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Destinos / Política

Protocolos, natureza e compras: as estratégias de Foz do Iguaçu para sair na frente na retomada

Gilmar Piolla, secretário de Indústria, Turismo, Comércio e Projetos Estratégicos de Foz do Iguaçu

Gilmar Piolla, secretário de Indústria, Turismo, Comércio e Projetos Estratégicos de Foz do Iguaçu

Um dos expoentes da região Sul no que diz respeito ao Turismo, Foz do Iguaçu está pronta para um retorno dos turistas. A cidade ficou em quarentena por 30 dias, mas já deu início às atividades econômicas há mais de um mês e estabeleceu uma série de protocolos para todas as empresas do setor. Isso tudo foi construído de forma conjunta com os trabalhadores de forma a gerar engajamento. O secretário do Turismo, Indústria, Comércio e Projetos Estratégicos da cidade, Gilmer Piolla, acredita que os aspectos de Foz como compras e natureza, fazem com que ela saia na frente na retomada.

MERCADO & EVENTOS – Foz do Iguaçu foi uma das primeiras cidades a definir um protocolo específico para o turismo. Como ele foi construído?

Gilmar Piolla – Iniciamos um movimento que envolveu todo o trade turístico para a elaboração de protocolos de segurança sanitária. Queríamos protocolos específicos para cada segmento, então fizemos um chamamento via Conselho Municipal de Turismo (Contur), juntamente com a equipe do Sebrae, para atender a estas questões. Nossa preocupação era adotar medidas práticas e funcionais com base na experiência de quem opera na ponta. É importante dizer que não foram medidas apresentadas apenas pela equipe da saúde, cada setor contribuiu. Uma preocupação nossa era que tivesse um envolvimento de todos. Optamos por isso para que haja comprometimento e respeito por quem vai aplicar isso na ponta, porque se a gente institui protocolos que alterem muito a rotina de trabalho e onerem as empresas, ficam difíceis de cumprir. Tivemos esta preocupação para não inviabilizar os custos operacionais.

M&E – Você pode citar um exemplo?

Gilmar Piolla – Chamamos as camareiras dos hotéis para nos ajudar a definir como seria a limpeza e arrumação dos quartos. E foi desta conversa que surgiu a proposta de limpeza em duas etapas e também da adoção da capa de proteção de travesseiros e colchões, que serão substituídas a cada troca de hóspede. Isso surgiu de uma reunião para entendermos como elas faziam a limpeza.

M&E – No caso dos atrativos, quais serão os protocolos adotados?

Gilmar Piolla – Temos protocolos específicos para os meios de hospedagem, atrativos, agências, espaços de eventos, restaurantes, lanchonetes, transporte, receptivo em veículos pequenos e vans e ônibus. No caso dos atrativos, serão montadas barreiras sanitárias para fazer a medição de temperatura, além da busca ativa para saber se a pessoa teve contato com alguém e se teve sintoma respiratório. Isso também acontecerá nos hotéis por meio de um questionário. Quando identificarmos, esta pessoa será encaminhada para fazer o teste laboratorial da Covid-19. Temos dois laboratórios habilitados e o resultado sai em questão de horas. Este aspecto será um diferencial porque vamos testar todo mundo que for necessário.

M&E – A confiança deve ser um dos principais aspectos que norteará a decisão dos viajantes. Como fazer com que o turista se sinta seguro em viajar para Foz?

Gilmar Piolla – Esta segurança virá na medida em que, primeiro, a gente tiver chegando no final da curva descendente da pandemia no Brasil. Temos a consciência de que vamos reabrir aos poucos, mas que o movimento não virá imediatamente. Teremos um fluxo local e regional num primeiro momento. A confiança e segurança de forma definitiva com uma vacina ou um tratamento que seja um antídoto conta o vírus. Sabemos que quando isso acontecer o turismo vai voltar com muita força. Enquanto isso, os protocolos são o nosso novo normal.

M&E – Você acredita que parte destes protocolos vieram para ficar, mesmo no pós-pandemia?

Gilmar Piolla – Sim, e principalmente esta atenção maior com a higiene. Acho que haverá um distanciamento maior entre as pessoas. Os eventos tendem a encolher de tamanho um pouco e quando tivermos algo definitivo, algumas destas práticas não serão mais necessárias. Acredito que algumas coisas serão incorporadas, como hábitos de trabalho, viagens e consumo, especialmente com mais reuniões em vídeo, pois estão se mostrando muito eficientes.

M&E – Qual o quadro atual de Foz do Iguaçu em relação a pandemia?

Gilmar Piolla – A situação está relativamente sob controle. Fomos uma das primeiras cidades a instituir o uso obrigatório de máscaras e um serviço de plantão médico 24 horas para tirar dúvidas e orientar as pessoas. Habilitamos dois laboratórios para a realização de exames em massa e adquirimos 34 mil testes. Praticamos um isolamento com restrições por 30 dias, com fechamento comércio e não essenciais. Agora já tem mais de 40 dias que flexibilizamos com a adoção de protocolos e não houve uma explosão de casos. Foz do Iguaçu tem uma transmissão comunitária muito baixa. Há hoje [a entrevista foi realizada no dia 27 de maio] 116 casos confirmados, sendo que praticamente 50% são importados e três óbitos. Há cinco pacientes em UTI e cerca de dez internações.

M&E – Além do lazer, Foz do Iguaçu também tem uma grande estrutura para eventos. Como estão olhando para este setor?

Gilmar Piolla – Somos o terceiro destino do Brasil em turismo de eventos, segundo o ranking da Icca. Estamos prevendo a retomada eventos de pequeno porte no final de julho, mas com medidas de distanciamento. Por exemplo, um evento para 400 pessoas, com as medidas de espaçamento entre as cadeiras, que não podem ocupar mais de 30% do espaço, seria necessário uma sala para 1,2 mil pessoas. Esta delimitação de 30% vale para todos os espaços fechados, como atrativos, comércio e hotéis, por exemplo. Só não restringimos a ocupação nos apartamentos dos hotéis.

M&E – Foz do Iguaçu vinha com um crescimento no número de voos. Como fazer agora para atrair estas ligações novamente?

Gilmar Piolla – Tínhamos três voos internacionais e com perspectivas de conseguir de novos. Estávamos trabalhando na articulação nosso do hub. Com tudo isso, aproveitamos para ganhar tempo em relação a obra de ampliação da pista. Ganhamos uns dois meses no prazo final. Com pouco movimento conseguimos trabalhar mais e fazer todas as intervenções. Teremos uma pista de 2,8 mil metros até o final do ano, o que permitirá receber voos sem escala dos Estados Unidos e Europa. Existia esta demanda e agora estamos literalmente correndo com as obras, o que será fundamental para a médio e longo prazo nesta recuperação. Tínhamos recordes sucessivos de visitação e, agora, começar tudo de novo. É um grande desafio.

M&E – Como a cidade, que tem boa parte da sua atividade econômica vinda do Turismo, ajudou as empresas e trabalhadores do setor neste período?

Gilmar Piolla – Lançamos um programa voltado aos trabalhadores do turismo como guias, motoristas e todos os demais que se enquadram no Micro Empreendedor Individual (MEI), o “Foz Juros Zero”. Esperamos atingir R$ 30 milhões com ele. Funciona da seguinte forma, a prefeitura vai bancar os juros e o empreendedor tem 12 meses de carência e 24 meses para pagar. O limite é de até R$ 6 mil para o MEI, trabalhador informal e a micro empresas. Agora estamos fazendo uma parceria com Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) para utilização destes recursos do Fungetur para atender as empresas maiores. Além disso, intermediamos negociações entre sindicatos e conseguimos saídas para preservar empregos no setor.

M&E – Diversas pesquisas mostram que as viagens terão início pelo doméstico. Como sair na frente na captação deste turista?

Gilmar Piolla – Entendemos que os destinos estarão muito competitivos no pós-pandemia. Teremos muitas promoções, como já vimos no exemplo da Itália, que vai distribuir vouchers para que os trabalhadores viagem pelo País. Pretendemos fazer uma campanha que vai envolver companhias aéreas, meios de hospedagem, atrativos e centros de compras na nossa fronteira. Faremos isso no momento certo, quando as pessoas tiverem mais confiança para viajar. Acredito que os destinos de natureza estarão em alta neste pós-pandemia. Como oferecemos opções de conforto e bem estar, com resorts, águas termais e boas condições de compras, podemos ter vantagem. Agora, estão sendo feitos muitos investimentos em lojas francas, que foram autorizadas nas cidades brasileiras de fronteira. Haverá uma cota de US$ 300 dólares aqui e mais US$ 500 para quem atravessar a fronteira. O brasileiro poderá comprar até US$ 800 sem pagamento de impostos. Tudo isso será um diferencial para o doméstico.

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