhor.

M&E – Por que esse cenário ainda é tenebroso?
Manuel Gama –
Os custos de energia, de insumos e de evidentes aumentos nas cargas tributárias, como a reoneração da folha de pagamentos, exercem uma pressão nas despesas dos empreendimentos cerca de 40% maior que o índice de inflação previsto para 2015, que é de mais de 9% ao ano. Por isso, promover reajuste nas tarifas é necessário para fazer frente à atual situação, com o objetivo de mantermos um mercado saudável, em que possamos continuar a gerar empregos, distribuir renda e promover a melhor experiência para nossos hóspedes

M&E – O dólar alto não vai beneficiar a hotelaria brasileira?
Manuel Gama –
A moeda norte-americana vai facilitar a vinda de turistas estrangeiros que procuram lazer. Os empreendimentos voltados para este setor serão beneficiados. Por outro lado, como muitos dos nossos associados são voltados para o mercado corporativo, o cenário preocupa. A crise como um todo prejudica. As pessoas viajam menos. Na hora dos cortes na despesa, a viagem é uma das primeiras a saírem da lista de prioridades. Em suma, todos os setores da cadeia econômica são afetados.

M&E – Recentemente o FOHB apresentou uma lista de reivindicações ao Ministério do Turismo. Quais pontos foram abordados?
Manuel Gama –
O documento tinha pressupostos básicos para que o setor turístico tenha mais competitividade. Tais quais como a ampliação do parque hoteleiro nacional; o fortalecimento do modelo de investimento pulverizado; a capacitação e qualificação da mão de obra do setor hoteleiro; isonomia entre hotelaria e sharing economy; a desoneração da folha de pagamentos; a alteração da obrigação de 10% de quartos adaptados em hotéis (prevista na Lei 13.146/2015 – Lei Brasileira de Inclusão); a flexibilização de vistos para estrangeiros; a participação da iniciativa privada na elaboração de estratégias e condução de atividades de promoção turística no País; a regulamentação do trabalho de curta duração; a regulamentação das gorjetas – PLC 57/2010; a regulamentação da cobrança de direitos autorais na hotelaria; e alterações na Lei Geral do Turismo.​

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