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Aviação

Em busca de ajuda financeira, aéreas enfrentam impasse com o BNDES

Azul, Gol e Latam

Em meio à crise provocada pela pandemia, aéreas enfrentam impasse para garantir apoio financeiro

A busca por apoio governamental vem sendo um recurso adotado por companhias aéreas em todo mundo para sobreviver à crise provocada pela pandemia de coronavírus (Covid-19). No Brasil, até o momento, medidas efetivas para auxílio ao setor vieram por duas Medidas Provisórias: a MP 925, que estabelece o prazo de 12 meses para reembolso de passagens, e a MP 936, que permite redução de salário e carga horária.

Apesar de estancarem prejuízos imediatos das companhias, as medidas não são efetivas para garantir um aporte financeiro que viabilize as operações em um cenário de queda de demanda e baixa ocupação esperados para o primeiro ano do pós-pandemia.

As principais aéreas do país, Azul, Gol e Latam, estão em conversas com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em busca de ajuda financeira para enfrentar este período. No entanto, há um impasse em relação às contrapartidas, que viriam por meio da participação do banco nas transportadoras, o que levaria a uma diluição da participação dos acionistas.

A proposta é de uma participação de 30%, percentual considerado inaceitável pelas aéreas, que estão dispostas a aceitar no máximo entre 10% e 15%. A negociação surge em meio a um impasse no mundo todo sobre as ajudas às companhias. Enquanto em Portugal se discute um renacionalizarão da TAP, na Itália, esta já é realidade com a Alitalia. Já nos Estados Unidos, o governo anunciou um pacote de US$ 25 bilhões, que prevê uma participação acionária (e consequentemente um diluição) muito abaixo do proposto pelo banco estatal brasileiro.

Em entrevista ao jornal O Globo, o CEO da Latam Airlines Brasil, Jerome Cadier, cita justamente o exemplo americano ao afirmar que a proposta de 30% é inviável para as companhias. “Não tem que ser como foi nos EUA, onde o governo injetou US$ 50 bilhões, sendo metade doado (US$ 25 bilhões), com uma diluição, no pior dos casos, de 3%. Estamos pedindo R$ 10 bilhões de crédito. Com 30% de diluição, a matemática não fecha. Esse não é um setor que vai desaparecer. Pode ter o risco de uma ou outra, mas não de as três desaparecerem”, analisa o executivo.

Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil

Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil

A discussão passa pelo valor das ações. Enquanto o BNDES exige contrapartidas pelos riscos de apostar no setor aéreo, as companhias consideram injusto que o banco avalie o investimento pelo valor atual das ações, muito afetado pela queda das bolsas em meio à pandemia. Essa necessidade de uma avaliação mais justa das ações levou a Azul e a própria Latam a contratarem bancos privados para ajudar nessa precificação.

“É equivocado considerar o valor das ações antes da crise, mas não é justo pegar o valor de hoje. Tem um risco, e ele precisa ser remunerado além dos juros. O BNDES está propondo uma opção conversível em cinco anos, tempo em que o setor se recupera. Foi bom trazer os bancos privados para chancelar a precificação. Acredito que vamos chegar em alguma diluição para os acionistas mas é longe do que está na mesa”, afirmou Jerome Cadier.

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