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Aviação

Avianca Brasil: falência iminente

Companhia e funcionários lutam para manter os voos. Número de cancelamentos já ultrapassa a marca de 2 mil

Após aprovação do novo plano de recuperação judicial, Avianca vive expectativa por leilão de ativos e possível reintegração de posse das aeronaves

Após aprovação do novo plano de recuperação judicial, Avianca corre risco de falência antes do leilão de suas UPIs

Em setembro de 2018, a Avianca Brasil lançou uma nova campanha institucional que tinha como tema “Vem se apaixonar”. A peça de marketing tinha o objetivo de reforçar algo já conhecido pelos clientes da aérea, a qualidade de seu produto, incluindo serviço de bordo e conforto da aeronave.

Na ocasião a companhia celebrava os novos voos internacionais para Santiago, Miami e Nova York, além dos 25 destinos nacionais, com a inauguração das bases de Vitória (ES) e Belém (PA). A meta era chegar a 13 milhões de passageiros transportados até o fim do ano. Naquele momento a companhia contava com 59 aeronaves, o que a posicionava como a frota mais moderna entre as aéreas brasileiras.

Após sete meses, o noticiário da Avianca ressalta novamente a sua frota, mas não mais por ser a mais moderna e com o melhor serviço, mas pelo fato de ser reduzida a apenas seis aviões, em decorrência da devolução dos equipamentos às empresas de leasing que financiaram a compra.

A consequência da recuperação judicial e da redução  da frota são os mais de 2 mil voos cancelados em abril, se juntando às operações internacionais, canceladas em janeiro. As centenas de decolagens foram reduzidas a 38 voos diários nas rotas Brasília – Congonhas (SP), Brasília – Santos Dumont (RJ), Congonhas (SP) – Salvador, Congonhas (SP) – Santos Dumont (RJ).

Plano de expansão contempla segunda rota diária para Miami, terceiro voo para Santiago, no Chile, e novas operações no Brasil

A320 neo está entre as aeronaves devolvidas pela Avianca Brasil

A drástica redução na operação deixa uma grande dúvida no mercado sobre a capacidade da aérea em conseguir se manter até o leilão de seus ativos, previsto para o dia 7 de maio. A companhia soma no momento cerca de R$ 2,8 bilhões em dívidas com credores. O plano de recuperação judicial, aprovado este mês, prevê a divisão da empresa em sete Unidades Produtivas Individuais (UPIs) para o leilão, visando arrecadar um valor maior para amortizar a dívida.

A operação em aeroportos está condicionada ao pagamento antecipado de taxas de operação, tendo em vista que o novo plano de recuperação judicial não prevê o pagamento de novas dívidas, o que tira a garantia de recebimento por parte dos terminais.

A falta de garantias também inviabiliza novos contratos de leasing para reposição de frota. As notícias também geram um impacto negativo junto a consumidores que, em meio ao cenário de incerteza, evitam a compra de passagens pela companhia. A junção destes fatores podem inviabilizar a operação da companhia e como consequência resultar em sua falência a qualquer momento, a poucos dias do leilão.

ESFORÇOS DE INTERESSADAS

Após a Azul fazer uma proposta pelos ativos da Avianca, Gol e Latam se entraram na briga, gerando o fatiamento da Avianca em 7 UPIs. Na foto o presidente da Azul e da Gol, Jonh Rodgerson e Paulo Kakinoff, e o CEO da Latam Airlines Brasil, Jerome Cardier.

Após a Azul fazer uma proposta pelos ativos da Avianca, Gol e Latam entraram na briga, gerando o fatiamento da Avianca em 7 UPIs. Na foto o presidente da Azul e da Gol, John Rodgerson e Paulo Kakinoff, e o CEO da Latam Brasil, Jerome Cardier.

Principais partes interessadas no leilão a Gol, Latam, e a gestora Elliot Management, principal credora da Avianca Brasil, vem realizando aportes para manter a saúde financeira até o leilão. Somente a Gol fez um investimento de US$ 48 milhões, sendo US$ 13 para a Avianca e US$ 35 para Elliot, como informou o presidente da companhia Paulo Kakinoff, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo.

“Não temos visibilidade sobre a real situação da Avianca, o que sabemos é que, ao longo da recuperação judicial, nenhum conjunto dos agentes interessados nesse processo fez tantos investimentos e esforços como se está sendo feito agora”, afimou Kakinoff.

As partes foram responsáveis pelo novo plano, que dividiu a empresa em sete UPIs. No modelo, duas das UPIs (UPI A e UPI B) serão leiloadas por Gol e Latam por um valor mínimo de US$ 70 milhões (R$ 270 milhões) cada uma. Também será leiloado um grupo de três UPIs por no mínimo US$ 70 milhões. A estimativa da Elliot era chegar ao menos US$ 230 milhões (R$ 890 milhões).

O formato fez com que a Azul retirasse a sua oferta inicial, que previa a aquisição de todos os ativos por US$ 105 milhões, além de US$ 130 mi de investimento da companhia. De acordo com o presidente da Azul, John Rodgerson o novo plano foi feito para tirar a possibilidade de Azul ingressar na ponte aérea Congonhas/Santos Dumont, devido a divisão dos slots que impediria saídas regulares da companhia na rota

“Hoje já deveria ter acontecido o leilão, poderíamos já entrar no Cade e começar a integrar a empresa dentro da Azul. Teria sido um dia de alegria para os funcionários da Avianca. Mas, infelizmente, os credores foram em outra direção”, afirmou Rodgerson, durante o anúncio de novos voos da Azul realizado no Palácio dos Bandeirantes, no último dia 18.

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