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Aviação

Medida discutida pela Anac pode comprometer segurança de voos no Brasil

Medida faz parte do conjunto de ações do programa Voo Simples

Medida faz parte do conjunto de ações do programa Voo Simples

O programa Voo Simples, apresentado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em 2020, tem como objetivo modernizar as regras da aviação civil no Brasil. Considerado pelo setor um grande avanço, ele ainda tem pontos polêmicos que seguem em discussão pela sociedade. Se, por um lado, no final de março, uma etapa do programa revogou 279 normas defasadas, por outro ele pode retroceder, como por exemplo no treinamento dos pilotos.

Atualmente é exigido o uso de simuladores de voo para treinamento e revalidação anual dos pilotos. Tal regra entrou em vigor em 2016 e o Voo Simples propõe a discussão sobre o espaçamento desta obrigatoriedade, que deixaria de ser anual para acontecer a cada dois anos. Há neste momento uma consulta pública aberta sobre o tema, cuja decisão deve ser encaminhada nas próximas etapas do Voo Simples.

O diretor geral da CAE – uma das maiores empresas de treinamento de pilotos do mundo –, Daniel Portugal, lembrou que a partir de 2016, quando a exigência do simulador passou a vigorar, houve uma queda superior a 70% em acidentes, incidentes e ocorrências anormais.

“Sabemos que tem o viés econômico, mas quando olhamos para a segurança, sabemos que não é possível conseguir reproduzir situações críticas em treinamentos em voo. O piloto precisa estar proeficiente rápido e só o simulador consegue reproduzir centenas de pane para medir e treinar a reação do piloto para que ele esteja, de fato, preparado para reagir”, afirmou.

A revalidação em simulador de voo é obrigatória anualmente no Brasil

A revalidação em simulador de voo é obrigatória anualmente no Brasil

O executivo reiterou que os resultados das exigências iniciadas em 2016 são claros e questiona: “por que mudar isso?”. Segundo Portugal, todo o mercado tem o entendimento de que o simulador é uma ferramenta importante, inclusive com o reconhecimento das companhias aéreas. Para ele, antes de acontecer uma mudança deve acontecer um debate profundo sobre o tema.

Há ainda outro agravante neste momento. Com a pandemia, os pilotos estão voando menos e precisam da prática para estarem sempre atualizados. “Talvez não seja momento certo para uma mudança. É preciso, no mínimo, aprofundar a discussão. Há muitos argumentos para manter a norma como está”, declarou o executivo.

A CAE é uma empresa canadense de 70 anos e que atua no Brasil há 20 anos e atua com centros de treinamento, simuladores e outros serviços. Portugal ressalta que até existem países em que a exigência é menor do que a atual do Brasil, porém é sempre um pré-requisito quando se fala em treinamento de voo.

“Este é um ponto sensível e vemos com muita delicadeza. Estamos tentando promover um pouco mais este debate e a Anac tem sido muito receptiva”, finalizou.

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