Música e a imagem do Brasil no exterior

Na última semana estive no Sandals Royal Bahamian, em Nassau. A viagem a convite da rede reuniu jornalistas e operadores de toda a América Latina. Entre os “periodistas” eu era o único brasileiro, os demais colegas vinhas da Argentina, Chile, Colômbia, Panamá e México. Convivi durante cinco dias com os hermanos e as muitas conversas que tive com eles me mostraram como eles enxergam e entendem o nosso País, bem como a vontade deles de conhecer o País.

Em uma das conversas falávamos sobre a cultura dos nossos países. Em meio a muita brincadeira, sugeri que os argentinos cantassem um tango. Eles, por sua vez, repetiram os bordões do Chaves para se referir ao México. E para a minha surpresa, todos eles olharam para mim e cantaram um trecho da música “Ai se eu te pego” do Michel Teló. Claro, fiquei indignado. Tanta cultura, tantos lugares fascinantes e o que os faz pensar no Brasil é esta música?

Quando parei para explicar tudo o que temos por aqui eles me responderam que até conhecem outras coisas, mas é isso que chega para eles. Ao mesmo tempo que restringe o entendimento dos nossos vizinhos do que é o Brasil, este tipo de música (também cantaram outras para mim, como Tchê Tche Rere, Olha a Onda e a Dança da Manivela) mostra toda a alegria e descontração do nosso povo, que tanto encanta a todos os estrangeiros.

Claro que me fizeram cantar Garota de Ipanema para para provar que há outros tipos de música por aqui. Aproveitei e falei do que temos a oferecer. Os argentinos se interessaram mais pelas praias, já os mexicanos gostaram das dicas sobre São Paulo, principalmente o Museu do Futebol como atrativo para quem virá ao País para a Copa do Mundo. Eles também gostaram de saber mais sobre atrativos como a Serra Gaúcha, Cataratas do Iguaçu, Gramado e da Oktoberfest de Blumenau, diferente do clichê “sol e praia”.

Essas simples conversas fazem refletir sobre as ferramentas utilizadas para promover o País. A nossa riquíssima música poderia sim ser um instrumento de divulgação do País. Muitos ainda acham que por aqui só existe Carnaval e futebol. Já ouvi isso mais de um milhão de vezes. Ao contrário do que pode parecer, os “gringos” não apreciam apenas as nossas belezas naturais, a caipirinha e o futebol. Nossa cultura e principalmente nossa música têm grande valor e podem nos ajudar a finalmente romper a barreira dos 5 milhões de turistas estrangeiros por ano.

(Anderson Masetto)