Um levantamento feito pela Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) revelou que a maior parte (60%) das associadas realizou vendas em maio, sempre para embarques futuros, o que mostra uma recuperação de 14% em relação ao total de operadoras que comercializaram viagens em abril (46%). Entre os fatores que podem ter contribuído para este ligeiro aumento, estão os protocolos de segurança e saúde anunciados.
Dessas vendas, 80% das empresas teve a maior parte do seu faturamento em viagens para destinos nacionais, o que confirma a tendência de que as vendas do turismo doméstico serão mais beneficiadas em 2020. Referente às datas de embarque, para quase 30% das empresas, a maior parte das vendas foi para viagens marcadas para o segundo semestre desse ano. Já para pouco mais de metade das empresas, a maior parte das vendas (entre 51 e 100%) se concentrou em embarques para 2021.
Dessas vendas, 80% das empresas teve a maior parte do seu faturamento em viagens para destinos nacionais, o que confirma a tendência de que as vendas do turismo doméstico serão mais beneficiadas em 2020
Apesar do pequeno aumento de comercializações, o faturamento registrado no mês de maio teve uma redução entre 75 e 90% em relação ao mesmo período de 2019, segundo 91% das empresas, o que representa uma perda de R$ 900 milhões a R$ 1,08 bilhões em vendas. A expressiva maioria (85%) apresenta expectativas de redução de faturamento acima de 50% para 2020. É predominante (54%) a espera de redução de faturamento entre 51% e 75%, ou seja: de R$ 7,65 bi a R$ 11,25 bi.
Entre os pedidos de cancelamento, que fizeram parte do cotidiano de 91% das empresas consultadas, uma mudança chama a atenção e indica o início de uma estabilização: a diminuição dos pedidos de cancelamento foi apontada por mais empresas (28%) do que o aumento dessas solicitações (22%). Exatos 50% mantiveram essa demanda nos mesmos patamares de abril. As operadoras estimam que os reembolsos praticados até o momento estão na média de meio bilhão de reais.
Linhas de crédito para conter a crise
A dificuldade de acesso às linhas de crédito com condições especiais tem sido um agravante para o setor de turismo. 42% das operadoras de turismo não pretendem buscar crédito junto a instituições financeiras. 29% solicitou e está aguardando resposta e 16% pretende buscar. Entretanto, menos de 2% das empresas obtiveram os recursos financeiros solicitados.
Retomada das viagens
A maioria das empresas (73%) espera que a retomada na comercialização de viagens nacionais para embarques futuros ocorra entre agosto e dezembro de 2020, enquanto 17% apontam para 2021, o que mostra uma leve melhora da expectativa de retomada ainda para este ano. Já em relação às viagens internacionais, 58% indica o segundo semestre e 38% apontam 2021.
Outro destaque são os ajustes e implementação de novas rotas de atuação e operação por parte das empresas. Antes da pandemia, 100% dos operadores atuavam com emissivo internacional e 80% com emissivo nacional (dessas, 41% tinham o nacional como atuação principal). Se, por um lado, 31% optou por reduzir ou suspender momentaneamente sua operação internacional, por outro, quase metade (45%) apontou para o fortalecimento e foco na operação do nacional. Já 15% indicou que está iniciando sua atuação/operação focada no Brasil.
Segundo a Braztoa, os números continuam indicando que os consumidores tendem a buscar primeiramente as viagens nacionais, que dão maior segurança sanitária, e a retomada do turismo internacional será mais lenta
Segundo a Braztoa, os números continuam indicando que os consumidores tendem a buscar primeiramente as viagens nacionais, que dão maior segurança sanitária, e a retomada do turismo internacional será mais lenta, conforme ocorrerem as aberturas de fronteiras, houver mais estabilidade cambial e protocolos globais para garantir a segurança dos viajantes.
“Acreditamos que, a partir do momento em que a sensação de viagem segura se tornar uma realidade palpável e nítida, as pessoas começarão a retomar seus planos de conhecer diversas partes do Brasil e do mundo e, neste cenário, o papel de consultoria especializada das operadoras será ainda mais essencial”, completa Roberto Haro Nedelciu, presidente da Braztoa.
Esta é a terceira pesquisa em parceria com o Laboratório de Estudos em Sustentabilidade e Turismo da Universidade de Brasília (LETS/UnB), que revelou a evolução dos impactos da pandemia do Covid-19 no negócio das operadoras de turismo e dados desta vez referentes ao mês de maio.