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Hotelaria

RETROSPECTIVA 2021: Hotelaria

Um dos setores de Turismo mais afetados pela Covid-19, a hotelaria viveu momentos delicados em 2021, com a segunda onda da pandemia, cancelamento de datas importantes como o Carnaval, fechamento de hotéis, a falta de incentivo do governo, entre outros fatores que prejudicaram o crescimento do segmento. Contudo, o setor vem apresentando um aumento na ocupação e faturamento nos últimos meses, impulsionado pela retomada. Relembre os momentos mais marcantes do setor hoteleiro em 2021.

Esperança x Incertezas

No início do ano, pesquisas apontavam que as pessoas estavam mais propensas a voltarem a viajar, contudo, o cenário ainda era muito incerto.

No início do ano, pesquisas apontavam que as pessoas estavam mais propensas a voltarem a viajar, contudo, o cenário ainda era muito incerto.

O ano de 2021 começou com muitas incertezas para todos. Mas o setor hoteleiro mantinha uma esperança e acreditava que as coisas caminhavam para um rumo melhor. O relatório Global da Hoteis.com “The 2021 Upgrade” revelou um aumento nas viagens espontâneas para este ano, mesmo ainda em meio a uma série de regras e restrições.

Segundo a pesquisa, em comparação com os tempos pré-pandêmicos, no Brasil, cerca de 38% dos entrevistados afirmaram que reservariam um quarto de hotel melhor, e mais de um terço diria “sim”, sem pensar duas vezes, para um upgrade se oferecido no momento da reserva (35%). Além disso, 28% dos brasileiros afirmam que reservariam espontaneamente um hotel chique para uma estadia no fim de semana e 23% dizem que aproveitariam uma estadia de meio de semana para se hospedar em um bom hotel de sua cidade.

O lado do mercado também demonstrou positividade. Uma outra pesquisa realizada em fevereiro pela Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), revelou que 45% do empresariado avaliavam que os próximos meses promoveriam um crescimento econômico para o segmento.

No mesmo mês, a ABIH-SP revelou um estudo que mostrava que o Estado de São Paulo já tinha 99% dos seus hotéis abertos, com um aumento na ocupação em relação aos últimos meses. O cenário parecia favorável.

Nova onda de Covid-19 atinge o setor

Com a segunda onda da pandemia, os estabelecimentos passaram novamente por um período de restrições.

Com a segunda onda da pandemia, os estabelecimentos passaram novamente por um período de restrições.

Em março de 2021, o Brasil viveu novamente um dos piores momentos da pandemia, com o pico da segunda onda, que acarretou em um novo lockdown em grande parte do País. As medidas de restrições incluíam o cancelamento do Carnaval em diversos destinos brasileiros.

O feriado é uma das datas mais importantes para a hotelaria nacional. Cerca de 58% dos empresários avaliaram que teriam menos de 50% de ocupação durante a semana do feriado, segundo dados da FBHA, que estimou ainda queda de faturamento para 87% da hotelaria brasileira.

“A luta que estamos travando hoje é para sobreviver em 2021, sem praticamente nenhuma receita desde o ano passado” – Manoel Linhares, presidente da ABIH Nacional.

Porta-vozes da hotelaria de São Paulo também divulgaram um comunicado informando que empresários e colaboradores da hotelaria paulista pediam socorro após o governo do estado decretar novamente uma fase emergencial, que iria vigorar até o dia 11 de abril. No ano de 2020, cerca de 27 empreendimentos hoteleiros já haviam fechado suas portas somente na capital.

As associações propuseram ações que minimizassem o impacto da queda drástica nas taxas de ocupação, agravada pela fase emergencial de 28 dias, e somada às dívidas. Entre as reivindicações do setor, estavam: Renegociação de contas, urgência na implementação da PL 936, opções de financiamentos e isenção de tributos. Com a situação, já era previsto um cenário de retração entre 4% e 11% no primeiro trimestre desse ano.

Medidas para a recuperação e tendências

Marx Beltrão Deputado Federal e Presidente da Frentur recebeu com urgência pleitos da hotelaria.

Marx Beltrão Deputado Federal e Presidente da Frentur recebeu com urgência pleitos da hotelaria.

O deputado federal Marx Beltrão, ex-ministro do turismo e recém-eleito presidente da Frentur – Frente Parlamentar Mista em Defesa do Turismo, se reuniu em abril com a hotelaria independente do país, representada pela ABIH Nacional e pelas ABIH’s estaduais. O objetivo do encontro era entender, para posteriormente dar andamento, aos pleitos mais urgentes levantados pelos empreendedores da hotelaria.

A necessidade de inovar em meio a crise também se destacou neste período. Alguns hotéis aproveitaram a pausa de atividades para realizar reformas em seus empreendimentos, como foi o caso do Tauá Grande Hotel Thermas de Araxá.

Por parte dos hóspedes, também houve uma mudança forte na forma de consumo. Muitos clientes acabaram por recorrer ao aluguel de casas de férias, acarretando em um crescimento da modalidade. Contudo, a mudança não agradou muito o setor.

Em abril, a 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, por maioria dos votos, que os proprietários de imóveis estariam impedidos de ofertar locação por meio de plataformas digitais, como o Airbnb, caso a convenção do condomínio preveja a destinação residencial das unidades. Isso porque a atividade se caracteriza como um contrato atípico de hospedagem, por não possuir regulamentações específicas oferecida por meios de hospedagem.

Para recuperar os clientes, alguns hotéis apostaram na garantia da segurança do hóspede e de seus colaboradores, com a adoção do “Selos Turismo Responsável, Limpo e Seguro” emitidos pelo Ministério do Turismo para prestadores de serviços e guias de turismo em todo o país. Outros hotéis revolucionaram seus serviços e adicionaram pacotes promocionais long stay, room office e investimentos em tecnologia e sustentabilidade. 

Todos os esforços adotados tiveram o mesmo objetivo: melhorar a experiência do cliente. E um outro segmento que ganhou força nos últimos anos é o Turismo de Experiência, que também conquistou um espaço na hotelaria. Alguns exemplos disso são a inauguração do hotel Buona Vitta, novo resort em Gramado inspirado na região da Toscana,  e o anúncio da construção do Castelos do Vale Resorts, o primeiro resort do Brasil que será localizado dentro de uma vinícola.  

Aberturas e fechamentos

Um dos momentos mais marcantes para a hotelaria em 2021 foi o fechamento do icônico Maksoud Plaza, um dos mais tradicionais hotéis da capital paulista.

Um dos momentos mais marcantes para a hotelaria em 2021 foi o fechamento do icônico Maksoud Plaza, um dos mais tradicionais hotéis da capital paulista.

O ano de 2021 também foi marcado pela abertura e fechamento de grandes empreendimentos hoteleiros no mundo todo, bem como anúncios de construção e chegada de novas marcas no País. Em agosto, a rede Enjoy inaugurou o maior resort do Brasil em número de quartos, com mil suítes no interior de São Paulo, na cidade de Olímpia. Em maio, a estância turística localizada a 448 quilômetros de São Paulo, já havia se tornado a segunda maior cidade do Estado em número de leitos.

Por outro lado, um dos mais icônicos empreendimentos do estado e o primeiro hotel cinco estrelas da cidade de São Paulo, o Maksoud Plaza fechou suas portas após 42 anos de funcionamento.

Já o Copacabana Palace (RJ), hotel brasileiro mais bem colocado no Condé Nast Traveler 2021, anunciou a reabertura do seu teatro após 27 anos. E por falar em hotéis premiados, o Colline de France, que abriu em 2018, em Gramado (RS), foi eleito o melhor do mundo no Travellers’ Choice 2021, enquanto o Palácio Tangará se tornou o primeiro hotel no Brasil a ganhar selo da Forbes Travel Guide. 

Atualmente, o Brasil tem 147 hotéis em construção, com investimento de R$ 6,5 bilhões. Para os próximos anos, marcas como Hilton e Marriott também anunciaram novas marcas e unidades no Brasil. A Marriott ainda revelou que pretende inaugurar 30 hotéis de luxo em 2022, entre as marcas The Ritz-Carlton, Ritz-Carlton Reserve, W, St. Regis, The Luxury Collection, Edition, JW Marriott e Bvlgari. No último dia 1º de dezembro, a marca inaugurou o Bvlgari Hotel Paris.

A Leading Hotels inaugurou 12 novos hotéis ao redor do mundo em 2021. Enquanto isso, a Accor celebrou neste mês, a marca de 400 hotéis na América do Sul, com a inauguração do Sofitel Barú Calablanca Beach Resort, na Colômbia.

A região Sul dos Estados Unidos também ganhou novos hotéis focados no turismo de luxo. Já o Catar, país sede da próxima Copa do Mundo da FIFA, contará com um incremento de 105 novos hotéis para receber o evento esportivo. 

Contudo, o verdadeiro destaque fica para a abertura do primeiro hotel Kempinski da América do Sul, que ficará localizado em Canela (RS) e tem previsão de inauguração também para 2022.

Balanço geral e cenário atual

De um modo geral, pode se dizer que a hotelaria passou por altos e baixos mas tem triunfado no último semestre.

De um modo geral, pode se dizer que a hotelaria passou por altos e baixos mas tem triunfado no último semestre.

Em um balanço geral, 2021 foi um ano de altos e baixos para a hotelaria e para o Turismo como um todo, que tem se mostrado por diversas vezes, muito resiliente. Apesar do índice de atividade turística ter caído 23,5% no período março-abril, no Brasil, motivados pela segunda onda, de acordo com dados disponibilizados em novembro pelo IBGE, a atividade turística acumulou alta de 49% em 2021.

Na hotelaria nacional, a retomada tem sido gradual e rápida, principalmente neste segundo semestre, com um mercado bem aquecido e aumento no número de vendas e ocupação, principalmente após black friday e impulsionado pelas festas de fim de ano. Segundo a Resorts Brasil, por exemplo, o TrevPor (Receita operacional por quarto) já supera números de 2019.

A Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA) divulgou um levantamento sobre a expectativa do empresariado dos setores de hospedagem e gastronomia do país em relação ao movimento deste fim de ano. 61% dos entrevistados esperam um crescimento no faturamento, em relação ao ano passado.

O momento agora é de recuperar os prejuízos perdidos. Para que os bons índices se mantenham, diversas entidades e importante figuras da hotelaria nacional defendem o aumento da diária média e de melhorias para o setor.

“A diária média tem que subir e a ocupação tem que continuar subindo. A nossa luta continua” – Ricardo Roman, presidente da ABIH-SP.

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