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Empregos / Serviços / Turismo em Dados

Temos vagas: escassez de mão de obra coloca avanço do setor de Turismo em risco

Programa que premia funcionários de empresas de turismo e agências de viagem terá vigência de outubro a dezembro

Uma nova pesquisa da WTTC revelou que a escassez de mão de obra na Europa estaria colocando a recuperação do turismo em risco

Que a pandemia prejudicou o setor de Turismo de forma jamais vista, todos sabemos. Mas as consequências foram muito além do que apenas problemas econômicos, que fizeram com que o setor deixasse de arrecadar R$ 474 bilhões apenas no Brasil. Contudo, um outro grande problema foram as demissões em massa que aconteceram nas empresas, que agora causam um problema imenso para o setor: hoje, sobram vagas e faltam profissionais.

Isso porque muitos destes funcionários acabaram migrando para outros setores da economia para sobreviver. E boa parte deles, não devem retornar.

Uma nova pesquisa da WTTC revelou que a escassez de mão de obra na Europa estaria colocando a recuperação do turismo em risco, com a falta de profissionais competentes prejudicando a evolução do setor. Apesar do estudo focar na Europa, sabemos que isso vem acontecendo em todo o mundo. Nos Estados Unidos, a falta de profissionais também preocupa. A previsão é de que 412 mil vagas de emprego permaneçam sem ocupação neste ano, o que destaca a crise de falta de profissionais que assola o setor desde o início de 2021.

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No Brasil, a situação é parecida. Apesar das taxas de desempregos do País ficar entre as maiores do mundo em 2022, de acordo com as projeções do último relatório do FMI, o Turismo sofre para conseguir recuperar funcionários para as vagas nesta retomada.

A WTTC também destacou algumas soluções possíveis para atrair mais profissionais ao setor

A WTTC também destacou algumas soluções possíveis para atrair mais profissionais ao setor

Para Gervasio Tanabe, diretor executivo da Abracorp, este é um assunto bastante ampla. “O primeiro ponto é que as pessoas que perderam emprego, perderam porque foram forçadas – principalmente no turismo – agências, hotelaria, restaurantes, todas se ressentiram na queda brusca de vendas e tiveram que demitir. Não havia trabalho. Já sabemos a complexidade que a lei trabalhista é neste País. Para evitar problemas lá na frente, a opção mais viável naquele momento era processar demissão”, explicou.

“Do outro lado, aquele que foi demitido, passou por momento difíceis. Estes profissionais tinham que sobreviver. Por isso partiram para jornadas próprias. A quantidade de CNPJs abertos nestes últimos anos ultrapassou recordes. É natural que ele não queira voltar a ser empregado. Ele experimentou uma autonomia. É o que estamos enfrentando agora”, completou Tanabe.

Gervasio Tanabe, da Abracorp

Gervasio Tanabe, da Abracorp

O diretor executivo ressalta, no entanto, que este problema não é exclusivo do setor. “Todos os segmento do turismo e o todas as indústrias do País estão enfrentando isso. Mas o turismo tem uma qualificação acima da média. É muito natural que este cara veja uma outra alternativa no empreendedorismo. Acredito que teremos uma pequena inflação de salário – justamente pra tentar convencer o cara a voltar ao setor”, aposta Tanabe.

A solução parece ser fácil, mas a conta não fecha!

Para Gervasio, o grande problema é que o consumidor do serviço turístico não está percebendo que as coisas aumentaram e está se recusando a pagar mais. “Vivemos uma nova realidade de custos e o cliente tá muito resistente a encarrar isso. O faturamento sobe mas o resultado da agências ainda patina”, explicou.

Mariana Aldrigui, professora e pesquisadora de Turismo da USP

Mariana Aldrigui, professora e pesquisadora de Turismo da USP

A professora e pesquisadora da USP, Mariana Aldrigui, também presidente da Fecomercio-SP, reforça o discurso de Tanabe e acredita que o salário compatível com as exigências é o caminho para solucionar o problema. “Tivemos um grupo grande de pessoas relativamente qualificadas que se viram desligadas e procuraram uma recolocação, e que não voltarão para o setor, pois não se viram reconhecidas previamente e hoje acreditam que não vale a pena. E cabe destacar, que exige-se uma qualificação elevadíssima nos processos seletivos e uma remuneração em nada adequada para estas exigências. Ou exige e paga pelo que tá exigindo, ou abaixa a exigência”, afirmou.

“Ou exige e paga pelo que tá exigindo, ou abaixa a exigência”

Segundo Aldrigui, no entanto, no Brasil o cenário não deve se agravar. A sobra de vagas não deve permanecer por muito tempo devido a alta taxa de desemprego. O que tende a mudar é o perfil destes trabalhadores.

“Não acho que as coisas vão piorar mas enquanto outras áreas aceleram e remuneram bem porque reconhecem o que é o seu bem mais precioso, a nossa não faz isso. Nós carecemos de uma compreensão de como a área é enxergada pelo profissional do futuro. O que veremos é uma mudança necessária – e por conta da questão econômica, veremos uma mudança do perfil de quem vai trabalhar na área”, explicou.

“A área vai perder muitos profissionais que investiram na formação e vai passar a ter especialmente a mão de obra com o ensino médio completo – isso não é ruim mas é uma mudança no perfil e que muda também a produtividade. No Brasil, ao contrário de situação na Europa, não corremos o risco de ficar sem empregados pois temos uma taxa alta de desemprego e muita gente disposta a trabalhar, mas os contratantes devem aceitar pessoas menos capacitadas com remuneração mais baixas ou aumentar a remuneração dos profissionais que se qualificaram”, finalizou Mariana.

Para ler a matéria completa, clique aqui e acesse a edição 433 do M&E.

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