SÃO PAULO – Durante o segundo e último dia de Abav-SP Meeting 2024, Marco Ferraz, presidente da Clia (Cruise Lines International Association) Brasil, palestrou sobre o “mundo de possibilidades” dos cruzeiros marítimos.
“Somos uma comunidade muito forte, com uma cadeia produtiva enorme que compõe a indústria”, diz o presidente. A ideia da palestra, de acordo com Marco, é ajudar quem já vende a vender mais, e quem ainda não vende, começar a vender.
Sustentabilidade como prioridade
O primeiro tópico abordado por Ferraz foi sobre a iniciativa “Net Zero by 2050”, ou seja, todos as companhias aliadas à Clia estão comprometidas a zerar suas emissões de carbono nos próximos 25 anos.
“As companhias estão investindo em tecnologia, mudança de motores, e em busca de um combustível mais sustentável. Assinamos para reduzir em 40% até 2040 e 100% até 2050”, explicou o presidente.
Além disso, a partir de 2025, as companhias de cruzeiros pagarão por cada carbono que emitirem. Os itinerários vão mudar em decorrência a isso.
Todo esgoto dos navios associados já são tratados e descartados. De acordo com Marco, as águas tratadas são tão limpas que podem ser consumida.
As embarcações também já estão instalando sistemas de proteção à vida marinha, e de dessalinização das águas, o que evita que os navios utilizem menos água potável dos países em que visitam.
Metanol, biodiesel, biogás e hidrogênio verde são alguns dos combustíveis sustentáveis a serem utilizados pelos navios nos próximos anos. Limpeza de gás, lubrificação a ar e novos revestimentos de casco para melhor deslizamento dos barcos em alto mar são soluções para a redução de combustível, já que essas práticas diminuem de 10% a 15% do gasto energético.
Desafios a serem superados pela comunidade
É um fato que a pandemia de 2019 diminuiu a quantidade de cruzeiristas drasticamente. Mas também é verdade que o mercado de cruzeiros se recuperou e ainda melhorou seus números em menos de 5 anos.
Em 2021, o mercado perdeu cerca de 21 milhões de cruzeiristas em decorrência da pandemia. No entanto, já em 2023, 31,7 milhões de viajantes embarcaram ao alongo do ano, um crescimento de 107% em relação a 2019. Em 2025 a expectativa atingir 35 milhões de cruzeiristas.
Embora esse desafio já tenha sido mais que superado, outro ainda deve ser trabalhado pelo mercado. O Brasil, em comparação a regiões como Caribe e Europa, ainda é muito pequeno. “A Austrália, que tem o mesmo clima, é ainda mais longe do que nós, é maior do que a gente, precisamos trabalhar nisso”.
Os principais cruzeiristas são americanos, o Brasil está no 8º lugar no top 10. Ainda assim, o país foi o mercado que mais cresceu desde desde 2019, com 30%.
Impacto econômico internacional
Ao todo, US$168,6 bilhões foram movimentados durante o ano no segmento. Marco também compartilha que, nos próximos anos, 77 novos navios serão lançados, o que significa um investimento de US$61,1 bilhões.
A capacidade de leitos deve crescer em 10% até 2028. Também terão muitos navios de pequeno e médio porte chegando: 70% são pequenos ou médios, e 28% são grandes.
Em relação a perfil de cruzeirista, 27% são de primeira viagem, e 11% dos viajantes de cruzeiros consideram apenas cruzeiros para suas férias. Cruzeiros de expedição cresceram em 71% neste ano, e 45% dos viajantes buscam destinos com acessibilidade em terra. 28% navegam com três a cinco gerações.
A Clia também aposta muito no segmento de luxo. Hoje, a associação tem mais de 90 navios de luxo, e mais chegarão até 2036, um crescimento de 300% em relação a 2010.
Impacto econômico no Brasil
Em 2023, 844 mil passageiros viajaram em navios, um numero recorde no mercado do nosso país. R$5,2 bilhões foram injetados na economia, e o ticket médio de cada cruzeirista ficou em R$5,2 mil, em roteiros de 4 a 7 dias. Hoje, o mercado nacional oferece mais de 204 roteiros, 861 mil leitos totais. 80 mil empregos são gerados através de cruzeiros no país.
Marco destaca o papel vital do agente de viagem. “É importante o que vocês fazem, não é fácil vender cruzeiro, ao mesmo tempo que é. Vocês sabem o tipo de navio, roteiro, cabine, vocês fazem o Match com o viajante”.
“82% das pessoas querem voltar, isso é garantido, então usem isso. 73% são vendidos por agentes de viagens no mundo. Não tem outro setor que tem esse share no turismo”, completa o presidente.
Ferraz também traz dados do Índice de Satisfação do Cliente, e mostra que quem compra pelo agente de viagem sai muito mais satisfeito.