Madri: uma aventura gastronômica

Conhecer Madri é com certeza um perigo para quem está de dieta. Na cidade, a oferta gastronômica é muito variada, uma vez que, nos seus restaurantes, existe o que de melhor cada ponto do país tem para oferecer. Sem contar que há restaurantes de todo o tipo de nacionalidades e de estilos, desde vegetarianos, até indianos, passando por churrascarias argentinas, restaurantes de cozinha grega, japonesa ou chinesa.

Uma noite, com meu chefe e umas colegas, fiz a famosa “La Marcha”. Uma tradição para quem conhece a capital espanhola. Perto da Plaza Mayor existem diversos bares que fazem da noite madrilenha mais longa do que muitos lugares do mundo. Isso porque pode-se beber cañas (cervejas) e provar os tapas de diversos bares. Acredito que fomos em dez em poucas horas, só não foi em mais porque estávamos cansados.

Diz a lenda que as tapas, que consistem num pequeno bocado de pão com qualquer coisa lá dentro, servidas com uma bebida, servem para impedir que entre o pó para a boca. Com o tempo, vários excelentes e requintados pratos foram adicionados à lista de tapas, tendo passado a fazer parte da tradição e tornado a palavra tapa num sinônimo de um pequeno troço de qualquer coisa deliciosa.

Conosco não foi diferente. Em cada bar que paramos, provamos suas tapas típicas, que vão desde o Queijo Manchego, até à “Morcilla” (espécie de morcela), o pão com presunto serrano e as tapas de presunto, onde as azeitonas marcam também presença importante.

Mas deixei o melhor para o fim, não, não é a sobremesa, e sim, a visita ao Restaurante Botín. O mais velho em atividade do mundo, segundo o Guinness Book. Ele é um restaurante criado em 1725 que funciona ininterruptamente desde então, situado perto da Plaza Mayor.

Parte do folclore do restaurante consta que o pintor Goya trabalhou no Botín por volta de 1765 como lavador de pratos, enquanto ele estava esperando para conseguir um lugar no Madrid Royal Academy of Fine. O restaurante também é mencionado no livro de Fortunata y Jacinta de Benito Pérez Galdós (publicado em 1886-1887).

Com uma atmosfera despretensiosa, a fachada do restaurante lembra a de uma simples cantina, e Botín adentro verificamos um lugar cheio de corredores estreitos, utilizados atualmente como armazéns. Seu interior mantém uma estrutura antiquíssima e imponente, espalhada por três andares. O restaurante já passou por restaurações, mas sempre manteve sua arquitetura original.

O prato mais famoso é o Cochinillo Asado, trata-se de um leitãozinho de 21 dias que custa por volta de R$ 50, além de ter outras especialidades, dentre as quais se destacam: a Ensalada Botin (com frango e presunto), a sopa de alho com ovo, Gazpacho, Almejas Botin, Chiprones en su tinta, Cordeiro assado e o Solomillo Botin. Para arrematar, peça um surtido de buñuelos, uma espécie de sonhos recheados com sorvetes de três sabores. Só que quem estiver interessando deve fazer a sua reserva antecipada porque vive lotado.

Boa comida e boa bebida em um ambiente distinto, que oferece uma atmosfera rústica e aconchegante – além de um serviço de qualidade – é receita certa para momentos extraordinários, causos e sabores memoráveis. E tudo isto é oferta da casa.

E eu posso falar que vivenciei um momento deste lá. Durante o jantar, um grupo de trovadores, que se dizem estudantes, entraram no salão que estávamos com estranhos instrumentos castelhanos e cantando qualquer música que os frequentadores quiserem. Logo veio na cabeça, será que esses caras sabem cantar “Ai se eu te pego”?

Resultado, sabiam, cantaram e ainda fizeram a corografia!!! Assista aqui o vídeo que eu fiz!

Rafael Massadar