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Saudade da Bahia

Mesmo se, segundo a Globo News, 7 mil hotéis e pousadas fecharam no Brasil nos últimos dois anos, o anúncio do fechamento do Bahia Othon Palace Hotel foi recebido com muita emoção pelos profissionais do setor. Aberto em 1975, hotel bandeira do grupo fundado em 1943 pelo empresario pernambucano Othon Bezerra, marca do dinamismo excepcional que o turismo baiano conheceu durante três décadas, ligado a muitos grandes eventos do trade brasileiro, incluindo vários saudosos congressos da ABAV, o estabelecimento da orla marítima de Ondina foi um símbolo de uma grande época. Alem de quartos, a cidade de Salvador perde também um centro de convenções e um ícone do turismo local cujo fechamento mostra a crise do setor.

A emoção dos profissionais ficou maior ainda porque a perda do Othon Palace ocorreu quase três anos após o fechamento do Hotel Pestana, no bairro do Rio Vermelho, outro hotel emblemático da cidade que tinha sido inaugurado em 1974 como Le Meridien. Então filial a 100% da Air France, estrategicamente dirigida pelo alto comando da empresa que estava apostando forte no Brasil com a abertura do Concorde, os hotéis Meridien abriram naquela década dois espetaculares estabelecimentos no Rio de Janeiro e em Salvador. Ambos eram hotéis de grande porte – 500 quartos no Rio de Janeiro e 430 em Salvador-, ambos tinham restaurantes gastronômicos -o Faubourg Saint Honoré do Rio de Janeiro contando com a griffe do Bocuse e um então jovem chef, Laurent Suaudeau que virou depois o referente mor da gastronomia brasileira. Ambos tinham uma agencia de viagem da Compagnie internationale des Wagons lits, e uma badalada boate da Regine – então rainha das noites francesas.

Abandonado pela Air France em 1994, o Meridien deixou definitivamente o Brasil em 2007 quando seu último hotel brasileiro virou Iberostar, depois Windsor e agora Hilton. A rede Othon segue como uma das principais redes hoteleiras nacionais, e continua a oferecer seus serviços em nove cidades do Brasil,no Rio de Janeiro, em Macaé, São Paulo, Araraquara, São Carlos e Matão, Belo Horizonte, Fortaleza, Natal e no Recife. Em Salvador, os dois outrora concorrentes só deixaram muitas lembranças – como a inesquecível alegria do bloco de carnaval que o Meridien organizava misturando hospedes e funcionários-, bem como a saudade de uma época gloriosa do turismo brasileiro, e, mais ainda, a esperança da abertura de um novo ciclo de crescimento.

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