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Redação ME

“Se querem ver o paraíso na terra, venham a Dubrovnik”

Poucas cidades exercem um fascínio tão grande quanto Dubrovnik, na Croácia. Em que outro lugar um vencedor de Nobel de Literatura como George Bernard Shaw, em 1925, acostumado a diversos cenários falaria “Se querem ver o paraíso na terra, venham a Dubrovnik”? Através de um cruzeiro, a primeira vista da cidade é para não esquecer: a Fortaleza Lovrijenac. No verão croata, não há nuvem, assim ela pode mostra-se por inteiro; uma muralha no céu azul que quando o sol bate no Mar Adriático ao redor, fica verde esmeralda.

Ao atracar em seu porto, entre suas ruas de arquitetura medieval – Patrimônio Mundial pela Unesco desde 1979 –, imagino-me com mesma a alegria de um marujo ao sentir o vento em seu rosto ao pisar numa calçada de pedras do século VII com o gosto para novas descobertas. Logo, queria dar uma caminhada, tirar o balanço do mar do corpo. Com alguns passos, grandes descobertas. A mesma que milhares de turistas de todo o mundo devem sentir. Muitos entretidos em fotografar cada detalhe e admirar a beleza local em suas telas digitais. Câmeras ao desbravarem as ruazinhas com diversos monumentos cercados por restaurantes, cafés e lojas.

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Porto de Dubrovnik

 

O turismo bateu recorde nos primeiros sete meses de 2011. Segundo o Ministério de Turismo do país, o número de visitantes aumentou 8% em relação ao mesmo período de 2010. Mais de 6,2 milhões de pessoas admiraram os encantos da cidade. No ano anterior, cerca de 10,6 milhões de pessoas visitaram a Croácia, a maior parte em viagens à costa Adriática nos meses do verão europeu.

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Os telhados Dubrovnik vistos das muralhas

Na minha caminhada pela rua Stradun, detenho-me a detalhes arquitetônicos e históricos. Uma mistura medieval, renascentista e barroca, motivada por séculos de história baseada no comércio marítimo.

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A diversidade arquitetônica da cidade

Dubrovnik, na Idade Média foi a capital da República de Ragusa, a única cidade-estado no Adriático oriental a rivalizar com Veneza, atingindo o seu apogeu nos séculos XV e XVI. Em 1991 foi cercada e bombardeada por forças militares da Sérvia e Montenegro na sequência da fragmentação da Iugoslávia, o que provocou grandes estragos não mais percebidos. Assim, eu parei na Fonte Grande de Onofrio – obra da primeira metade do século XV do arquiteto de mesmo nome – que faz parte do sistema de abastecimento de água. De uma maneira estranha, como se estivesse medindo os seus 16 lados, caminhava lado a lado como que com uma régua invisível sem saber o que estava por vir.

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Fonte Grande de Onofrio

 

Seguindo pela Stradun, a via principal, na outra ponta fica a Igreja da Cidade Antiga, dedicada ao padroeiro da cidade, São Brás ou Sveti Vlaho. A Igreja de São Brás foi construída no século XVIII. Os vitrais são bem bonitos e é possível visitar de graça e ver os tesouros e relíquias de São Brás. Por ali, no valor de 70 HRK, moeda da Croácia, cerca de 10 euros, numa lojinha bem em frente à Fonte Grande de Onofrio, vende-se o ticket para a Fortaleza Minčeta.

 

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Rua Stradun

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Igreja de São Brás

 

Bem do lado da Igreja, tem um corredor que dá acesso a Farmácia Medieval ou Stara Ljekarna que é a farmácia mais antiga do mundo, fundada em 1317, ainda esta em atividade. A poucos passos fica a Coluna ou Pilar de Orlando. Esse monumento tem história, pois era ali que o governo proclamava seus decretos e, além disso, servia como palco das punições públicas.

Sabe aquela cidade pequena em que se tem a sensação de já ter visto tudo, mas de repente percebe-se que ainda há muito para ver? Atravessei toda a rua Stradun e caminhei até a entrada ocidental da Muralha da Fortaleza Minčeta, a Porta de Pile. Uma ponte dois arcos góticos, também construída no século XV. Esta ponte desembocava numa ponte levadiça de madeira que era içada todas as noites. No alto está uma estátua de São Brás.

 

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A Porta de Pile

 

Nossa mente hollywoodiana viciada faz com que tenhamos dificuldade em entender o que o mundo tem de melhor: a natureza. Lá percebi que George Bernard Shaw tinha razão. Os cartões postais estão para todos os lados.

A muralha demorou anos pra ficar pronta, no início foi toda construída com madeira e durante os séculos XII até o XVII, a madeira foi substituída por pedra de Brac oriundas da ilha da Dalmácia. O contraste branco com a beleza do mar dá uma combinação perfeita para registros fotográficos.

 

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Muralha da Fortaleza Minčeta

A altura chega aos 25 metros nas partes mais altas e a espessura varia entre 4 e 6 metros nas partes viradas para terra, sendo sensivelmente mais finas nas partes viradas para o mar. Existem 5 bastiões, 3 torres circulares, 12 torres retangulares e 1 grande fortaleza. A seção exterior tem um muro mais baixo e dez bastiões semicirculares. Um fosso corria ao longo da seção exterior.

Nessa cidade histórica, é impossível falar dos seus encantos sem viajar no tempo. Para cada lado que se olhe o passado salta, pedindo espaço na atenção do visitante. Que fazer se não se entregar a caminhada e sua beleza?

 

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O contraste da Fortaleza com o azul do mar

 

A primeira Fortaleza é a Bokar, que foi construída para proteger a porta ocidental da cidade. Tem uma torre redonda e é considerada a Fortaleza mais antiga da Europa construída no estilo Casamata. A seguinte é a de St John que servia para defender o porto da cidade e também dos ataques marítimos da República de Veneza. Dessa Fortaleza da pra ver várias ilhas do litoral Croata, e a mais próxima é a ilha de Lokrum, isso sem contar nas fotos que da pra tirar dali, com a ilha, o Mar Adriático e da Fortaleza de St Lawrence.

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A fortaleza do Ravelin

 

A Fortaleza Revelin é a mais simples de todas e foi construída para também proteger o porto e a Porta de Ploce das invasões de turcos e bósnios. Tem um terraço enorme, e no verão ocorrem vários espetáculos teatrais e musicais. O trajeto entre as Fortalezas Revelin e Minčeta é um dos melhores lugares para bater foto do teto das casinhas e do pôr do sol.

 

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Pôr do sol no Mar Adriático

 

Após essa caminhada ao longo da Muralha da Fortaleza Minčeta, ao cair da tarde, quando o calor amaina e uma brisa sopra, percebe-se que ainda há muito a conhecer. Desta vez, a gastronomia croata. A poucos metros do Adriático estão diversos restaurantes. Nada melhor do que degustar a variada oferta do mar, que inclui lagosta da ilha Dálmata de Vis. Outra boa pedida é o presunto da Dalmácia ou comer uma boa massa. Ainda mais instigante é provar nos tradicionais bares de tapas e petiscos, os chamados Konobas, com uma cerveja local. Em Dubrovnik, beba como os croatas.

 

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Nada melhor do que saborear a gastronomia com uma vista dessa

Na Croácia, não há frescuras com relação a beber na rua, como em outros países. Pode-se muito bem circular com latinhas ou copos de cerveja sem ser incomodado pela polícia. Então aproveite. A cerveja croata, a Karlovacko, com 5,4% de álcool, tem gosto leve, perfeito para os dias de praia. A Niksicko, de Montenegro, pode ser a saideira. Com teor alcoólico de 5,0%, a cerveja é refrescante, com um leve gosto amargo. Aproveite a oportunidade para sentar e ver Dubrovnik, apreciar a beleza das pessoas, principalmente, do leste europeu.

Apesar da vontade de ficar ali sentado, o mercado local, o Gruž Market, que fica na cidade velha, na Gunduliceva Square, também pede uma visita. Ele oferece uma grande variedade de produtos: azeites, vinhos, rakija (bebida local), lavanda, geleias, conservas, frutas secas, e tantas outras delícias da região. Os produtos são de primeira linha, e suas embalagens muito atraentes. Visitar mercados locais é uma experiência imperdível, oportunidade única de vivenciar uma cidade.

 

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Diversos bares na Rua Stradun

 

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Laško, hoje a maior cervejaria eslovena, também é uma boa opção

 

Tempo, no entanto, é essencial para apreciar com calma tudo o que Dubrovnik oferece. Abre a possibilidade de fazer passeios pelas ilhas próximas, com paradas em praias. Os contrastes de novo e velho, passado e presente, não são clichês. É notável o esforço para resgatar o que se perdeu em guerras ou desastres naturais.

A Guerra da Iugoslávia ainda é uma lembrança recente e dolorosa, mas, no entanto, Dubrovnik se orgulha de nunca ter sido dominada, façanha rara em se tratando de Europa. Sérvios, nazistas, otomanos e venezianos bem que tentaram, mas no máximo deixaram foi influência cultural.

 

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Marcas da Guerra da Iugoslávia

 

A impressão que se tem ao visitar Dubrovnik é que se está em um daqueles filmes de época. O que faz dela um dos destinos turísticos mais concorridos do Mar Adriático, um porto marítimo e a cidade mais importante do condado de Dubrovnik-Neretva por sua beleza e história.

 

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"Deliciar-se com sua beleza e história é sem dúvida inesquecível"

 Rafael Massadar

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