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Aviação / Curiosidades / Fotos

ESPECIAL: o fim da trajetória histórica da Avianca Brasil; fotos

A alegria de José Efromovich e Tarcísio Gargioni na chegada ao Chile

É a alegria de José Efromovich e Tarcísio Gargioni, como esta na chegada da Avianca Brasil ao Chile, que ficará marcada na história (Pedro Menezes/M&E)

Chegou ao fim a gloriosa história da Avianca Brasil (Oceanair Linhas Aéreas S/A), que teve sua falência decretada pela Justiça de São Paulo, nesta terça-feira (14). Foram anos de angústia, desde a difícil confirmação do pedido de recuperação judicial, na tarde daquele 11 de dezembro de 2018, até o fim da empresa, neste 14 de julho de 2020, com a obrigação de lidar com cancelamento de rotas, com a devolução de suas aeronaves, com demissão em massa de funcionários, com os milhares de voos cancelados, com a proibição da vendas de bilhetes e com a suspensão de operações.

Veja abaixo a galeria especial criada pelo M&E com fotos de nossas coberturas ao longo dos anos

A companhia realizou o último voo de sua história no dia 24 de maio de 2019, já em meio a salários atrasados e rotas operadas com apenas cinco aeronaves (4 A318s e 1 A319) para as cidades de Rio de Janeiro/SDU, São Paulo/CGH e Brasília/BSB. A “pá de cal” foi jogada justamente pela Justiça de São Paulo, nesta terça-feira (14), encerrando oficialmente a história de mais uma companhia brasileira. A partir desta data, portanto, o país passa a contar com apenas três grandes companhias aéreas comerciais de passageiros: Azul, Gol e Latam.

Companhia está em Recuperação Judicial desde dezembro

Os Airbus modernos, a única nota A no Brasil no quesito “espaço para as pernas”, os lanches quentes e o cuidado do time de funcionários ficarão apenas na memória daqueles que sempre prezaram por um serviço diferenciado e preços justos

Os Airbus modernos, a única nota A no Brasil no quesito “espaço para as pernas”, os lanches quentes e o cuidado do time de funcionários ficarão apenas na memória daqueles que sempre prezaram por um serviço diferenciado e preços justos. Todos nós sempre lembraremos da Avianca Brasil, de como tudo começou, a exemplo do dia 25 de abril de 2010, quando o M&E noticiava que a Ocean Air Linhas Aéreas passaria a se chamar Avianca Brasil.

Na ocasião, o presidente da empresa José Efromovich dizia que seriam investidos US$ 250 milhões na compra de novas aeronaves e que a empresa pretendia atingir 4% em participação de mercado, além de ter sido apresentado também o primeiro Airbus A319. Até o fim daquele ano seriam quatro A319s e 14 Focker MK28s em toda a frota.

Este especial é justamente para ficar na história. Vamos juntos relembrar momentos históricos de expansão nacional e internacional da Avianca Brasil, a chegada de aeronaves, bem como os últimos passos de uma das melhores companhias que o País com certeza já teve. Não esqueça de ver a galeria abaixo com as fotos de momentos marcantes #saudadesavianca.

O começo do fim

A Avianca Brasil operava de “vento em popa” para todos aqueles que vendiam e compravam suas passagens. Até novembro de 2018, quem pensava em Avianca Brasil, pensava em expansão, pensava em voar para Miami, Nova York e Santiago, pensava no serviço recheado de bordo de suas operações domésticas, pensava em viajar de Norte a Sul do País e imaginava um futuro cada vez mais promissor para a companhia que ganhava cada vez mais marketshare nacional e internacional, com o convite para conhecer seus produtos e serviços com a campanha “Vem se apaixonar”.

Em junho de 2018, quando lançou operações para a Região Norte, através de voos entre Guarulhos e Belém (PA), a Avianca ainda se vangloriava dos mais de 270 voos diários realizados por uma frota robusta de 55 aeronaves e dos mais de mil destinos internacionais conectados através da Star Alliance.

Equipe da Avianca Brasil

Colaboradores da Avianca Brasil que fizeram parte desta história

Em dezembro de 2017, exatamente um ano antes da confirmação da Recuperação Judicial e do “Começo do Fim”, a Avianca Brasil escrevia o mais bonito e mais importante capítulo de sua história com o início de operações diretas entre São Paulo/GRU e Nova York/JFK. Na ocasião, uma grande festa reuniu importantes clientes, toda a diretoria da Avianca Brasil e convidados para lá de especiais no coração da Big Apple.

Foi naquela mesma semana que o até então presidente da Avianca Brasil, Fedrerico Pedreira, concedeu uma entrevista exclusiva ao M&E contando tudo sobre o que seria o futuro da companhia, desde mais investimentos nos EUA e os possíveis voos para a Europa, até a fusão com a Avianca Colômbia e o futuro do A350 dentro de suas operações internacionais. Exatos quatro meses antes, em agosto, a Avianca realizava o voo inaugural para Santiago com 227 passageiros.

Era um momento único para a Avianca Brasil. Além da expansão sem precedentes, a companhia revelava sua nova estrutura comercial, após a chegada de um novo vice-presidente de Marketing e Vendas (Alberto Weisser), que assumiu o lugar de Tarcísio Gargioni, lançava o segundo vídeo de sua campanha “Vem se Apaixonar”, era a companhia que mais respeitava o consumidor e já até cogitava voos diretos para Buenos Aires, quando a rota, que até então era de brigadeiro, começou a ficar um pouco mais conturbada, um pouco mais turbulenta.

2019-07-10

Embarque de um Fokker 100 no ano de 2012

No dia 11 de dezembro de 2018, a Avianca veio a público revelar detalhes de uma negociação com fornecedores de leasing que faria parte de uma adequação da malha aérea, além de uma negociação com a Airbus para o corte na entrega de até 50 novas aeronaves. Na ocasião, a imprensa cogitava a possibilidade da companhia começar perder aeronaves da frota justamente por conta destes contratos de arrendamento que não estariam sendo cumpridos, mas era algo que parecia longe da realidade da companhia tão querida pelos brasileiros.

“O tempo fechou de verdade na noite de 11 de dezembro de 2018. Clientes e parceiros apertaram os cintos surpresos com a confirmação oficial do pedido de recuperação judicial da companhia, noticiada pelo M&E naquela terça-feira às 20h10 (horário de Brasília)

O tempo fechou de verdade na noite daquele mesmo 11 de dezembro de 2018. Clientes e parceiros “apertaram os cintos”, surpresos com a confirmação oficial do pedido de recuperação judicial da companhia, noticiada pelo M&E naquela terça-feira às 20h10 (horário de Brasília). Na ocasião, a Avianca Brasil entrava com um pedido de recuperação judicial na 1ª Vara Empresarial de São Paulo, solicitando “que todas as ações e execuções em curso em face das requerentes fossem suspensas” e que a Anac mantivesse provisória e cautelarmente todas as concessões e autorizações concedidas.

O pedido solicitava ainda que a companhia pudesse continuar utilizando toda infraestrutura de aeroportos no Brasil e no exterior necessárias à prestação de serviços aos seus passageiros. Era um momento em que a Avianca Brasil crescia rápido. Em 2018, a companhia já ostentava um share de 13,55% no nacional e 7,72% no internacional.

Nos últimos dois anos, o destaque tinha sido a internacionalização, com o início de voos para Miami, Nova York e Santiago, anunciado em abril de 2017, junto da chegada do A330, considerado na época pelo VP de Marketing e Vendas, Tarcísio Gargioni, como um grande salto para a Avianca Brasil. Isto sem falar na expansão nacional sem precedentes, com novos voos para Nordeste, a estreia em Belo Horizonte, o início de suas operações em Navegantes e a chegada pela primeira vez à Região Norte.

Pela primeira vez na história, NY apareceu como destino da Avianca em GRU

A primeira aparição de Nova York como destino da Avianca em Guarulhos

A dívida, declarada em quase R$ 495 milhões com os aeroportos brasileiros, públicos e privados, em dezembro, tinha pulado, em março de 2019, para R$ 2,7 bilhões, agora considerando os arrendamentos de suas aeronaves, que não entram no processo de recuperação, e parte da dívida, que chegava a R$ 585 milhões.

A Avianca Brasil, naquele momento, abria a verdadeira caixa preta e mostrava ao Brasil que os problemas eram maiores do que pareciam. Na época, a preocupação da Abav Nacional e da Braztoa era apenas garantir que 100% dos passageiros que comprassem bilhetes da Avianca Brasil fossem atendidos durante a alta temporada que se iniciava, imaginando uma recuperação saudável da companhia que agora só está presente na memória.

Modelo de sucesso que vinha para ficar

Aeronaves modernas, com telas touchscreen e entretenimento em todos os assentos dos voos domésticos. Lanches quentes e grátis (incluídos no preço do bilhete) em 99% de seus voos (exceto nos A318s – por não possuir espaço suficiente para o forno na galley). Nota A em espaço para as pernas (espaço entre as pernas e a poltrona da frente) concedida pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Uma das passagens mais baratas em rotas movimentadas. Hub devidamente consolidado no Rio de Janeiro, atendendo em terminal único. A expansão no Nordeste. A chegada a Região Norte do Brasil. Os voos internacionais para Santiago, Miami e Nova York.

O fundador da Avianca Brasil, José Efromovich, cumprimentou todos os funcionários em solo na chegada a NY

O fundador da Avianca Brasil, José Efromovich, sempre cumprimentava todos os funcionários em solo na chegada a novos destinos

Com estas características e conquistas, como alguma companhia como a Avianca Brasil poderia dar errado no mercado brasileiro? Aliás, como deu tão certo no tempo em que operou no mercado brasileiro? A resposta está devidamente ligada ao nome da empresa cadastrada em seu CNPJ: Oceanair, focada no transporte por táxis aéreos, que nascia em 2002. Em 2010, oito anos depois, abriu espaço para a chegada da Avianca Brasil, com todo o seu respeito mundial por conta do sucesso da já Avianca na América Latina, uma das empresas aéreas mais antigas da história, integrando, na época, o conglomerado colombiano Synergy, do maior acionário Germán Efromovich.

O irmão José Efromovich foi justamente o fundador da Avianca no Brasil e, a partir daí, não parou mais de fazer a companhia crescer e, junto de toda sua equipe, de fazer o convite para cada passageiro vir “se apaixonar”. Foram muitos slots adquiridos, aeronaves arrendadas, lançamento de novos voos nacionais e internacionais, introdução do Wi-Fi, liderança de satisfação de passageiros, bilhete com preços competitivos e a simpatia dos funcionários, que a partir de agora ficam na saudade. Que as companhias que fiquem e as que um dia cheguem ao mercado tenham a responsabilidade de manter o nível da aviação como era nos tempos de ouro da gloriosa Avianca Brasil.

GALERIA:

*Colaborou Anderson Masetto

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