Crie um atalho do M&E no seu aparelho!
Toque e selecione Adicionar à tela de início.

Aviação / Entrevistas

“Se fazer ouvir é importante”, diz Annette Taeuber sobre mulheres no Turismo

Em entrevista exclusiva ao M&E para o Especial de Dia das Mulheres, a Country manager da Lufthansa no Brasil relembrou sua trajetória.

Em entrevista exclusiva ao M&E para o Especial de Dia das Mulheres, a Country manager da Lufthansa no Brasil relembrou sua trajetória

Empoderamento, treinamento e oportunidade. Esses são os pilares para ver cada vez mais mulheres em cargos de liderança no Turismo, de acordo com Annette Taeuber, Country Manager do Lufthansa Group no Brasil. Uma das principais executivas do setor relembrou sua trajetória em entrevista exclusiva ao M&E e defendeu a criação de metas e treinamentos dentro das empresas para que mulheres tenham a oportunidade de ocupar cargos no topo.

Para Annette, é necessário que a empresa crie condições favoráveis para que existam mais diversidade em todas as posições, mas as pessoas também precisam verbalizar suas vontades e reivindicar seus lugares nos espaços corporativos.

“Quando olho pra trás, estou a 32 anos na Lufthansa, vejo que quando comecei, eu era uma das únicas Country Managers mulher. Era muito dominante a quantidade de homens nessas posições, mas tive o grande privilégio de quando fui expatriada pra Argentina, ter a sorte do meu marido poder me acompanhar. É muito mais difícil para as mulheres falarem pros maridos abrirem mão de uma posição e acompanharem você, do que ao contrário”, explicou Annette.

“O Lufthansa Group também oferece cursos de idioma para os acompanhantes, fase de adaptação, passagens aéreas para retornar para casa e visitar familiares e isso torna mais possível para mulheres assumir cargos com esse. Foram experiências maravilhosas que tive e vejo que a realidade hoje é muito diferente”, completou.

Mas para chegar lá, a Country Manager lembra que precisou se fazer ouvir e expressar suas vontades. “Como quase toda mulher, temos que nos fazer muito mais presentes e com muito mais força. Quando penso no passado, vejo que aquelas gerações não te viam muito como opção, então tínhamos que nos fazer notar. E como fazemos isso? Nos dedicando mais do que a média, se destacando, mostrando mais serviços. O esforço foi maior no passado, havia a necessidade de se comprovar e se validar, fazer além e também falar. Lá atrás, muitas das minhas colegas não verbalizavam o “eu quero subir, eu quero crescer”. Se fazer ouvir é importante e foi o que eu fiz”, relembrou Taeuber.

Divisor de águas

Como exemplo, a Country Manager relembrou uma situação que passou da qual se orgulha muito e acredita ter sido uma grande virada na sua carreira. “Um dos meus pulos na minha carreira, foi justamente quando trabalhava no marketing da regional da América Latina do Lufthansa Group. Eu resolvi automatizar e criar um sistema de pontos para agentes de viagens, do programa do expert (experts plus) – que basicamente era um programa de pontos onde cada venda computava automaticamente pontos, que depois podiam ser trocados em uma plataforma de e-commerce. Isso foi há mais ou menos 20 anos atrás, era algo inovador”, explicou.

“Até hoje é o único produto de marketing que não é baseado na Alemanha. A sede fica em Florianópolis porque foi algo que eu criei, no Brasil. Isso chamou a atenção da headquarter na época e eu fui convidada pra apresentar esse case em diversos destinos, como Singapura, Portugal, etc”, relembrou a Country Manager.

“Em Singapura, só haviam homens na sala de reunião. Eu apresentei a ferramenta e um dos top managers questionou quem era o homem atrás daquela ferramenta. Foi quando a pessoa que havia me convidado para apresentar o case falou:

“ELA É O HOMEM POR TRÁS DA FERRAMENTA”

Sequer passou pela cabeça deles que podia ter sido eu mesma quem criou aquela ferramenta. Isso é uma história genial que me aconteceu e acho que tem haver com a conquista e até com a diversidade cultural de aceitarem a ideia de um outro País e ser uma mulher a fazer algo que envolvesse tecnologia”, compartilhou a executiva.

Segundo Annette, atualmente, no ‘highboard’ da companhia existe uma meta de 25% de mulheres nas posições top management e para o cockpit, que é uma função muito masculina, já existem cerca de 15% de mulheres pilotando. “Temos meta pra todas as áreas da empresa pra termos uma quantidade de mulheres nestes cargos. Sem a meta, dilui foco e objetivo de ter mais mulheres participantes em posições chaves. Elas são fundamentais!”, acrescentou.

“O turismo é muito curioso – eu que trabalhei em quase todos os setores, fiz um pouco de tudo na aviação, consigo enxergar nitidamente que a maior parte dos cargos são femininos. Temos um número muito maiores de mulheres. É um pouco contraditório ter muitas mulheres e poucas em cargos de liderança. Isso tem que mudar. Iniciativas como essas ajudam, mas temos que chamar atenção para este assunto. Isso contribui para que tenhamos um futuro mais equilibrado. Quando pensamos em turismo, pensamos em diversidade, cultura…se nós não formos diversos, quem mais vai ser?”, finalizou Taeuber.

Receba nossas newsletters