Na corrida contra o tempo para obter aprovações de órgãos reguladores e colocar novamente em operação o problemático B737 MAX, a Boeing se deparou com novas falhas potenciais no projeto do modelo. Uma auditoria realizada em dezembro, a pedido da Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA), apontou preocupações com a fiação do MAX. O relatório foi divulgado nesse domingo (5) pelo The New York Times.
A fabricante informou a FAA no mês passado que duas seções de fiação que controlam a cauda do avião estão muito próximas e analisa se isso poderia causar um curto-circuito e, consequentemente, um acidente, se os pilotos não reagissem corretamente a uma eventual falha.
Um porta-voz da Boeing confirmou o relatório à CNN Business, dizendo que o problema foi identificado como parte de um “processo rigoroso” para garantir a segurança do avião. A empresa, no entanto, afirmou que seria prematuro afirmar se a nova descoberta levaria a novas retificações no MAX ou se aumentaria seu tempo de retificação.
A descoberta será mais um desafio com o qual no novo CEO da Boeing, David Calhoun terá que lidar. O executivo assume o comando da companhia a partir de 13 de janeiro, substituindo Dennis Muilenburg, que anunciou sua saída no último dia 23 de dezembro.
Histórico
O B737 MAX teve suas operações suspensas em todo mundo em março, após o acidente com o voo da Ethiopian Airlines, que vitimou 157 pessoas, o segundo a ocorrer com o modelo em menos de seis meses.
Investigações apontaram que os acidentes foram causado por uma falha no software de controle conhecido como MCAS (Maneuvering Characteristics Augmentation Software) Os pilotos utilizavam o sistema para evitar a estagnação da aeronave, e interruptores elétricos usados para tentar para elevar o bico, mas, uma vez ativado, o sistema empurrou o equipamento para baixo.
A busca pela retomada se deparou no início de dezembro com uma revelação surpreendente. Documentos mostraram que a FAA sabia do alto risco da aeronave. Ao analisar a segurança do modelo após o acidente com a Lion Air, a agência apontou para uma sombria possibilidade de 15 acidentes fatais durante a vida útil da frota, que é de 30 a 45 anos, um acidente a cada dois ou três anos.
No entanto, o órgão permitiu que a aeronave continuasse em operação com os devidos treinamentos. Dias após a revelação, a Boeing anunciou a suspensão da produção do B737 MAX a partir deste mês.