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Política

Bayard Boiteux: O Brasil e a reconstrução do Haiti

Bayard Boiteux; coordenador geral dos cursos de Turismo e Hotelaria da UniverCidade e presidente do Site Consultoria em Turismo (www.bayardboiteux.pro.br); escreve artigo sobre a ‘emblemática’ ajuda dos Estados Unidos ao Haiti e sobre o duvidoso investimento brasileiro ao país; tanto financeiro quanto em relação a ajuda do exército.

O Brasil e a reconstrução do Haiti

Sempre que uma grande tragédia natural acontece; onde estão envolvidos cidadãos dos países desenvolvidos; há uma grande comoção internacional e nasce rapidamente uma solidariedade; que habitualmente não acontece.

O Haiti acaba de passar por uma verdadeira devastação. A reconstrução do país deverá demorar no mínimo sete anos e vai demandar recursos; que poderiam inclusive resolver uma série de problemas nos países mais pobres do mundo. Há um interesse muito grande das grandes potências; nomeadamente dos Estados Unidos; que assim vai ocupando espaços. O Brasil; de olho numa vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU não tem medido esforços para que a missão de paz da ONU; comandada por nosso país; seja um sucesso. É estranho; se tal palavra pode ser utilizada; ver militares brasileiros tentando resolver os problemas de segurança; nas principais favelas de Port au Prince; sem que tenhamos até hoje conseguido minimizar a violência urbana nas cidades brasileiras.

A vontade do Brasil em estar no Conselho de Segurança é tão grande; que o governo Lula tem perdoado enormes dividas; como a de Moçambique; da Nigéria; da Bolívia; de Cabo Verde; do Gabão e de Cuba; num valor aproximado de 800 milhões de dólares. Como verificamos; está saindo cara nossa disputa; sem mencionar a compra de aviões ao grande irmão Sarkozy.

A situação no Haiti é caótica. Lembro que quando estive naquele país há três anos; que já havia sido em muito sacrificado pela ditadura de Baby Doc; que até uma surra mandou dar numa equipe de futebol; que foi goleada numa copa do mundo; a miséria pairava em cada canto da cidade e os hotéis já recomendavam uma espécie de toque de recolher e as áreas proibidas. A população gostava muito de nossos militares e se sentia agradecida; o que não vem ocorrendo com a chegada maciça de norte-americanos; que inclusive usaram o quase destruído palácio; como pista de pouso. Segundo um professor haitiano; que conseguiu escapar do terremoto e que mantém contatos comigo; tal ajuda é no mínimo “emblemática”.

Devagar; os EUA estão ocupando algumas arestas deixadas pelos brasileiros e mostrando a sua potência bélica e rapidez na ajuda; pela proximidade e sobretudo porque as decisões são menos burocráticas. O Brasil precisa manter seu status de comando da força de paz e melhorar a distribuição caótica de água e alimentos; que começam a se amontoar em alguns locais; sem chegar à população e que podem se estragar.

O Haiti precisa de uma verdadeira solidariedade humana; vinda do fundo do coração dos governos; o que é pouco provável mas sobretudo que não deixem mais uma vez de respeitar decisões da ONU e não pensar no loteamento do país; com grandes empreiteiras internacionais; para a reconstrução do mesmo…

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