Um levantamento feito com exclusividade pelo portal UOL revelou que a 123 Milhas, em processo de recuperação judicial, deve mais de R$ 130 milhões a operadoras de hotéis conhecidas do trade, com destaque para Iterpec (R$ 25 milhões), EZLink (R$ 15 milhões) e Diversa (R$ 13 milhões), consideradas as maiores entre os credores. O levantamento ocorre em meio a uma reportagem especial do UOL sobre a acusão de irregularidades com clientes envolvendo hospedagens.
De acordo com o portal, a 123 Milhas recebia o pagamento, mas não pagava a operadora do hotel. Quando cancelada a reserva, não havia reembolso. A empresa ainda acusava as operadoras, alegando suposto cancelamento unilateral das reservas. Segundo a reportagem, a 123 Milhas afirmou que “créditos referentes às reservas realizadas antes de 29 de agosto de 2023 — e não pagas pela empresa — serão incluídos na recuperação judicial.
Só que operadoras hoteleiras como EZLink e Iterpec estão ganhando essas ações na justiça. Como vimos recentemente aqui no M&E, a Justiça isentou a distribuidora hoteleira EZLink de qualquer responsabilidade por reservas canceladas por falta de pagamento no caso 123 Milhas, atribuindo exclusivamente à OTA a culpa pelos transtornos causados aos consumidores. Na ocasião, o advogado da EZLink no processo, Rhoger Martin Rodrigues Silva, até comentou o caso.
“Temos defendido a mesma posição desde o primeiro momento: a EZLink e demais operadoras não podem ser responsabilizadas pela falta de pagamento da 123 Milhas e arcar com prejuízos dos clientes dela”
“Temos defendido a mesma posição desde o primeiro momento: a EZLink e demais operadoras não podem ser responsabilizadas pela falta de pagamento da 123 Milhas e arcar com prejuízos dos clientes dela. Estamos preparados e amparados por contrato para atribuir apenas aos responsáveis pela inadimplência as obrigações perante os consumidores”, disse.
A Iterpec passa pelo mesmo processo. Uma das maiores distribuidoras hoteleiras do Brasil conseguiu uma grande vitória nos casos em que foi incluída no polo passivo nas ações indenizatórias movidas por consumidores da “123 Milhas”. Assim como a maioria das empresas do mesmo ramo, seus contratos com a agência online garantiam o direito de não confirmação das vagas, bem como a responsabilização da “123 milhas” por qualquer cancelamento em caso de inadimplência.
“Para nós não faz sentido manter uma relação comercial com uma empresa que tanto prejudicou os consumidores e fornecedores do mercado”
“Para nós não faz sentido manter uma relação comercial com uma empresa que tanto prejudicou os consumidores e fornecedores do mercado. Prover conteúdo para uma empresa que claramente não blindou seus clientes e expôs seus fornecedores é dar combustível para que práticas como essas se repitam e nosso compliance não admite este tipo de relação. Valores são inegociáveis”, comentou Roberto Esteves, CEO da Iterpec.