O Rio de Janeiro virou palco do Portugal 360, um dos maiores eventos sobre Portugal já realizados na cidade. Até o próximo domingo (20), profissionais ligados ao setor turístico participam do evento que promete movimentar a Cidade das Artes, Zona Oeste do Rio. A palestra que abriu oficialmente o evento foi a “Liderar o Turismo do Futuro”, um debate sobre os próximos 10 anos do turismo no Brasil e em Portugal. Mediada pelo jornalista Sergio Aguiar, a palestra foi liderada pelo presidente da GJP, Guilherme Paulus, Luis Araújo, presidente do Turismo de Portugal, e Marcelo Alves, presidente da Riotur.
O primeiro assunto englobou as estratégias do turismo para os próximos 10 anos. Para o presidente da Riotur, Marcelo Alves, falta marketing, falta comunicação, falta colocar o Rio de Janeiro na prateleira do turismo internacional. “O Rio de Janeiro é um destino encantador, mas se não estiver na vitrine, o destino fica sempre em segundo plano. Quando assumimos a Riotur, ficamos decepcionados com a posição do Rio. Hoje, a situação já é outra”, disse Marcelo.
Ele comentou sobre os resultados positivos que começaram a aparecer este ano, após a intervenção federal. “Quanto mais falamos positivamente do Rio de Janeiro, mais os resultados aparecem. No Réveillon, por exemplo, tivemos um recorde de ocupação hoteleira de 87% no período, algo satisfatório, ainda mais agora com 60.000 quartos que temos, o triplo do que tínhamos antes das Olimpíadas. O resultado foi brilhante em ocupação e economia da cidade. O turismo precisa ter o entendimento governamental de benefícios para decolar. Enquanto não tivemos este entendimento em todas as esferas, continuaremos aqui aplaudindo os outros”, completou.
O presidente do Turismo de Portugal, Luis Araújo, por sua vez, abordou o desenvolvimento e amadurecimento do turismo de Portugal. “De fato, não havia conhecimento suficiente do que havia para fazer em Portugal. Hoje, a situação é diferente. Nos últimos dois anos, criamos 75.000 postos de trabalho só para o turismo. Uma contribuição importante para a economia. Fizemos de Portugal como um destino único e importante. Agora, queremos duplicar a receita. Queremos aumentar o número de turistas e queremos uma atividade socialmente responsável. Queremos que as pessoas reconheçam o turismo como uma atividade positiva e que tenha uma mão de obra qualificada”, disse Luis.
Guilherme Paulus, presidente da GJP, afirmou que Portugal cresceu e se planejou, um grande exemplo para o Rio de Janeiro e Brasil. “O Rio de Janeiro é uma das cidades mais lindas que temos no mundo. E o turismo é a arte de bem receber. Nós da hotelaria é que recebemos estas pessoas. E quando recebemos as pessoas em nossa casa, é preciso ter um bom serviço. Uma boa cama, uma boa internet e de graça, um trabalho que precisa ser feito cada dia mais. E precisamos também tomar conta da segurança, é um problema do mundo todo. Como fazemos isso? O turismo pode ajudar a resolver. A Embratur trabalha fortemente a questão dos vistos, outro fator que vai ajudar muito. O Brasil precisa trabalhar mais para que podemos desmistificar estes problemas para o futuro”, completou.
SEGURANÇA COMO PONTO DE DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO
Um assunto que foi levantado durante o debate foi a segurança, ponto crucial para o desenvolvimento turístico. Para o presidente da Riotur, Marcelo Alves, a intervenção federal no Rio de Janeiro foi necessária. “Era mais do que necessária esta atitude. E a violência não vem de hoje, é algo de 50 anos. Como levamos isto para o trade que vivem e fazem o turismo acontecer? Através da comunicação. Tivemos melhoras sensíveis em questão de segurança em ambientes turísticos no Rio de Janeiro. Precisamos revelar isso ao trade, para mostrar que está sendo trabalhado, é algo que vai melhorar”.
De acordo com Marcelo Alves, o Rio não é só isso que está sendo noticiado. “No Carnaval, com 7 milhões de turistas na Rua, tivemos o melhor índice da história da delegacia de atendimento ao turista. Precisamos massificar as notícias positivas. O Turismo é o nosso principal negócio. Precisamos entender, como Portugal já fez, que o turismo é o nosso principal negócio. E não apenas em lazer. É negócio que gera resultado imediato. É a segunda maior industria do mundo! Por que o Rio não está? Porque nunca foi tratado como negócio”, disse Marcelo.
Luis Araujo, por sua vez, mostrou que Portugal é totalmente diferente. “Portugal é o terceiro pais mais pacifico do mundo. Quando acontecem atentados terroristas na Europa, por exemplo, todos nós perdemos porque as pessoas param de viajar. A grande força de Portugal está na capacidade dos portugueses em receberem os turistas. Lá há respeito pelo próximo. Houve um grande crescimento de viagens de Brasil a Portugal, crescimento de 40% só no ano passado, em falar na chegada de brasileiros que vão morar no país, porque se sentem bem e respeitados. E o Brasil também tem este potencial”.
CONECTIVIDADE E INFRAESTRUTURA
A conectividade é parte vital para o desenvolvimento turístico. De acordo com Guilherme Paulus, o MTur trabalha para abertura dos céus brasileiros. “Com a chegada de mais companhias e mais tecnologia e o governo incentivando, teremos condições de termos movimentos maiores nos aeroportos brasileiros. O Brasil tem problemas de infraestrutura. Não temos estradas, não temos portos. O Rio de Janeiro parece ser o único porto brasileiro bem preparado para receber turistas. Pelo potencial do nosso litoral, poderíamos fazer cruzeiros marítimos o ano inteiro. O potencial do Brasil é muito grande para o turismo, só precisamos nos conscientizar e ter este desenvolvimento turístico fantástico”, frisou Paulus.
O presidente do Turismo de Portugal, Luis Araujo, se gabou de seu país ter a segunda melhor rede viária da Europa. “Temos uma infraestrutura muito boa, tanto em portos, quanto em estradas e aeroportos. É fundamental trabalhar isto e fazer investimento nesta área para o desenvolvimento natural do turismo”, finalizou.