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Opinião

OPINIÃO – Meritocracia: necessidade que se impõe

Daniel Santos*

Daniel Santos (Foto: Divulgação)

Daniel Santos (Foto: Divulgação)

Quem vive a realidade brasileira percebe que, no geral, as empresas tendem a sobrevalorizar o relacionamento e o clima organizacional. A preferência das organizações recai não para um funcionário extremamente competitivo – e sim para aquele que tem excelentes relações interpessoais. Isso é um veneno às empresas orientadas para a meritocracia.

Por que? Objetivamente, o resultado tem o maior peso e é o mais importante. O funcionário é dono de um currículo muito bem avaliado, mas ele só cresce se der resultado – tenha um ou 20 anos de empresa. A não observância do mérito, avaliado de forma contínua e objetiva, acaba gerando insatisfação, insucesso e estagnação.

Eu, particularmente, admiro um grande empresário que tem estilo de gestão fundamentado na meritocracia. Falo de Jorge Paulo Lemann – o homem mais rico do Brasil. Nas empresas dele, o salário fixo é relativamente baixo – mas o variável é muito alto. Essa diretriz estimula a competição saudável e evita a zona de conforto. E na prática, favorece o florescimento de jovens talentos, promovidos por mérito e não por tempo de casa – como ocorre nas empresas de vocação paternalista.

Cabe lembrar que o paternalismo é uma modalidade de autoritarismo, que abriga decisões arbitrárias e inquestionáveis. Não por acaso, o socialismo e demais ideologias que pregam o conceito de sociedade igualitária também se opõem à meritocracia. Rechaçam a ideia de incentivar o sucesso baseado no individualismo, por acreditarem que isso fomenta a desigualdade social. Argumento míope, de inspiração autoritária.

Aprendi, com a experiência, que a meritocracia independe do ‘timing’. Ou o colaborador dá resultado ou não serve. E essa clareza também se aplica ao líder. Ele pode ser carismático, receber aplausos o tempo todo, mas se não gerar resultados vinculados a metas, ficará restrito a um bom RP. Isso vale para empresas de todos os ramos e portes.

O fato é que a meritocracia, para funcionar, tem de ser implantada de cima para baixo. Porém, essa escolha exige 100% de gestão o tempo todo. Rompe com questões afetivas e de relações pessoais, impedindo que o filho ou o sobrinho do dono galguem posições sem o devido merecimento. Naturalmente, há casos de empresas híbridas, que buscam conciliar meritocracia e paternalismo com relativo sucesso. Mas o futuro não aponta nessa direção.

É fácil vender internamente as vantagens de um sistema fundamentado no mérito de cada um? Claro que não, porque a meritocracia arrasa com a zona de conforto. Há também o problema crucial das metas mal feitas e, muitas vezes, fictícias. Metas não se impõe – devem decorrer de análise criteriosa. E uma vez fixada em 20%, por exemplo, o atingimento de 17% ou 18% conspira contra o mérito dos atores envolvidos.

*Daniel Santos é sócio diretor grupo Nacional Inn e sócio do grupo Salvatur

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