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Hotelaria

Tarifa, estrutura otimizada e certificação: os dilemas da hotelaria pós-pandemia

MTur estuda mudanças no FNRH

Hotéis terão que se adequar ao novo cenário após a pandemia.

Um dos setores mais afetados pelo novo coronavirus (Covid-19), a hotelaria não sofre somente com a queda de ocupação e faturamento, mas também com a necessidade de projetar o cenário e os primeiros passos pós-pandemia. Certificações de segurança, definição de tarifa e até necessidade descentralizar serviços são temas a serem debatidos, principalmente entre hotéis independentes, que não contam com o suporte de uma grande rede. Em meio a esta luta por sobrevivência, a Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA) estima a falência de 10% dos hotéis durante a pandemia.

Neste contexto, o primeiro ponto a ser equalizado pelos meios de hospedagem está na diária média na retomada, que será resultado de uma equação entre o limite que hotéis podem praticar para serem rentáveis e o mínimo necessário para que turistas voltem a viajar. Em cenário de crise econômica, o valor certamente será menor que o praticado antes da pandemia.

“Já tem sido discutido um down grade muito grande de valores, o que é ruim, porque isso não vai proporcionar uma rápida recuperação do caixa das empresas. O valor que vai atrair o cliente e remunerar adequadamente o empreendimento é ainda uma incógnita”, explica Alexandre Sampaio, presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA).

Alexandre Sampaio, presidente da FBHA.

Alexandre Sampaio, presidente da FBHA.

Diferente do setor aéreo, que conta com poucos players, a hotelaria nacional conta com mais de 10 mil hotéis, de acordo com levantamento da consultoria JLL, sendo 90% independentes. Este cenário torna quase que impossível estabelecer um piso tarifário para evitar uma guerra de preços em busca de clientes. “Claro que não será feita uma combinação de preços, mas é necessário não entrar em uma guerra tarifária. Conversas e trocas de ideias entre os líderes do setor é preciso para evitar uma depreciação do nosso produto de modo a não prolongar ainda mais uma recuperação”, analisa Sampaio.

Descentralização

Para Mário Albuquerque, que atua na área de desenvolvimento e implantações da Rede Nobile, uma das alternativas para hotéis independentes será buscar a descentralização de serviços que não são da área fim, o que poder significar a terceirização de áreas administrativas, de recursos humanos e de serviços financeiros, por exemplo.

“Hotéis de rede podem suportar isso, reduzindo seu quadro e se adaptando e fazer mais com menos. Esta não é a realidade dos independentes. O mercado de hotelaria não vai ser mais o mesmo, muita coisa vai precisar ser repensada, principalmente na questão destes serviços. Muitas coisas geram despesas, mas não geram receitas. Para hotéis independentes este custo não vai se pagar e isso vai ter uma reflexo muito grande”, destaca Mario.

Mario Albuquerque, diretor do Itapema Beach Resort

Mario Albuquerque destaca que a descentralização de áreas é um caminho para otimizar custos e garantir eficiência na retomada.

O executivo orienta que uma alternativa para proprietários é procurar parceiros capazes de prestar estes serviços, para que o hotel se concentre somente em atividades operacionais. Além das áreas administrativas, Albuquerque também aponta a necessidade de parcerias nas áreas comercial e de marketing, que serão essenciais na retomada.

“Muitos destes hotéis contavam com equipes comerciais internas e não vão conseguir arcar com estes quadros em uma retomada. Os hoteleiros estão preocupados com o que se tem pela frente, e terão um custo para reabrir após a pandemia. Um parceiro pode otimizar estes custos e realizar um trabalho eficiente. Os investidores de hotéis independentes vão ter que olhar para suas respectivas unidades e tomar esta decisão”, explica.

Otimização de quadros

Além de descentralizar áreas não relacionadas à parte operacional do hotel, outro desafio será otimizar o organograma. Isso pode significar a redução de cargos de gerência, que darão lugar a departamentos “autogerenciáveis”.

“O momento é totalmente excepcional e as operações terão que ser reduzidas. Isso vai acarretar corte em cargos de gerência, transformando os departamentos para serem autogerenciados. Em um departamento de A&B (alimentos e bebidas), por exemplo, você pode dividir as responsabilidades entre um chefe de cozinha e o maître. Isso para se adaptar à realidade”, explica Mario Albuquerque.

Certificações de segurança

Preocupações com a saúde certamente serão levadas em consideração tanto por hóspedes corporativos quanto de lazer. Esta preocupação vem fazendo hotéis se movimentarem para criar mecanismos que ratifiquem aqueles preparados para receber turistas sem oferecer riscos à saúde.

A Accor, maior rede hoteleira do mundo, já trabalha em um selo de qualidade para certificar hotéis que apresentem padrões de segurança e protocolos de limpeza apropriados para permitir sua reabertura. Medida semelhante já está sendo estudada por hotéis de Madri.

No Brasil, medidas também deve ser estudas e já estão no radar da FBHA. “Há a preocupação com procedimentos e protocolos para dar segurança ao cliente, primeiro para incentivar e depois para gerar a tranquilidade necessária para que ele possa viajar”, ressalta Alexandre Sampaio.

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