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Aviação

RETROSPECTIVA 2019: O ano da aviação – Parte 3

Retrospectiva 2019

Se o ano da aviação comercial brasileira fosse definido em apenas uma palavra, esta certamente seria Avianca. Como visto na Parte 1 desta retrospectiva, a recuperação judicial da empresa mexeu com todo o cenário e gerou uma série de ações e reações. Usando este mesmo exercício de uma palavra para definir o ano da aviação comercial, mas agora em escala global, a palavra escolhida, sem nenhuma dúvida, seria MAX.

Leia também:
O ano da aviação – Parte 1
O ano da aviação – Parte 2

Dois acidentes em menos de seis meses colocaram em xeque a aeronave mais encomendada da história da aviação, o B737 MAX, e, por consequência, sua fabricante, a Boeing. Em janeiro, no entanto, o cenário era bem diferente. Mesmo com o acidente ocorrido com o voo da Lion Air, que vitimou 189 pessoas, em outubro de 2018, na Indonésia, a Boeing comemorava a liderança no número de encomendas, ultrapassando a Airbus após cinco anos.

Além do sucesso do B787 Dreamliner,  as encomendas do B737 MAX foram as grandes responsáveis pelas boas perspectivas da empresa. O B737 MAX 8, que surgiu como uma resposta ao A320neo da Airbus para voos de média distância, tinha registrado, até o início deste ano, mais de 4,5 mil encomendas de 100 diferentes companhias aéreas. O saldo, após o auge da crise, é de 371 aeronaves não entregues e um prejuízo que chegará a US$ 8 bilhões.

ACIDENTE E SEUS EFEITOS

O destino do modelo, e da Boeing mudaram radicalmente em 10 de março, quando o voo ET 302 da Ethiopian Airlines caiu minutos após a decolagem, matando 157 pessoas. O segundo acidente do modelo em um curto período de tempo desencadeou um série de dúvidas sobre a sua segurança e a suspensão de suas operações.

Dezenas de países proibiram a aeronave em seu espaço aéreo, até que a Agência Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA, na sigla em inglês), após alguma resistência, enfim anunciou a suspensão de voos em todo o mundo, após uma ordem do presidente Donald Trump. A suspensão de voos com o MAX afetou mais de 60 companhias, incluindo gigantes como Aerolíneas Argentinas, American Airlines, Copa, Qatar, Turkish e United.

737Max; Boeing, Seattle, Renton, 737MAX First Flight, Airplane 1A001; K66500-04; Air to Air

Primeiro voo de um 737Max 8; em Seattle.

No Brasil, a empresa afetada foi a Gol, que suspendeu a operação de sete aeronaves 737 MAX 8, responsáveis pelas rotas internacionais da companhia para Caribe, Estados Unidos e países da América do Sul. A companhia tem ainda com outros 135 aviões do modelo encomendados. Com a suspensão da aeronave, uma grande aposta da aérea brasileira, os voos internacionais para EUA e Caribe passaram a contar com uma parada, aumentando o custo operacional.

Investigações apontaram que os acidentes foram causado por uma falha no software de controle conhecido como MCAS (Maneuvering Characteristics Augmentation Software) Os pilotos utilizavam o sistema para evitar a estagnação da aeronave, e interruptores elétricos usados para tentar para elevar o bico, mas, uma vez ativado, o sistema empurrou o equipamento para baixo.

A partir daí, a Boeing iniciou uma corrida contra o tempo, anunciando a atualização do software, treinamentos de pilotos e a busca por certificação em todas as agências reguladoras do mundo. Neste período foi registrada a icônica imagem de dezenas de aviões ocupando o estacionamento da fábrica da Boeing, em Washington. Apesar do trabalho concentrado, os resultados foram diversas previsões não cumpridas sobre a retomada das operações do 737 MAX e um cenário de incerteza sobre o seu futuro.

Estacionamento da Boeing armazenou aeronaves Max

Estacionamento de carros da Boeing armazenou aeronaves MAX

A busca pela retomada se deparou no início de dezembro com uma revelação surpreendente. Documentos mostraram que a FAA sabia do alto risco da aeronave. Ao analisar a segurança do modelo após o acidente com a Lion Air, a agência apontou para uma sombria possibilidade de 15 acidentes fatais durante a vida útil da frota, que é de 30 a 45 anos, um acidente a cada dois ou três anos. No entanto, permitiu que a aeronave continuasse em operação com os devidos treinamentos.

Dias após a revelação, a Boeing anunciou que suspenderá a produção do 737 MAX a partir de janeiro de 2020. A crise do MAX teve mais um capítulo nesta segunda-feira (23), quando Dennis Muilenburg, anunciou a saída do cargo de CEO da Boeing, atitude que o próprio executivo tinha descartado em abril.

Dennis Muilenburg, CEO da Boeing

Dennis Muilenburg, CEO da Boeing

FIM DO GIGANTE

A crise do MAX acabou deixando em segundo plano outro importante acontecimento entre as fabricantes. Em fevereiro, a Airbus anunciou o fim da produção do superjumbo A380, maior avião de passageiros do mundo em serviço atualmente. A decisão aconteceu após doze anos de um projeto que trouxe uma grande repercussão para a fabricante, mas que nunca conquistou totalmente as companhias aéreas.

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Fim da produção foi anunciada em fevereiro.

A produção terminará em 2021, após a entrega do pedido de 14 aeronaves, encomendados pela Emirates. Em comunicado, a Airbus informou que a decisão foi tomada devido à falta de pedidos do modelo por parte de outras companhias aéreas.

O projeto enfrentou dificuldades desde o começo, com problemas na produção que levaram a um atraso na entrega dos primeiros modelos. Quando o primeiro A380 finalmente decolou mum voo comercial, com a Singapore Airlines em 2007, a crise econômica global já começava a influenciar no setor de viagens. O temor por esta redução fez com que aéreas repensassem a aposta em grandes aeronaves, o que levou clientes a cancelar encomendas.

A companhia aérea global lançou ofertas especiais para explorar destinos globais

Frota de A380 da Emirates. Companhia é a maior cliente do modelo

Mas os olhares para Dubai se mostraram corretos e a Emirates se tornou o grande cliente do modelo, com a encomenda de 160 unidades, um número muito superior ao de qualquer companhia aérea. Porém, a dependência de um único cliente para a manutenção do modelo sempre foi vista como um risco. Prova disso é que a redução da encomenda da Emirates de 20 para 14 aeronaves foi justamente o principal fator a influenciar na decisão de encerrar a produção do modelo.

NOVOS MODELOS

O fim de alguns modelos abriu espaço para outros brilharem. O 787 Dreamliner cresceu na preferência de muitas companhias que operam rotas de longo curso, como Air Europa, United e KLM. A companhia holandesa, inclusive, foi a primeira a receber um 787-10, em julho.

Aeronave E195-E2, último lançamento da Embraer

Aeronave E195-E2, último lançamento da Embraer

Outro modelo que apareceu com destaque em 2019 foi o A330 neo, uma das grande apostas da TAP. No Brasil, a Azul estreou o modelo em junho e já o incorporou à suas rotas internacionais. A Azul também foi pioneira no uso do E195-E2, da Embraer, maior jato comercial já produzido no Brasil. A primeira das 51 aeronaves do modelo que a companhia terá em sua frota foi recebida em setembro.

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