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Plano de Voo

O futuro chega nas asas do passado

Esta semana estive em Zurique, a convite da Rimowa, a fabricante de malas alemã feitas em duralumínio – a mesma liga usada pelas aeronaves comerciais. Um impecável programa de dois dias levou dezenas de convidados de todo o mundo à base aérea de Dübendorf, para o lançamento de uma inovação importante na indústria – e saborear um pouco da aviação dos anos 1930.

Dieter Morszeck, presidente da companhia e filho de seu fundador, é piloto e aficionado por aviação. Foi ideia dele construir, a partir do zero, uma réplica do venerável Junkers F13, primeiro avião comercial construído em duralumínio, liga metálica utilizada até hoje na aviação. Se nos anos 30 a Junkers deu, com essa inovação, um passo importante para modernizar a engenharia aeronáutica (até então os aviões eram construídos com madeira, pano e até bambu), a Rimowa comprou a ideia e passou a produzir suas malas com esse mesmo material.

Para colocar em perspectiva, o Junkers F13 foi muito importante também por estas paragens. Esse modelo de aeronave para seis passageiros serviu por décadas nas linhas das pioneiras Varig e Sindicato Condor – mais tarde rebatizada de Cruzeiro do Sul. À época, essa aeronave era não apenas avançada como segura e econômica para seus operadores. Muitos passageiros fizeram seus primeiros voos nas asas do F13 e, sobretudo, de seu sucessor, o Junkers Ju-52 Trimotor. Esse foi ainda mais famoso na aviação brasileira, tendo participação muito importante tanto nas duas empresas citadas como na Vasp, que utilizaram-na até depois da Segunda Guerra.

Mas a cereja no Apfelstrudel ainda estava por ser colocada. Para coroar o evento, a Rimowa patrocinou um voo inesquecível, com dois Ju-52 voando lado a lado, baixinho, sobre os lagos vizinhos à maior cidade da Suíça. Este escriba teve a sorte de estar entre os passageiros, voando com ninguém menos que Bernd Junkers, neto do Professor Hugo Junkers, o engenheiro por detrás desses projetos de aeronaves inovadores e de muitos avanços empregados na aviação.

E quanto ao toque futurista? Bem, ele veio através da apresentação da primeira mala do mundo com sua própria etiqueta eletrônica de bagagem acoplada – e à prova de hackers. Isso mesmo: quem comprar uma mala destas pode “imprimir” eletronicamente sua etiqueta de bagagem e simplesmente depositar a mala na esteira, sem perder tempo na hora de fazer o check-in. Um aplicativo no celular do passageiro transfere os dados do check-in eletrônico e “sincroniza” a mala àquela viagem, monitorando a bagagem durante todo o percurso. Segurança dupla: seu dono pode monitorar sua exata posição, constantemente, até a hora da entrega na esteira e, na remota eventualidade da mesma vir a ser extraviada, esse dispositivo também cuidará para rastreá-la e trazê-la de volta. O sistema já está em pleno uso, por enquanto somente em voos da Lufthansa, empresa parceira da Rimowa no desenvolvimento dessa nova e incrível comodidade.

Se a ideia pegar – e tem tudo para – em breve, os procedimentos em solo podem ser agilizados, poupando tempo, trabalho e custos para passageiros, aeroportos e companhias aéreas, deixando a experiência em solo mais rápida e agradável para quem tiver uma mala com essa tecnologia.  Ou ainda, prestando um serviço altamente personalizado: com esta “e–tiqueta e–letrônica”, a rigor as malas podem ser deixadas virtualmente em qualquer lugar – em sua casa, em hotéis, estações de trem ou metrô, por exemplo – contanto que a empresa aérea cuide de levá-las até o porão da aeronave. Uma ideia a se pensar para fidelizar ainda mais os passageiros “premium”: o distinto, ao chegar ao aeroporto, pode ir direto para a sala VIP ou para o portão de embarque, sem perda de tempo ou filas. Não é wunderbar?

É muito bacana ver a tecnologia sendo utilizada para facilitar a vida de quem viaja. É de inovações assim que voamos para o alto e para frente. Nem que, para deixar isso bem evidente, tenhamos que fazer o “sacrifício” de voar bem devagar e baixinho sobre os lagos suíços em trimotores de duralumínio corrugado dos anos 30.

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