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Cruzeiros / Turismo em Dados

Quanto o Brasil pode perder se a temporada de cruzeiros não for aprovada?

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Impacto econômico da temporada passada (Divulgação/Clia)

O que acontece se a temporada de cruzeiros marítimos 2020/21 no Brasil não for aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)? Esta é uma pergunta daquelas que ninguém gostaria de responder. Embora esteja pesando a favor o apoio de ministérios como Turismo e Infraestrutura, o sinal verde para o início da temporada ainda depende de protocolos de saúde e segurança apresentados pela Clia Brasil e pela MSC Cruzeiros, única a contar com navios nesta temporada. O conteúdo inclui simulações de medidas tomadas em caso de infecções ou suspeitas de infecções a bordo.

E se lamentavelmente a Anvisa não aprovar a realização da temporada e a pergunta supracitada tenha que ser respondida? Embora o prejuízo seja incontável pelo tamanho deste mercado no Brasil (que envolve desde armadoras e todos os seus profissionais, até vendedores ambulantes, restaurantes, lojas, infraestrutura portuária, transporte público, hotelaria, entre tantos outros vetores da economia turística), é possível calcular parte dele com os números que temos de anos anteriores.

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Número de empregos diretos gerados pela temporada de cruzeiros (Divulgação/Clia)

A gente viu aqui no M&E, em EDITORIAL divulgado na semana passada, que toda essa demora para definir se haverá ou não a temporada de cruzeiros já está custando caro ao setor. Demos destaque à situação dos agentes de viagens, que muitas vezes fazem da temporada de cruzeiro o grande colchão para o resto do ano. Até questionamos o fato de que “se resorts e hotéis – que têm estruturas muito parecidas – estão funcionando, qual é o problema com os cruzeiros?”.

O impacto econômico da temporada passada chegou a R$ 2,24 bilhões na economia do país, um valor 7,6% maior em comparação à temporada anterior (2018/2019). Além disso, o setor gerou R$ 296 milhões em tributos e 33.745 empregos no período

Mas vamos aqui relembrar os números do setor nas últimas temporadas, inclusive a última já impactada pelo começo da pandemia de Covid-19, para podermos ter uma dimensão do tamanho do prejuízo. O impacto econômico na temporada passada chegou a R$ 2,24 bilhões na economia do país, 7,6% maior em comparação à temporada anterior (2018/2019). Além disso, o setor gerou R$ 296 milhões em tributos e 33.745 empregos no período. Isto mostra o tamanho do mercado e consequentemente o tamanho do prejuízo que teremos caso não haja temporada.

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Passageiros embarcados nas últimas temporadas (Divulgação/Clia)

Apesar de menor, a última temporada de cruzeiros registrou 470 mil cruzeiristas a bordo de oito navios, que navegaram por 15 destinos nacionais (Santos, Rio de Janeiro, Búzios, Salvador, Ilha Grande, Ilhabela, Ilhéus, Recife, Maceió, Angra dos Reis, Porto Belo, Cabo Frio, Ubatuba, Itajaí e Balneário Camboriú), além de outros três na América do Sul: Argentina (Buenos Aires) e Uruguai (Montevidéu e Punta del Este).

O levantamento da FGV e da Clia Brasil também revelou que o gasto médio por pessoa com a compra da viagem de cruzeiro foi de R$ 3.256 e tempo médio da viagem foi de 5,2 dias. Abaixo, selecionamos os setores mais beneficiados com os gastos dos cruzeiristas e tripulantes (sem contar as armadoras), ainda de acordo com o estudo divulgado pela Clia.

  • Comércio varejista: R$ 335,2 milhões;
  • Alimentos e bebidas: R$ 333,4 milhões;
  • Transporte antes e/ou após a viagem: R$ 177,8 milhões;
  • Passeios turísticos: R$ 146 milhões;
  • Transporte nas cidades visitadas: R$ 71,3 milhões;
  • Hospedagem antes ou após a viagem de cruzeiro: R$ 46,4 milhões.

Prejuízo será grande mesmo se aprovada

Mesmo se a temporada 2020/2021 for aprovada pela Anvisa, os ganhos serão bem menores, já que apenas dois navios da MSC Cruzeiros realizarão suas viagens por aqui: o MSC Seaview, baseado em Santos (SP), que realizará viagens para o Nordeste, e o MSC Preziosa, no Rio de Janeiro, que tem mini cruzeiros e viagens para Argentina e Bahia planejados, ou seja, uma oferta 75% menor com relação ao ano passado (oito navios).

A previsão é de menos de 50 mil cruzeiristas embarcados, já descontada a redução de oferta, o bloqueio de cabines por conta dos protocolos de segurança e a temporada reduzida

Com 100% de capacidade ofertada pelos dois navios, o que é praticamente impossível de ser aprovado, a temporada poderia movimentar cerca de 100 mil cruzeiristas, uma média relação ao movimento da temporada passada. Ao descontar o bloqueio de cabines para manter o distanciamento social, ou seja, operar com cerca de 40% a 50% delas bloqueadas, teríamos pouco mais de 50 mil cruzeiristas na temporada brasileira 2020/2021.

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MSC será a única a operar navios no Brasil nesta temporada

Mas temos outro porém nesta estimativa superficial (vamos deixar bem claro!), o que acaba dificultando (e muito!) uma previsão do tamanho do prejuízo, que já temos a certeza de ser gigantesco. estamos quase no fim de novembro e nem aprovação da Anvisa temos. A temporada de cruzeiros, em condições normais, já teria começado. Ou seja, serão ainda menos saídas e, consequentemente, um número ainda menor de passageiros embarcados.

Já estamos quase no fim de novembro e nem aprovação da Anvisa temos. A temporada de cruzeiros, em condições normais, já teria começado. Ou seja, serão ainda menos saídas e, consequentemente, um número ainda menor de passageiros embarcados

Contando com a redução de saídas durante a temporada, isso caso a demanda não responda à oferta, este número diminuirá ainda mais. O título do editorial do MERCADO & EVENTOS reflete exatamente esta demora que custa caro. Caso a temporada já tivesse sido aprovada, os navios, mesmo com todos os seus protocolos e restrições, estariam navegando e movimentando de certa forma a economia

Proporcionalmente, com uma previsão de menos de 50 mil cruzeiristas embarcados, já descontada a redução de oferta, o bloqueio de cabines por conta dos protocolos de segurança e a temporada reduzida, o impacto econômico da temporada de cruzeiros marítimos no Brasil não deve chegar a R$ 600 milhões. O montante é irrisório perto dos R$ 2,24 bilhões da temporada passada, mesmo influenciada pela pandemia? Sim, mas é como diz aquele ditado: “melhor um passáro na mão, do que dois voando”.

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Todos os gastos das armadoras na temporada passada (Divulgação/Clia)

O impacto nas agências e operadoras

Cerca de R$ 74,5 milhões em comissionamento para agências de viagens foram pagas pelas armadoras na temporada 2019/20, cerca de 9% a menos do que o registrado em 2018/19 (R$ 40,1 milhões), em função do encerramento antecipado por conta da pandemia de Covid-19. Embora menor caso a temporada seja aprovada, por conta de menos cruzeiros, a comissão às agências de viagens serviriam de folêgo para a retomada pós-pandemia.

Apesar da Associação Brasileiras das Agências de Viagens (Abav Nacional) não ter recortes de vendas por produto, ao M&E relembrou que hoje cerca de 90% das vendas de cruzeiros marítimos no Brasil são realizadas via agências de viagens, o que revela a importância deste mercado para um dos pilares deste setor.

Operadoras associadas Braztoa comercializaram cerca de R$ 1,05 bilhão em cruzeiros durante o ano passado.

Em contato com a Braztoa, que conta hoje com 60 operadoras de Turismo associadas, relembramos o volume de vendas de cruzeiros marítimos que foi publicada no Anuário Braztoa 2020. O produto vendido com ou sem aéreo chegou a 7% do faturamento total das operadoras em 2019, que foi de R$ 15 bilhões. O percentual acabou sendo o menor desde 2014, mas revela que as operadoras associadas Braztoa comercializaram cerca de R$ 1,05 bilhão em cruzeiros durante o ano passado.

Sem pandemia

Os sete navios que percorreram a costa brasileira em 2018/2019, antes da pandemia, atingiram 100% de ocupação, com mais de R$ 2 bilhões e 30 mil empregos gerados. Na temporada, foram mais de 500 mil leitos ofertados, 15% acima do período 2017/2018. Com 133 roteiros diversificados, as 545 escalas realizadas pela temporada 2018/2019 nos sete navios levaram turistas para conhecer alguns dos destinos mais desejados do Brasil.

Temporada 2021/2022

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Entre as principais novidades está a vinda do Costa Toscana, que será inaugurado em junho de 2021

Enquanto o mercado ainda aguarda uma definição sobre protocolos e datas da temporada brasileira de cruzeiros 2020/21, as companhias já revelaram os planos para a temporada 2021/22, como divulgado pelo M&E. Ao todo serão seis navios com embarque no país, sendo quatro da MSC e dois da Costa.

Entre as principais novidades está a vinda do Costa Toscana, que será inaugurado em junho de 2021. Outro destaque é o aumento na presença da MSC, que voltará a contar com quatro navios no Brasil, sendo três com o Yacht Club, sua classe de serviços de luxo.

Com os anúncios realizados até agora, a temporada volta a ter o mesmo número de navios das temporadas 2016/17, 2017/18 e 2018/19. A costa brasileira ainda contará com um sétimo navio, o quinto da MSC na América do Sul, mas que realizará embarques apenas na Argentina e no Uruguai, com destino ao Brasil.

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