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Dois anos de pandemia: os desafios, as conquistas e o trabalho árduo do Turismo

Por Ana Azevedo, Janaína Brito, Natália Strucchi, Pedro Menezes, Rafael Torres e Roberto Maia

covid 19

O mundo mudou, o mercado mudou e todos tiveram que se reinventar no momento mais difícil da história do Turismo

No dia 11 de março de 2020, o diretor geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom, elevou o estado da contaminação à pandemia de Covid-19, doença causada na época pelo que chamavam de “novo coronavírus”. A partir daquele momento, o turismo realmente paralisou! As fronteiras foram fechadas, os voos foram cancelados e os hotéis, agências de viagens e armadoras de cruzeiro suspenderam as atividades.

Dois anos se passaram desde então. O coronavírus, que era novo, ficou velho, passou a conviver conosco e nos apresentar suas variantes. E no meio deste caos inteiro, o maior da história recente da humanidade, o Turismo foi o mais atingido. O setor acumulou prejuízos de US$ 4,5 trilhões, viu empresas fechando as portas e encerrando 62 milhões de postos de trabalho em todo mundo, isso apenas no primeiro ano de pandemia (2020).

E agora estamos nos encaminhando para o novo normal. Uma pesquisa realizada pelo Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC) revelou que a contribuição do setor para a economia global pode chegar a US$ 8,6 trilhões este ano, apenas 6,4% abaixo dos níveis pré-pandemia. Se a previsão se concretizar, fecharemos o ano com 94% dos números pré-pandemia. Em 2019, o setor tinha gerado quase US$ 9,2 trilhões para a economia global.

No Brasil, apesar do crescimento de 21,1% do índice de atividades turísticas em 2021, com um faturamento de R$ 152,4 bilhões, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apurou que o setor de Turismo deixou de faturar R$ 214 bilhões no ano passado, acumulando, desde fevereiro de 2020, R$ 473,7 bilhões em perdas de receitas.

Mas o que mudou para o Turismo nestes dois anos de pandemia? O que aprendemos? O que iremos levar como legado deste verdadeiro caos que vivemos nos últimos dois anos? O M&E entrou em contato com entidades do trade para entender um pouco o que mudou na visão deles dentro do setor.

Abav Nacional

Magda Nassar, presidente da Abav Nacional

Magda Nassar, presidente da Abav Nacional

“Tivemos uma biblioteca de desafios, com muitos volumes para contar toda esta história. O que posso resumir é a resiliência de todo o setor, porque as agências de viagens tiveram um papel muito complicado nesta pandemia, com cancelamentos infinitos, processos de reembolso e de repatriação, mas com receita zero. As agências ficaram na linha de frente do Turismo durante esta pandemia. Foram muitos retrabalhos e sem remuneração. Só no segundo ano de pandemia que começamos a entender o melhor caminho e agora passamos pela última instabilidade, com o surgimento da Ômicron.

As agências ficaram na linha de frente do Turismo durante esta pandemia. Foram muitos retrabalhos e sem remuneração

No entanto, continuamos na pandemia. Ela não acabou, ela está fazendo aniversário, com muitas remarcações pela frente e muitos reembolsos para tratarmos agora dos cancelamentos de janeiro. A pandemia foi e continua sendo muito difícil. No entanto, esse aniversário vem num momento muito melhor, de recuperação do interesse em viagens. Esta pandemia é quase como um batimento cardíaco, tem altos e baixos, acelera e desacelera, mas continuamos firmes”.

Associação Brasileira das Operadoras de Turismo

Roberto Haro Nedelciu, presidente da Braztoa

Roberto Haro Nedelciu, presidente da Braztoa

“Durante este período, aprendemos a nos adaptar rapidamente aos cenários. A corrida contra o tempo foi para garantir a segurança das pessoas e das empresas de turismo. Ajudamos, ao lado do governo, a repatriar pessoas, levamos informação precisa para quem precisou.

Nos unimos a outras entidades e trabalhamos pelos nossos pleitos, que foram (e muitos continuam sendo) da gestão dos funcionários, ao suporte financeiro, passando pelos adiamentos e cancelamentos de viagens e, também, pelos impostos que oneram o setor de agenciamento já tão impactado pela pandemia.

A trajetória não tem sido fácil e o caminho ainda é longo, mas entre idas e vindas, mudanças e reconstruções, viajar é algo que permanece na lista de desejos das pessoas. A união e a resiliência têm sido protagonistas neste momento de reconstrução do Turismo e é por ela que chegamos até aqui.”

ABIH Nacional

Manoel Linhares, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis - ABIH Nacional

Manoel Linhares, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis

“Os dois últimos anos deixam diversos legados, entre eles, destaco a importância da união da indústria de hotelaria e turismo para conquistar seus pleitos junto às autoridades em todos os níveis e a negociação entre os sindicatos patronais e dos trabalhadores para que pudéssemos manter as empresas funcionando, preservando também os empregos e a renda da população.

As consequências da pandemia na hotelaria ainda repercutem em todo o país. Diversos meios de hospedagens encerraram suas atividades no período, outros vêm tendo dificuldade de retomar os trabalhos, mas esperamos que esse ano, diante do avanço da vacinação e da queda nos números da pandemia, marque a recuperação do turismo no país, com o setor alcançando índices semelhantes ou mesmo superiores aos de 2019.

Para que isso aconteça, porém, contamos com a compreensão das autoridades federais, estaduais e municipais pois são necessárias medidas de estímulo ao setor e, a principal delas, é a aprovação da Lei Geral do Turismo (LGT) que aguarda votação no Senado e que é uma das ações mais urgentes para que possamos impulsionar a atividade no país.”

Federação Brasileira de Indústria e Hospedagem (FBHA)

Alexandre Sampaio fbha CNC 2021 - Créditos Marcelo Freire (3)

Alexandre Sampaio, presidente da FBHA (Marcelo Freire)

“Aprendemos a ser mais eficientes, mais resilientes, a preservar os melhores colaboradores, aqueles que realmente ajudaram as empresas a superar esta crise em parcerias que transcenderam a relação empregador e funcionários. Ouvimos nossos clientes, esclarecemos seus receios e soubemos oferecer o diferencial que nos ajudou a passar por este pesadelo e nos preparar melhor para um novo ciclo”.

Associação Brasileira das Empresas Aéreas

Eduardo Sanovicz, presidente da Abear, revelou que as companhias estão se preparando para a retomada com novos padrões de segurança

Eduardo Sanovicz, presidente da Abear

“Após dois anos de pandemia, que deflagrou a pior crise da história da aviação comercial brasileira, o trabalho da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) permanece intenso para garantir que a aviação comercial tenha cada vez mais condições de promover o desenvolvimento social e econômico, enfrentando diariamente os custos estruturais do setor, especialmente a escalada do preço do querosene de aviação. Fazem parte desse esforço, desde quando monitoramos os primeiros sinais de que a pandemia teria um forte impacto para o setor aéreo, o diálogo permanente com o poder público e o Congresso.

“Destaco a união que a Abear protagonizou entre toda a cadeia do transporte aéreo e as dezenas de atividades catalisadas pelas companhias aéreas, especialmente o Turismo, para que pudéssemos checar até aqui”

Também destaco a união que a Abear protagonizou entre toda a cadeia do transporte aéreo e as dezenas de atividades catalisadas pelas companhias aéreas, especialmente o Turismo, para que pudéssemos checar até aqui, com disposição para construir uma retomada que nos conduza a um outro patamar, dobrando a quantidade de pessoas que viajam de avião, embarcando mais carga, atendendo mais destinos domésticos, especialmente regionais, inaugurando cada vez mais rotas internacionais e transportando gratuitamente órgãos para transplante. Só assim, teremos condições de ter uma aviação ainda mais resiliente.”

Associação Brasileira de Navios de Cruzeiro

Marco Ferraz, presidente da Clia Brasil (Eric Ribeiro M&E)

Marco Ferraz, presidente da Clia Brasil (Eric Ribeiro/M&E)

“Os cruzeiros foram um dos setores mais afetados pela pandemia e os desafios são diários. Entre os momentos mais desafiadores, posso citar a suspensão da temporada 2020/2021 e a dupla aprovação da temporada atual (passamos por isso mais de uma vez).

Passamos por esses momentos difíceis com responsabilidade, resiliência e muito trabalho focado nas pessoas, no meio ambiente, no compliance e nas comunidades Esse foi o principal ponto de trabalho da Clia e seus membros desde o início da pandemia da covid-19.

Com medidas respaldadas por médicos, cientistas e especialistas, sempre aptas a adaptações de acordo com o cenário e com as exigências de cada país, nossa indústria atravessou os dias desafiadores e, hoje, contabiliza mais de seis milhões de cruzeiristas embarcados em todo o mundo, desde a retomada das operações em julho de 2020″.

Unedestinos

Toni Sando - presidente executivo do Visite SãoPaulo Foto Eric Ribeiro

Toni Sando, presidente da União Nacional de CVBs e Entidades de Destinos

”As entidades são reflexos do mercado. Quando o associado não está bem ele tem dificuldades em manter seu compromisso, embora seja neste momento que precisamos fortalecer as organizações representativas. Esse período de dois anos nos fez rever o modelo de negócios, novas alternativas de receitas, transformando um CVB tradicional em uma Agência de fomento do destino. Hoje mais do que nunca, as organizações de Conventions e as de Visitors precisam atuar em sintonia com um novo mercado, com um novo consumidor. E, assim, contribuirá como um protagonista do destino, apoiando toda a cadeia de viagens, turismo eventos”.

Associação Brasileira de Empresas de Eventos

Fátima Facuri - presidente da Abeoc Foto Eric Ribeiro (2)

Fátima Facuri, presidente da Abeoc

“Depois que o “meteoro caiu”, permanecemos nele. O nosso setor foi muito afetado e as medidas que tomamos também não foram muito efetivas. Houve momentos difíceis. Nós ainda continuamos no calvário, muitas dívidas ainda permanecem, principalmente para quem pegou empréstimo. O setor está endividado.

Houve momentos difíceis. Nós ainda continuamos no calvário, muitas dívidas ainda permanecem, principalmente para quem pegou empréstimo. O setor está endividado

Mas, existem sim coisas positivas. É importante frisar que nosso setor se tornou mais conhecido, tanto na mídia – principalmente por veículos que não atuavam em nosso segmento e hoje falam do nosso setor, quanto para os empresários. Os eventos híbridos estão em alta o que faz com que possamos atingir mais pessoas e são mais sustentáveis também.

Os retornos do eventos que puderam acontecer no segundo semestre de 2021 e 2022, principalmente os corporativos, tem sido um sucesso. Em termos de negócios, volumes de negócios, expectativa de públicos sendo superadas. Na retomada, seguindo ainda alguns protocolos, acreditamos que o setor terá uma alavancada, com a expectativa de criação de bons negócios”.

Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis

Marco Aurélio Nazaré, da M&M Rent a Car (MG) assume como novo presidente da Abla a partir de 1 de janeiro

Marco Aurélio Nazaré, presidente da Abla

“Como todo o setor de serviços, a locação de veículos foi afetada consideravelmente pelas restrições da pandemia. Enfrentamos diversas situações que puseram à prova a resiliência das empresas. Além de questões recorrentes entre vários setores – como a manutenção da mão-de-obra, a dificuldade na tomada de crédito e a necessidade de renegociar contratos –, as locadoras viram: muitos carros serem devolvidos, a ponto de terem seus pátios lotados; a repentina estagnação do mercado de locação para motoristas de aplicativos; e a virtual paralisação do turismo e, consequentemente, da locação diária. Chegamos a março de 2022 com a perspectiva de recuperação”.

Associação Brasileira de Parques e Atrações (Adibra)

Vanessa Costa, nova presidente da Adibra

Vanessa Costa, presidente da Adibra

“O setor de parques de diversões foi um dos mais impactados com a pandemia, além de ter sido o primeiro a fechar e um dos últimos a ter a retomada. Desde o início da pandemia, a Adibra participou de reuniões com os governos federal, estadual e municipal, com o objetivo de promover condições para que fosse possível mitigar as perdas. Participamos do G20+ (grupo que reúne associações do trade turístico) que pleiteou a MP 936, que resultou na Lei 14.020, que permitiu a redução de jornadas e a suspensão temporária de contratos em razão da pandemia, bem como a sua reedição.

Também discutimos o Projeto de Lei 5638/20, que propôs a criação do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse); o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), dentre outras ações”.

Sistema Integrado de Parques e Atrações Turísticas (Sindepat)

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Carolina Negri, presidente executiva do Sindepat

“Fomos um dos protagonistas na abertura dos diálogos com as demais associações de turismo, liderando a formação do grupo conhecido como G20+ (reúne mais de 20 associações do trade turístico), com a função de esclarecer aos poderes Executivo e Legislativo as necessidades do setor para o enfrentamento da pandemia. Também fomos buscar as experiências internacionais e, em parceria com a Associação Brasileira de Parques e Atrações (Adibra), desenhamos os protocolos de biossegurança para nosso setor, adotados pelo Ministério do Turismo, que permitiram as reaberturas gradativamente.”

Associação Brasileira dos Promotores de Eventos

Doreni Caramori, presidente da Abrape, afirma que o cancelamento precipitado dos eventos é incoerente.

Doreni Caramori, presidente da Abrape

“A Abrape vem liderando, nos últimos dois anos, uma série de iniciativas para amenizar os impactos da crise no setor, em várias frentes. Para diminuir os prejuízos, foi uma das responsáveis pela criação e aprovação da Lei 14.148/2021, que estabeleceu o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos – Perse, essencial para a sobrevivência do segmento. Para acelerar a retomada, elaborou, por exemplo, protocolos de segurança epidemiológica e o Radar Abrape, que criou um índice seguro e data exata para a retomada das atividades em todo o país.

A perspectiva para 2022 é de retorno integral das atividades. No total, são aproximadamente 590 mil eventos por ano em todo o país. Já está mais que provado pela ciência  de que as atividades de cultura e entretenimento não provocaram aumento dos casos, desde que o processo de retomada foi iniciado no último trimestre de 2021″.

Brazilian Luxury Travel Association

Simone Scorsato e alex Da Riva blta

A CEO Simone Scorsato e Alex Da Riva, da BLTA

“No início da pandemia, a BLTA se juntou com outras entidades para discutir protocolos de segurança sanitária para a hotelaria. Saímos na frente em relação a outros países. Atuamos junto aos associados para a adoção de medidas de contenção, como a remarcação de estadas, descontos do fee de mensalidade da associação para que pudessem se reestabelecer. Apoiamos o projeto Juntos pela Vacina e trabalhamos na captação de recursos e insumos para doar ao SUS.

Atuamos junto aos associados para a adoção de medidas de contenção, como a remarcação de estadas, descontos do fee de mensalidade da associação para que pudessem se reestabelecer

Também vimos um crescimento no número de hóspedes em hotéis de luxo, segmento esse que dita tendências. Instigamos o Turismo de Isolamento e a volta de viagens em grupo. 2021 mostrou o quanto o Brasil é qualificado e tem capacidade para receber um turista exigente e espero que a partir de agora possa ser visto como um produto renomado no mercado internacional.”

Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas

Gervasio Tanabe retorna à Abracorp após 11 meses

Gervásio Tanabe, diretor executivo da Abracorp

“Esse período da pandemia foi o pior momento que passamos, com impactos jamais vistos no setor. Mas tudo tem um aprendizado e ela deixa um legado, de que fazemos parte de uma cadeia produtiva, precisamos pensar continuamente em otimização de recursos, inovação e na sustentabilidade.”

Associação Internacional de Turismo LGBTQ+

Clovis Casemiro, coordenador da IGLTA para o Brasil

Clovis Casemiro, coordenador da Associação Internacional de Turismo LGBTQ+ no Brasil

“Criamos o Connect Call para nos conectar com os nossos membros e chegamos a fazer seções em português, espanhol, inglês e japonês. O nosso conteúdo fica disponível digitalmente e não é preciso ser membro para acessar. Atuamos em 80 países e acabamos de incorporar dois novos associados. Outra vitória que tivemos foi a promoção da 37° edição da nossa convenção, que aconteceu em Atlanta, com cerca de 400 pessoas”.

ADIT Brasil

Caio Calfat, da Caio Calfat Real Estate, e Aref Farkuh, Toriba Hotel

Caio Calfat, presidente da Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil

“Para uma entidade que realizava anualmente 6 grandes seminários por todo o país e mais meia dúzia de cursos presenciais e missões técnicas empresariais, a pandemia causada pela Covid-19 foi um desafio extraordinário de aprendizado. Passados esses dois anos de digitalização, em que pese a facilidade dos calls e encontros virtuais, por contraditório que possa parecer, a importância das conexões presenciais, do olho no olho, segue indubitável”.

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