Novo aeroporto, lojas francas e China: planos para impulsionar Turismo em Foz do Iguaçu

Gilmar Piolla, secretário de Turismo de Foz do Iguaçu

Cataratas, Itaipu, Parque das Aves, tríplice fronteira, lojas francas e uma rede de hospedagens que vai de hostels a resorts termais. Não à toa Foz do Iguaçu é um dos destinos mais procurados por turistas internacionais dentro do território brasileiro, fato ilustrado pelo crescimento de 17,6% no número de visitantes em 2017. Este ano a expectativa é de que as Cataratas recebam cerca de 2 milhões de visitantes somente no lado brasileiro. Para a cidade como um todo o número deve ser de cerca de 3,5 milhões. Somente em maio deste ano, o número de visitantes cresceu 16%, contra 4% no país inteiro.

As diversas atrações da cidade paranaense, somadas ao atrativo das compras em Ciudad del Este, no Paraguai, e ao casino em Porto Iguazu, na Argentina, fazem com que Foz tenha um produto turístico formatado para atender as diversas necessidades do turista de lazer. No corporativo os resultados também são extremamente positivos, em virtude da infraestrutura de sua rede hoteleira. A cidade foi a terceira mais procurada para eventos internacionais no Brasil em 2017, atrás a penas de São Paulo e Rio de Janeiro, de acordo com o ranking da ICCA.

Porém, todo este potencial turístico encontrava até aqui um grande gargalo na conectividade, prejudicada pela infraestrutura do Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu. Até aqui, pois o cenário começou a mudar em 2018, com início das obras de modernização, que elevarão radicalmente a capacidade do terminal.

“O aeroporto vai passar a ter uma capacidade de 5 milhões de passageiros ano”

“Iniciamos agora há uma semana a repaginação, uma obra que vai transformar o aeroporto. Todo o embarque vai passar para o piso superior, com a instalação de fingers, ampliação das áreas de check-in, saguão e área de embarque. Quando as obras estiverem concluídas o aeroporto vai passar a ter uma capacidade de 5 milhões de passageiros ano”, conta Gilmar Piolla, secretário de Turismo Indústria, Comércio e Projetos Estratégicos de Foz do Iguaçu.

A obra, que deve ser concluída em um período de dois anos, garantirá a instalação de cinco fingers para embarque, sendo quatro deles imediatamente, além da ampliação da área de embarque para 7 mil metros quadrados. Uma das modificações mais importantes acontecerá na pista, com ampliação de 2.195 para 3.300 metros, possibilitando a chegada de aviões maiores.

As obras internas serão inteiramente custeadas pela Infraero. Já a ampliação da pista terá a contribuição da Itaipu Binacional, que financiará R$70 milhões, da Infraero com R$38 milhões, do Fundo Iguaçu com projetos, licenças ambientais e estudos arqueológicos, e da Prefeitura com a desapropriação da área.

“Estamos trabalhando na ideia da criação de um hub aqui em Foz do Iguaçu. A gente já tem cinco voos diretos pra Lima, que acaba sendo um hub asiático para Foz. Vamos ter a Andes, voando três vezes por semana de Buenos Aires para cá a partir do próximo dia 10. Estamos discutindo Chile e Montevidéu para cá também. Há várias companhias na jogada”, ressalta o secretário.

Mas as grande apostas de Piolla para fortalecer esta ideia de hub estão na Copa Airlines, com quem a secretaria já iniciou tratativas para a chegada de voos após a instalação dos fingers, o que garantiria um acesso maior a turistas das Américas do Norte e Central. Outra tentativa é a inclusão de um voo direto para Fortaleza, via Gol, o que daria acesso ao hub da Air France/KLM na capital cearense.

Região das cataratas também registrou aumento no fluxo de turistas

Lojas francas

Além da conectividade, outro grande passo que deve impulsionar ainda mais o turismo em Foz é a instalação de lojas francas do lado brasileiro, os populares ‘freeshops’. A medida foi aprovada há cinco anos, por meio da Lei Federal 12.723/2012, mas somente em março deste ano foi publicada a instrução normativa do Ministério da Fazenda e da Receita Federal, que estabeleceu requisitos e condições para aplicação do regime aduaneiro especial.

A instrução prevê uma isenção em compras de produtos nacionais ou importados até limite de US$300 dólares para o lado brasileiro e mais US$300 para produtos da cidade irmã de fronteira, no caso de Foz, do lado argentino, ou paraguaio. Para que a instalação das lojas entre em funcionamento a Receita Federal ainda aguarda a conclusão do software que será responsável pelo mecanismo de controle das cotas, que está sendo elaborado pelo Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro).

“Se isso acontecer nós vamos estourar como destino de compras. Serão US$300 de cada lado, ou seja, uma faília de quatro pessoas vai poder fazer até US$2.400 em compras”, ressalta o secretário.

Termas

Mabu, Recando Cataratas e Wish são empreendimentos que reforçam o foco em turismo de bem estar e natureza, uma das tendências que estão em crescimento na cidade. “A tendência da próxima década é turismo de natureza e saúde. Então nós estamos nós preparando para ser um destino de wellness spa. Nós queremos focar neste nicho”, explica Piolla.

Turismo Chinês

Piolla fez parte da delegação brasileira na China Beijing International Fair for Trade in Services, maior feira de serviços da China. A participação rendeu um acordo com a China Travel Service (CTS), maior operadora do país. “A China exporta um total de 140 milhões de turistas e nós só recebemos 15 mil no ano passado. Temos que explorar este potencial”, salienta Gilmar Piolla.

Este engajamento rendeu inclusive a criação de um perfil do destino no WeChat, rede social mais popular no país asiático. Outra briga importante, de acordo com ele, é pela implantação do visto eletrônico para turistas chineses. Para se ter uma ideia, o número de turistas de Estados Unidos, Austrália, Japão e Canadá, que tiveram a medida implantada no ano passado, cresceu cerca de 30% em Foz do Iguaçu.

Atualizado às 13h40